Item de luxo? Por que carros mais vendidos do Brasil já custam R$ 100 mil
O mês de setembro ainda não acabou, mas os números parciais já mostram um fenômeno que deve permanecer por algum tempo. Entre os cinco carros mais vendidos do País, três deles estão na casa dos R$ 100 mil.
Na tabela do top 5, com a parcial do mês até a data de ontem (27), o Jeep Compass é o segundo carro mais vendido do mês, seguido da Fiat Toro em terceiro e Volkswagen T-Cross na quinta posição.
Fecham o quinteto o Hyundai HB20 no topo e a Fiat Strada na quarta posição. Os dados são da Fenabrave - federação que reúne as revendas de carros, motos e comerciais de todo o Brasil.
O Jeep Compass começa em R$ 151.881 na versão Sport com motor 1.3 turboflex e câmbio automático de seis marchas.
A Fiat Toro parte de R$ 123.990 na Endurance 1.8, que é para venda direta. Na versão Endurance 1.3 turboflex, também vendida para pessoa física, o valor da picape é de R$ 128.990 e o trem de força é o mesmo usado no Compass.
O VW T-Cross é o único que parte um pouco abaixo dos R$ 100 mil, R$ 96.290 na versão Sense TSI, mas no preço para o Brasil - valor em São Paulo é maior.
O que justifica essa mudança abrupta no topo da tabela foi uma conjunção de fatores que não acontece sempre. Pandemia, falta de crédito e insegurança.
Em tempos pandêmicos, um dos temas centrais da cadeia da indústria automotiva tem sido a falta de componentes e de semicondutores. Recentemente, Toyota, Renault, Volkswagen e Hyundai interromperam a produção de suas fábricas. Entre o ano passado e o primeiro semestre de 2021, estas e outras montadoras já tinham parado pelos mesmos motivos.
Com essa falta, os fabricantes fizeram a escolha de dedicar seus esforços e componentes para os modelos que tem maior valor agregado e, consequentemente, maior valor de venda e margem de lucro - SUVs compactos e médios, além de picapes como a Toro.
De acordo com o diretor da ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa, essa escolha das montadoras leva também a atingir as outras questões citadas acima.
"Como a pandemia atingiu mais a parte da população com renda baixa, que muitas vezes financia a maior parte ou o carro todo, sendo sempre os modelos de entrada, é nessa parte que as vendas caíram mais", diz.
Segundo o especialista, a falta de crédito atinge menos o cliente que está em uma faixa de renda na casa dos R$ 10 mil, que é o consumidor que consegue partir para os modelos que começam na casa dos R$ 100 mil. Esse consumidor já tem um carro de valor maior que consegue vender ou colocar na troca pelo novo.
"A insegurança desse consumidor de carros compactos, que não tem opções, vê os modelos cada vez mais caros sem que seu poder de compra tenha acompanhado os aumentos, o afasta da compra", completa Garbossa.
Vale lembrar que mesmo Fiat Mobi e Renault Kwid, menores carros do mercado, atualmente começam acima dos R$ 50 mil. Já modelos um pouco maiores e modernos, como Hyundai HB20, Volkswagen Gol e Chevrolet Onix, já superam os R$ 60 mil.
Além disso, Garbossa reforça outra questão do consumidor que está com poder de compra.
"Esse consumidor, pré-pandemia, gastava o dinheiro com outras coisas: lazer, viagem, sair para comer fora, coisas que não estavam possíveis nesse período. Assim, ele acabou aproveitando para investir na troca ou em um carro novo de maior valor agregado", finaliza.
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