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Por que EcoSport ficou inviável no Brasil e continua à venda na Argentina

Projetado no Brasil, EcoSport foi lançado em 2003, inaugurando a categoria de SUVs compactos; modelo segue à venda na Argentina, importado da Índia - Divulgação
Projetado no Brasil, EcoSport foi lançado em 2003, inaugurando a categoria de SUVs compactos; modelo segue à venda na Argentina, importado da Índia
Imagem: Divulgação

José Antonio Leme

do UOL, em São Paulo (SP)

09/09/2021 04h00Atualizada em 09/09/2021 18h11

A Ford parou de fabricar veículos no Brasil em janeiro deste ano. Com isso, demos adeus poucos meses depois à família Ka e ao EcoSport, SUV compacto que deu início à categoria que hoje bomba nas ruas brasileiras, nascido e criado aqui.

Apesar disso, nossos vizinhos argentinos continuam a ter o pequeno SUV no respectivo mercado. De acordo com entrevista de Daniel Justo, novo CEO da Ford no Brasil, para o jornal "Folha de S.Paulo" isso acontece porque a divisão argentina precisa cumprir contratos já firmados de consórcio do veículo.

Para isso, o Eco vendido na Argentina deixou de ser importado do Brasil para ser trazido da Índia, onde também é produzido o Ka, com o nome Figo, para suprir esse restante de demanda já programada no país portenho. A produção do EcoSport e dos demais modelos da Ford no país asiático, inclusive, será interrompida ainda em 2021, conforme a oval azul anunciou hoje.

Hoje, o EcoSport sai das plantas de Chennai, na Índia, para abastecer o mercado local, bem como a América do Norte e Argentina. O SUV também é feito na Romênia para atender o mercado europeu. Além de continuar sendo produzido e vendido em outros mercados, o Eco indiano terá uma reestilização que já está rodando camuflada no país asiático.

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Se o utilitário esportivo continua a ser produzido lá fora e vendido em alguns países, inclusive Estados Unidos, Inglaterra e Argentina, por que não oferecê-lo aqui da mesma maneira?

Vale lembrar que a justificativa da Ford para o fim das operações nacionais de manufatura se deve ao fato de que, segundo a companhia, produzir veículos no Brasil não estava compensando e a filial brasileira operava no vermelho. Por meio de comunicado, a Ford chegou a falar em "perdas significativas desde a crise de 2013", o que a transformou em importadora atualmente.

O principal motivo para a Ford não dar uma segunda chance ao Ecosport no Brasil, mesmo sendo importado, é o custo, incluindo o acréscimo da tributação.

Seria inviável trazer um compacto que teria de custar entre R$ 100 mil e R$ 150 mil para brigar com rivais do segmento fabricados aqui.

A questão tributária interfere bastante na importação de carros. Como exemplo, alguns anos atrás, para a Fiat do Chile era mais vantajoso importar o Punto da Itália do que enviar o modelo do Brasil para aquele mercado.

De acordo com o sócio da ADK Automotive Paulo Roberto Garbossa, a Ford também mudou de estratégia. "A empresa está apostando agora em um segmento de maior valor agregado, que também tem maior valor de ticket médio", diz.

Como exemplos da mudança de estratégia da Ford estão o Bronco Sport que custa mais de R$ 250 mil, brigando com os modelos mais caros e alguns de luxo do segmento de SUV médios e o Territory que está na casa dos R$ 180 mil.

"É vender menos, mas vender com lucro", diz uma outra fonte consultada que preferiu não se identificar.

Ecosport poderia ter tido 3ª geração nacional

Apesar do fim do modelo aqui no Brasil e da confirmação da Ford de que não pretende voltar a oferecê-lo, a filial brasileira da montadora trabalhava em uma nova geração SUV compacto, a terceira, quando veio a ordem da matriz para encerar a produção nacional.

O novo EcoSport estava sendo desenvolvido e chegou a ser confirmado para a rede de concessionários em uma reunião.

A marca tem outros modelos de dimensões semelhantes, mas com projetos mais caros e tecnológicos, como são os casos do Puma e do Kuga, projetos para a Europa sobre a plataforma do novo Fiesta.

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