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Combustível caro? Por que usar gás de cozinha no carro é opção ainda pior

Isaac Urrutia/Reuters
Imagem: Isaac Urrutia/Reuters

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo

30/09/2021 04h00

Com o aumento do preço do combustível, seja o etanol, gasolina ou diesel, as pessoas tem tomado decisões pouco sábias para tentar economizar. Uma delas é o uso e instalação clandestina de botijões de gás de cozinha para fazer o carro funcionar.

Apesar de ser proibido pela resolução 673 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que diz que utilizar gás de cozinha, ou gás liquefeito de petróleo (GLP), em automóveis é infração grave (5 pontos na CNH + R$ 195,23 e apreensão do veículo), algumas pessoas correm o risco.

Em plataformas de comércio eletrônico, o kit para conversão de automóveis é vendido por valores que variam de cerca de R$ 500 a R$ 1 mil

Além dos perigos de explosão, já que o sistema de adaptação de botijão dentro do carro e para o motor funcionar é todo artesanal, chegando a usar até peças para uma empilhadeira, você pode detonar diversos componentes do seu carro.

Os carros podem ser adequados para trabalhar com GNV (Gás Natural Veicular), que é diferente do gás de cozinha (GLP). Sendo assim, a primeira questão está no fato de que nenhum motor é preparado para trabalhar com esse tipo de gás.

Uma das coisas que mais sofrem são as velas e cabos de ignição, que tem a vida útil reduzida pela metade segundo especialistas. Estamos falando de cair de um período de 30 mil km para 15 mil km.

Já o cabeçote pode trincar. Como o motor trabalhará com uma pressão não especificada e completamente sem padrão, isso pode causar trincas no componente. Isso pode acontecer também com kits de gás GNV mal instalados.

A falta de lubrificação, por ser um combustível "seco", pode causar problemas nas válvulas, chegando ao travamento. Além disso, a pressão não controlada provoca defeitos na abertura delas.

Como um motor a gasolina ou flex não foi feito para trabalhar com a taxa de compressão do gás, você perderá potência e forçará mais o motor para ter o rendimento próximo do ideal, o que acelerará a troca de peças de desgaste.

Como as adaptações são feitas já com o bujão de gás de cozinha, além de perder espaço no porta-malas ou caçamba, a necessidade de fazer uma nova fixação para a peça, faz o carro perder valor com furações não originais em caso de venda.

Vale lembrar que a conversão clandestina de veículos para GLP era uma prática comum no Brasil dos anos 1980, particularmente nas periferias, mesmo sendo proibida pelo Contran desde 1986. Já a definição do uso como "crime contra a ordem econômica" aconteceu em 1991, em meio à Guerra do Golfo, uma das principais regiões produtoras de petróleo do mundo.

A regularização do uso do GLP em carros, porém, está mais próxima de acontecer. Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei (PL 4217/19) que autoriza o uso do gás de cozinha em motores diversos, incluindo o de veículos, foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em agosto e está pronto para ir à votação em Plenário.

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*Com informações da BBC