Adeus, Uno: por que Fiat matou seu veterano hatch, mas manteve o Mobi
O Fiat Uno está com os dias contados. A marca italiana anunciou ontem que seu popular hatch, produzido de forma ininterrupta durante 37 anos, sairá de linha no próximo dia 31. Mas o que levou a montadora a tomar esta decisão e manter a fabricação do Mobi, menor, mais barato e o qual compartilha mecânica e componentes estruturais com o 'irmão mais velho'?
Uma das razões é a mudança da legislação provocada pela entrada em vigor do Proconve PL7, logo no início de 2022. As baixas vendas do hatch não justificariam o gasto: de janeiro a novembro de 2021, foram emplacadas apenas 18.960 unidades, contra 59.221 do Mobi, que chegou às concessionárias em abril de 2016.
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Quase a totalidade das vendas do Uno (97,4%) é de vendas diretas, para empresas, ante 48,7% do Mobi. Ou seja: há um bom tempo está ausente do showroom das concessionárias Fiat.
Para Flavio Padovan, sócio da consultoria MRD Consulting, a morte do Uno a essa altura não é nada surpreendente.
"O Mobi foi desenvolvido para substituir o Uno, que já cumpriu sua missão. É um dos carros mais baratos do Brasil, juntamente com o Renault Kwid, e traz mais modernidade construtiva. É um projeto consideravelmente mais novo, portanto, é natural que o substitua", analisa o consultor, ex-executivo de marcas como Ford, Volkswagen e Jaguar Land Rover.
O também consultor Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, faz coro ao colega e pondera que já não faz sentido a Fiat manter em produção três hatches compactos, em tempos de demanda cada vez maior por SUVs.
"O novo Fiat Pulse, um utilitário esportivo, consegue se equiparar, nas versões mais baratas, aos preços das configurações topo de linha dos compactos. O Mobi disputa fortemente o segmento de entrada e o Argo tem encontrado boa aceitação, tanto para empresas quanto para clientes pessoa física", afirma Pagliarini.
Montadoras ainda precisam de compactos
Não é segredo que as fabricantes de veículos estão concentrando seus investimentos para oferecer SUVs pequenos, a exemplo do Pulse, que naturalmente vão tomar o lugar das configurações mais equipadas dos hatches.
Padovan destaca que hoje os compactos, como Mobi e Uno, não proporcionam margem às montadoras ou oferecem lucratividade mínima, mesmo com alto volume de emplacamentos.
Contudo, esclarece o consultor, é justamente a escala que garante a sobrevida dos hatches pequenos em um mercado como o brasileiro.
"O Brasil ainda precisa de carros mais simples e baratos. Ainda que sua produção e venda tragam margem nenhuma ou negativa, seu alto volume é fundamental para pagar custos fixos e garantir a operação saudável das fábricas", diz.
Ele complementa, destacando que a função dos automóveis de entrada é ocupar a capacidade ociosa das linhas de produção.
"Manter uma fábrica ativa sem produção exige gastos consideráveis. O lucro acaba vindo dos modelos mais caros, como os SUVS".
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