Largado, Pajero em que Elize Matsunaga levou corpo aguarda por novo dono
O Mitsubishi Pajero TR4 2010 verde usado por Elize Matsunaga para transportar e deixar os restos mortais do então marido às margens de uma estrada em Cotia, na Grande São Paulo, permanece estacionado no mesmo lugar desde a prisão da técnica de enfermagem, em 2012.
Condenada a 16 anos e três meses de prisão pelo assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Matsunaga, em maio daquele ano, Elize planeja vender o veículo para ajudar a "reerguer" a própria vida, segundo afirma Juliana Fincatti Santoro, sua advogada, em conversa com UOL Carros.
De acordo com Santoro, sua cliente quitou cerca de R$ 12 mil em débitos de IPVA e licenciamento atrasados em 2019, quando progrediu para o regime semiaberto.
Desde então, tem pagado anualmente as despesas administrativas do veículo, parado há mais de nove anos em uma das quatro vagas das duas coberturas onde o casal morava, na Vila Leopoldina, bairro da Zona Oeste da capital paulista. Realmente, hoje o SUV não tem qualquer pendência administrativa ou judicial, como comprova consulta ao site do Detran-SP.
"De fato, a vontade dela é de buscar o veículo e vendê-lo, após colocá-lo em condições de rodar. Como o Pajero está há tanto tempo parado, já não tem mais bateria e terá de passar por uma revisão antes de ser anunciado", explica. O TR4 teria pouco mais de 10 mil km rodados no hodômetro e a advogada informa não dispor de fotos do utilitário esportivo - automático e com tração 4x4, o Mitsubishi tem preço médio de aproximadamente R$ 47 mil na Tabela Fipe.
Ainda conforme Juliana Santoro, o carro é um dos bens que Elize, hoje com 39 anos, manteve após ser presa e condenada, juntamente com objetos pessoais como roupas, joias e sapatos. Uma das coberturas também está registrada no nome da técnica de enfermagem, informa sua advogada, mas a posse do imóvel é contestada pela família do ex-marido.
"O apartamento foi passado a ela por meio de doação, revogada pela Justiça sob a alegação de que Elize atentou contra a vida do marido. Contudo, a decisão não é definitiva e estamos recorrendo", complementa, acrescentando que os dois eram casados em regime de comunhão parcial de bens
Sangue humano no porta-malas
Santoro acredita que a história mórbida que envolve o SUV verde poderá atrair interessados, bem como a baixa quilometragem e o bom estado de conservação.
Contudo, potenciais compradores precisam saber: perícia realizada no TR4 na época do crime constatou que, "no interior do porta-malas do veículo, sobre o carpete de revestimento, foi realizado ensaio com aplicação do reagente Luminol, tendo resultado positivo em seu terço lateral direito. Posteriormente, foi realizado ensaio com o reagente Feca Cult, com resultado positivo para proteína de sangue humano".
Segundo investigações, Elize Matsunaga matou Marcos com um tiro na cabeça dentro da residência do casal no dia 19 de maio durante uma discussão, após ela descobrir que o então marido a estava traindo. Horas mais tarde, dentro do imóvel, ela esquartejou o corpo e acondicionou as partes em sacos plásticos - detalhes do crime são descritos no documentário "Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime", lançado pela Netflix em julho passado e que traz depoimentos da ré.
O assassinato também é abordado pela biografia não autorizada "Elize Matsunaga: a Mulher que Esquartejou o Marido" (Editora Matrix), do jornalista Ullisses Campbell.
Campbell relembra que Elize chegou a ser parada pela Polícia Militar Rodoviária na região de Capão Bonito, a 226 km de São Paulo, enquanto transportava as partes do corpo em três malas dentro do veículo. Um "radar inteligente" instalado na SP-127 havia apontado pouco antes, por meio da leitura das placas, que o TR4 estava com o licenciamento vencido havia cerca de 20 dias.
"A intenção inicial era se desfazer dos pedaços do corpo no Paraná, onde ela nasceu. Depois de ser parada e multada, ela mudou de ideia e retornou em direção à capital, parando antes em Cotia, onde deixou o cadáver", relata Campbell.
O jornalista acrescenta que Elize ganhou o TR4 zero-quilômetro de Marcos Matsunaga, então herdeiro da fabricante de alimentos Yoki, quando os dois ainda namoravam. Os dois se conheceram quando ela ainda trabalhava como garota de programa em São Paulo.
"Marcos deu o Pajero e comprou a cobertura para presentear Elize no dia em que marcaram o casamento. Ele já tinha comprado o mesmo modelo de automóvel para outras prostitutas com as quais se relacionou, inclusive a mulher com quem teve um caso quando já estava casado e foi pivô da briga que culminou no assassinato".
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