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Gasolina inflacionada: por que encher tanque aumenta consumo de combustível

Reajustes sucessivos incentivam a encher o tanque ao encontrar preço mais em conta, mas prática pode se tornar um tiro no pé - Shutterstock
Reajustes sucessivos incentivam a encher o tanque ao encontrar preço mais em conta, mas prática pode se tornar um tiro no pé Imagem: Shutterstock

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

31/10/2021 04h00

Nesta semana, o preço da gasolina teve mais um reajuste e já acumula alta superior a 70% nas refinarias em 2021. Já existem localidades do Brasil onde o litro do combustível passa de R$ 9.

O diesel e o etanol também estão com o custo elevado, afetando o orçamento de milhões de brasileiros - especialmente aqueles que usam o veículo como fonte de sustento. Hábitos e práticas para reduzir o consumo são bem-vindos, bem como pesquisar postos com valores mais acessíveis.

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Ao encontrar preços atraentes, muitos tratam de encher o tanque. Pois saiba que abastecê-lo até quase transbordar ou rodar constantemente na reserva são hábitos que não fazem bem à saúde do carro e também contribuem para diminuir a autonomia - sem falar do risco de adquirir combustível adulterado.

"Encher o tanque até o bocal danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível. Esse filtro, geralmente localizado próximo ao tanque, é encharcado, perdendo toda sua eficiência", alerta Everton Lopes, mentor em tecnologia e inovação da SAE Brasil.

De acordo com o engenheiro, os vapores que emanam do tanque são altamente tóxicos e poluentes - daí a importância de manter o cânister em bom estado.

A orientação do especialista é parar o abastecimento assim que gatilho for desarmado - o que proporciona nível adequado e seguro.

Mais peso, menos eficiência

Abastecimento bocal tanque de combustível - Shutterstock - Shutterstock
Tanque muito cheio pode danificar cânister e deixa o carro mais pesado, elevando gastos
Imagem: Shutterstock

Além disso, rodar com o tanque preenchido na capacidade máxima reduz a eficiência do veículo.

A explicação é simples: quanto mais peso houver a bordo, maior será a quantidade de combustível necessária para percorrer determinada distância.

"A cada 100 kg, o consumo sobe 6%", informa Lopes.

Parece algo inexpressivo, mas é bom não esquecer que esse desperdício vai se acumulando com o passar do tempo. E o prejuízo também.

Portanto, se você dá valor ao seu dinheiro suado, não vale a pena encher o tanque no circuito urbano - prefira fazê-lo somente em caso de necessidade, como em uma viagem mais longa. E sem pedir "chorinho" ao frentista.

Não é só pane seca

Carro empurrado pane seca - Getty Images - Getty Images
Ficar totalmente sem combustível é apenas um dos riscos de dirigir com tanque na reserva
Imagem: Getty Images

Outro extremo não recomendado por Everton Lopes é deixar o tanque constantemente na reserva - o manual do proprietário de qualquer automóvel também condena a prática.

Além do risco de pane seca, que pode causar danos mecânicos e, inclusive, rende multa de trânsito, o consumo também sobe nessa situação.

"O tanque quase vazio significa mais espaço para vaporização do combustível. A taxa de perda por evaporação, portanto, sobe".

A influência no consumo dificilmente será perceptível no momento, mas cobrará seu preço a médio e longo prazo.

Conforme mencionado acima, o vapor proveniente do tanque traz sérios riscos à saúde.

Tanto que, a partir de 2023, começa a implementação gradual da válvula ORVR em todos os veículos flex e a gasolina vendidos no País. O equipamento bloqueia o retorno desses gases durante o abastecimento e os aproveita na combustão do motor.

Bomba queimada

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Não bastassem o desperdício e a questão ambiental, abusar da reserva pode pesar muito mais no bolso.

"Mesmo filtrado, o combustível fornecido pelo posto traz partículas que vão parar no tanque do veículo e depois ficam depositadas no fundo do reservatório. Com nível muito baixo, essas partículas acabam no filtro de combustível", explica Lopes.

A sujeira acaba entupindo o filtro, causando perda no desempenho e forçando a bomba de combustível, que encontra maior resistência para enviar o líquido ao motor.

"Essa situação crítica sobrecarrega a bomba e causa sua queima. Mesmo se não houver entupimento do filtro, ela é projetada para estar submersa no combustível, integrada ao corpo da boia. Caso fique exposta, acaba superaquecendo e a chance de queima é elevada".

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