Super Opala com motor BMW mostra que céu é o limite para brasileiro
O Chevrolet Opala é um dos carros clássicos mais queridos do Brasil, disponível em versões de quatro ou seis cilindros. Um mecânico de Foz do Iguaçu, no Paraná, resolveu ir muito além da especificação original e criou, na base de muito trabalho e criatividade, aquele que seria o primeiro e único Opala com motor V12 do mundo.
Na profissão desde muito jovem, Marcos Freitas da Cunha começou a consertar motos na própria casa, quando tinha apenas 12 anos de idade. Hoje com 35, ele transformou seu Comodoro 1988 preto em uma espécie de Super Opala, equipado com o motor 5.4 que pertencia a um BMW 750i 1998.
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Capaz de render 326 cv de potência e 49,9 kgfm de toque, o motorzão com bloco de alumínio e injeção eletrônica substituiu a unidade de quatro cilindros carburada original. Cunha conta que o novo "coração" trabalha em harmonia com o câmbio manual de cinco marchas da Toyota Hilux turbodiesel e com o diferencial "emprestado" do Chevrolet Omega 4.1.
"Comprei o Opala em 2015. O carro estava parado em uma funilaria havia quatro anos, todo desmontado e sem pintura. O dono na época tinha desistido de reformá-lo", relembra o mecânico.
Marcos levou dois anos para reconstruir a carroceria do carro, que caracterizou como se fosse um Diplomata, a versão topo de linha. Foi somente a partir daí que ele começou o maior desafio: transplantar o V12 no cofre do motor e fazer tudo funcionar adequadamente - o que demorou mais cerca de quatro meses.
Àquela altura, Cunha já tinha adquirido o veículo doador, que saiu "baratinho", afirma, e pertencia a um cliente. Além do propulsor, o BMW também cedeu os bancos de couro para o projeto do Super Opala.
"Foi bem desafiador, pois pouca gente conhece esse V12. Para minha sorte, ele encaixou perfeitamente em cima do agregado e foi necessário apenas adaptar os suportes dos coxins. O mais difícil foi fazer funcionar o câmbio, que era automático e depois foi trocado pela transmissão da Hilux", explica.
Para gerenciar a injeção de combustível, ele instalou uma central eletrônica da FuelTech, enquanto a suspensão foi mantida quase sem alterações - com exceção das molas, que foram cortadas não para rebaixar a carroceria, mas com o objetivo de compensar o menor peso do motor de 12 cilindros.
De fato, quem vê o carro hoje nem imagina o que existe embaixo do capô, pois a aparência é a do Diplomata original de fábrica. O mecânico tirou até o emblema da BMW do motor, trocado por um logotipo da Chevrolet. O ronco não é tão diferente na comparação com o de um Opala de seis cilindros na especificação de fábrica.
Nada de cadeira elétrica
Para quem imagina que o Opala ficou arisco demais devido à maior potência e virou uma "cadeira elétrica", seu dono diz que não - sem deixar de destacar que, exceto por uma revisão, não houve nenhum tipo de preparação em busca por (ainda) mais performance.
"Uso o carro com frequência sem problemas. Porém, para dirigi-lo, antes é preciso se acostumar. Caso contrário, é fácil de perder a traseira".
Marcos da Cunha ressalta que seu objetivo é apenas curtir seu Super Opala, sem pretensão de participar de arrancadas ou disputas do tipo. Para os críticos de plantão, principalmente os opaleiros mais puristas, que torcem o nariz para mudanças nas especificações originais, ele diz não dar ouvidos.
"Não tenho muito contato com esse pessoal, mas já fiz muitas amizades por causa do meu carro".
Atualmente o mecânico parou o veículo para tirar o motor e dar uma geral na aparência do sedã, pois faltaram detalhes por fazer. Ele ainda planeja em algum momento transferir a mecânica instalada no Comodoro para um Opala de 1970 - seu plano original.
"Mecânica de Opala muita gente tem, mas Opala V12 é difícil de se ver no mundo. Fiz por ousadia e, graças a Deus, deu certo. Esse carro já me trouxe muita alegria, diversão e conhecimento. A experiência que eu ganhei com o projeto valeu muito a pena. Não tem preço que pague".
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