Por que VW 'matou' o Fox e manteve veteranos Gol e Voyage em produção
Após 18 anos de produção ininterrupta, o Fox deixou de ser fabricado na semana passada, conforme anúncio oficial da Volkswagen. A despedida aconteceu dois meses antes da previsão publicada em maio pelo colunista de UOL Carros Fernando Calmon, segundo a qual a última unidade do hatch seria montada em dezembro deste ano.
Ao mesmo tempo, três modelos da Volks bem mais veteranos do que o Fox, com o qual dividem mecânica e plataforma, continuam bem vivos: Gol, Voyage e Saveiro. Segundo Calmon antecipou na mesma coluna, o trio sobreviverá da forma como é hoje até janeiro de 2024 e, eventualmente, vai receber apenas atualizações pontuais nesse período.
É verdade que o Fox não passava por mudanças relevantes desde a reestilização de 2014, mas é natural questionar a razão de o compacto sair de linha antes dos irmãos mais velhos - as vendas do hatch "altinho" continuam até acabar o estoque atual de exemplares zero-quilômetro.
Oficialmente, a VW diz que o fim do Fox tem o objetivo de abrir mais espaço para a montagem do T-Cross na unidade de São José dos Pinhais (PR), onde o compacto também era fabricado. A alegação faz todo o sentido, posto que o SUV é mais rentável para a companhia e vende muito mais: de janeiro a setembro, teve 45 mil unidades emplacadas, contra cerca de 16 mil do Fox.
Pouco antes de "matar" o hatch, a montadora já tinha sinalizado que seus modelos mais caros e mais recentes são prioridade.
Diante da falta de componentes eletrônicos que tem afetado as fabricantes de veículos em geral durante a pandemia, a Volks escolheu justamente Fox como primeiro carro da respectiva gama a perder a central multimídia de série - para direcionar o item a carros com maior valor agregado, como o próprio T-Cross.
Em conversa com nossa reportagem, Calmon aponta a escassez de microchips como o provável motivo de a Volkswagen ter antecipado em dois meses o fim da produção do hatch no Paraná.
Chegada do Polo em 2017 foi o início do fim para o Fox
O colunista também pondera que a aposentadoria do Fox já estava delineada desde 2017, quando a atual geração do Polo foi lançada no Brasil.
"Com a chegada do Polo, o Fox foi deixando de fazer sentido como alternativa mais equipada e moderna ao Gol. A retração nas vendas de veículos causada pela pandemia só deixou isso mais evidente: Fox e Gol passaram a ser produtos de entrada muito semelhantes no que se refere à antiguidade do projeto e ao nível de equipamentos".
Entre os dois, foi natural manter o Gol em linha devido à força do respectivo nome: já foi o carro zero-quilômetro mais emplacado do País durante 27 anos consecutivos e ainda tem relevância no mercado: nos primeiros nove meses de 2021, ocupou a décima colocação no ranking geral, com 45.996 exemplares comercializados. Desse total, 66,9% foram de vendas diretas, ao passo que apenas 10% do volume de emplacamentos do Fox no mesmo período correspondem a essa modalidade.
A manutenção do Voyage vai na mesma lógica: dos 17.680 emplacamentos em 2021, 91,8% vieram das vendas diretas. Já a continuidade da Saveiro se justifica pela importância de se manter um representante na pujante categoria de picapes compactas, hoje amplamente dominada pela Fiat Strada.
Já o sucessor do Fox como hatch de entrada, posicionado logo acima do Gol, está em gestação adiantada e chega entre o fim deste ano e o início do ano que vem: trata-se do Polo Track, versão simplificada com visual aventureiro que será fabricada em Taubaté (SP) - de onde já saem Gol e Voyage.
As demais configurações do Polo continuarão sendo produzidas em São Bernardo do Campo, inclusive quando chegar a respectiva reestilização em 2022 - que não deverá ser aplicada no Track. Da fábrica do ABC paulista também saem Virtus, Nivus e Saveiro.
Qual será o destino do Gol?
Essa é uma questão ainda a ser esclarecida.
"A VW pode simplesmente acabar com o Gol e o Voyage daqui a pouco mais de dois anos, sem lançar uma nova geração. Vale lembrar que a dupla, mais Fox, Saveiro e Amarok, hoje são os únicos modelos da marca vendidos no Brasil que não utilizam uma variação da plataforma MQB, presente no Polo, Virtus, Jetta, Nivus, T-Cross, Taos e Tiguan Allspace", analisa Calmon.
Por outro lado, já é sabido que a Volks prepara o lançamento de um SUV subcompacto, a ser posicionado abaixo do Nivus e feito sobre uma simplificação da base MQB. Não será nada surpreendente se esse utilitário esportivo for batizado como... Gol.
A VW já apresentou o protótipo de picape com porte semelhante ao da Fiat Toro e estilo do Taos, batizado como Tarok - por ora, sem previsão de lançamento comercial.
Seria a próxima Saveiro? Especulações sugerem que não: a picape compacta ganharia nova geração, que iria conviver com o modelo maior.
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