Avaliação: VW e-Delivery tem 408 cv, preço de Porsche e 'se paga' em 5 anos
Resumo da notícia
- 1º caminhão elétrico nacional sai por cerca de R$ 800 mil
- e-Delivery tem 408 cv e o dobro de torque de um Porsche Taycan
- Autonomia chega a 250 km na versão com seis módulos de bateria
Carros elétricos ainda são raros nas ruas das grandes cidades do Brasil. Entre os motivos que travam sua popularização está justamente o preço proibitivo da maioria dos veículos, que custam mais de R$ 200 mil. Nem o JAC E-JS1, que é o modelo mais barato do país, escapa da dura realidade: quem quiser levá-lo para casa precisa desembolsar R$ 150 mil.
Nos caminhões elétricos parece ainda pior: o Volkswagen e-Delivery, por exemplo, pode custar até o triplo de um modelo similar movido a combustão. Só que basta fazer as contas para concluir que esse gasto extra pode valer (muito) a pena.
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Segundo a fabricante, a diferença gasta entre um Delivery diesel e o movido a eletricidade é completamente amortizada em cinco anos. E a economia é ainda maior no dia-a-dia.
Parceira da VW nos testes com protótipos, a fabricante de bebidas Ambev rodou mais de 45 mil quilômetros em situações de uso reais na cidade de São Paulo. Os veículos deixaram de emitir mais de 34 toneladas de CO2 e de consumir mais de 10 mil litros de diesel. Resultado: a fabricante de bebidas já manifestou intenção de adquirir 1.600 unidades (o equivalente a 30% da frota) até 2025.
Dobro de um Porsche Taycan
Quem analisar apenas a ficha técnica pode confundir o e-Delivery com um superesportivo. Afinal de contas, são nada menos do que 408 cv vindos do motor elétrico fornecido pela Weg. É praticamente a mesma cavalaria do Volvo XC40 Recharge, um dos SUVs compactos premium mais potentes do segmento.
Se isso não foi suficiente para te impressionar, saiba que o torque (instantâneo como em todo elétrico) é de espantosos 219,2 kgfm. Isso é mais do que o dobro dos 107,1 kgfm entregues pelo Porsche Taycan Turbo S, o carro elétrico mais potente à venda no país.
Mas calma lá porque estamos falando de um veículo feito para o trabalho. O e-Delivery está à venda em versões com peso bruto total de 11 ou 14 toneladas e capacidade de carga de 6.320 kg e 9.055 kg, respectivamente. O caminhão conta ainda com suspensão pneumática para suspender um dos eixos.
Assim que o motorista gira a chave no contato, a bateria aciona o sistema de gerenciamento que envia um comando à central de distribuição, responsável por acionar o inversor de tração do motor elétrico. Ao entrar em ação, o motor envia sua força diretamente ao cardã, que distribui para o eixo trativo. Não existe transmissão: suas rodas giram com a força do motor.
O motor está na parte traseira do caminhão, enquanto as baterias ficam no centro do chassi.
As arrancadas são bem vigorosas para um veículo comercial, embora não impressione tanto quanto em um automóvel de passeio. É bom lembrar, porém, que o e-Delivery é um caminhão - ou seja, não nasceu para empolgar, e sim trabalhar.
Perto das mãos do motorista fica um botão que regula a intensidade do sistema de recuperação de energia. São três modos, sendo que o mais intenso deles é capaz de reaproveitar até 40% da energia desperdiçada nas acelerações. Ao contrário de alguns carros elétricos, o e-Delivery não tem o famigerado sistema de condução com um pedal (conhecido como "one pedal"), em que o motorista consegue frear o veículo apenas tirando o pé do acelerador.
De toda maneira, a autonomia é bem satisfatória. São 250 km na versão com seis módulos de bateria e aproximadamente 110 km se o e-Delivery tiver apenas três módulos. Caso seja plugado em um carregador rápido, o caminhão obtém 80% da carga em apenas 45 minutos.
'Picape GG'
Mesmo assim, dirigi-lo é uma experiência fácil. A direção é leve e a visibilidade é muito boa. Os espelhos retrovisores ajudam a passar por áreas mais estreitas, embora o e-Delivery nem seja tão maior do que uma picape média.
Compare: ele tem 6,30 metros de comprimento e 2,03 metros de largura, sem contar os retrovisores. Já uma VW Amarok possui 5,25 metros de comprimento e 1,94 metro de largura.
Se você conhece os automóveis da VW com certeza reconhecerá algumas peças da cabine do caminhão. Os botões dos vidros elétricos vieram da Amarok, enquanto o botão giratório dos faróis e os comandos do ar-condicionado estiveram em muitos populares da marca.
Já o painel de instrumentos veio de mais longe: é o mesmo da antiga geração do e-Golf, a versão elétrica do hatch que era vendida na Europa. Confortáveis e bonitos, os bancos parecem de um automóvel de passeio. O revestimento nas cores cinza e azul, inclusive, teve inspiração nos antigos modelos 'verdes' da VW, como a finada linha Bluemotion.
E as vendas?
Apesar do preço salgado, não faltam clientes para o e-Delivery. De acordo com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, 200 unidades já foram encomendadas em 90 dias de vendas. Destas, a maior parte delas será destinada à Ambev, mas gigantes de outros setores, como a JBS, também manifestaram interesse em contar com o caminhão elétrico em suas frotas.
Além das virtudes como a emissão zero de poluentes e o menor custo de manutenção, a marca oferece ainda o RIO, pacote de soluções digitais de logística que facilita o gerenciamento de frotas. Quem adquire um e-Delivery também conta com uma modalidade especial de consórcio, na qual o cliente possui assistência desde a montagem até a infraestrutura de recarga e gerenciamento de ciclo de vida da bateria desses caminhões.
Com tudo isso, a VW Caminhões e Ônibus estima que os caminhões elétricos (como o e-Delivery) logo serão presença constante pelas ruas.
"Nós projetamos que pelo menos 15% das frotas urbanas de caminhões sejam elétricos em 2030", declarou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-venda da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
"O mercado está se contagiando com a onda do elétrico - muito mais rápido do que imaginávamos antes do lançamento. Esse já é um fenômeno do nosso dia-a-dia atual", completou.
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