Carro a diesel: economia de combustível justifica a diferença de preço?
Parar em um posto de combustível e ver o preço do diesel - quase 25% mais barato do que a gasolina - parece tentador. Mas quando o consumidor vai a uma concessionária em busca de um SUV ou uma picape e constata que modelos com essa motorização são, pelo menos, 20% mais caros do que um equivalente flex, fica claro que a conta não é tão simples assim. Afinal, pensando apenas em economia de combustível, vale a pena investir em um carro a diesel?
Para começo de conversa, é bom lembrar que no Brasil a legislação só permite que o carro seja equipado com motor a diesel se - entre outras características, como transportar mais de mil quilos - tiver tração 4x4, o que por si só já torna o conjunto mecânico mais caro.
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Como já estamos falando de carros que não são populares, as montadoras capricham na lista de equipamentos, o que deixa os modelos mais atrativos e justifica um preço ainda mais elevado. É por essa razão, também, que há tão poucas opções a diesel no mercado de SUVs, por exemplo.
Para responder a questão proposta, UOL Carros solicitou que o engenheiro Vinícius Lidoino realizasse uma conta que mostrasse, na ponta do lápis, se no quesito economia o carro a diesel é vantajoso.
Para isso, ele considerou duas versões de veículos que podem ser equipados com motor a diesel ou flex: a picape Chevrolet S10 LTZ - que custa R$ 227.880 na opção flex e R$ 275.060 na versão a diesel - e o SUV Jeep Compass Longitude, que sai por R$ 166.990 na configuração flex e R$ 212.990 na diesel.
Abastecida com gasolina, a S10 (que atualmente é a única opção de picape média flex) percorre uma média de 8,6 km/l em trânsito misto, ou seja, que mescla trechos urbanos com estradas. Com diesel, o consumo melhora: sobe para 9,6 km/l.
Considerando a média de preço nacional do combustível da última semana, aferida pela Agência Nacional do Petróleo, o litro da gasolina custa R$ 6,67 enquanto o do diesel sai por R$ 5,41. No entanto, segundo os cálculos do engenheiro, é preciso rodar mais de 222 mil km para alcançar o valor de R$ 47.200, que é a diferença entre as duas versões da picape.
"É preciso rodar tantos quilômetros para justificar a compra de um carro a diesel pensando apenas na economia por dois motivos: primeiro porque nos modelos analisados o consumo é bem próximo com os dois motores. Segundo, porque o preço do diesel também subiu expressivamente neste ano. Além disso, a diferença de preço entre as duas opções de motores está bem alta", avalia o engenheiro Vinícius Lidoino.
Analisando os dados do Compass, é ainda mais difícil justificar a compra da versão a diesel pensando apenas no consumo. A média entre o consumo urbano e na estrada do modelo é de 11,1 km/l com gasolina e 11,8 km/l na versão a diesel. Para alcançar R$ 46 mil (diferença de preço entre as duas versões), o proprietário precisa rodar 323 mil quilômetros, mas é bem provável que quando o carro chegar a essa marca, ele já esteja na mão de outro dono há alguns anos.
O que justifica a compra?
O consultor automotivo Cassio Pagliarini afirma que o consumo está longe de ser o principal motivador da compra de um carro a diesel, principalmente uma picape.
"Na ponta do lápis é impossível justificar essa opção com o consumo. O que faz a pessoa comprar um modelo com essa motorização é a necessidade de uma tração 4x4, o alto nível de equipamentos e também a força do motor, que costuma ter números bem superiores aos da opção flex", opina o especialista.
O argumento do consultor automotivo se comprova nos veículos utilizados como exemplo. Apesar de a S10 ter até 206 cv na versão flex e 200 cv na opção diesel, o torque é de 27,3 kgfm e 51 kgfm, respectivamente - o que reflete em uma diferença expressiva na performance do veículo.
Já o Compass tem até 185 cv e 27,5 kgfm de torque na opção flex e 170 cv e 35,7 kgfm de torque na configuração a diesel.
Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards e conselheiro da SAE Brasil, afirma que outra questão deve ser levada em consideração quando o assunto é carro a diesel: o meio ambiente.
"Em um momento que todo mundo está correndo atrás de veículos mais limpos, fica difícil justificar a utilização de carros a diesel a longo prazo. Principalmente SUVs, pois há soluções com consumo interessante com combustíveis menos poluentes e até mesmo eletrificadas. Alguns países da Europa já estão proibindo carro a diesel a partir de 2025, imagino que a pressão social em cima de que tem um veículo assim cresça nos próximos anos", pondera.
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