Últimos Uno e Sandero R.S. serão colecionáveis? Como carros viram clássicos
Nas últimas semanas, o mercado automotivo apresentou duas edições de despedida limitadas de dois modelos que marcaram época, cada um em seu segmento: o Fiat Uno Ciao e o Renault Sandero R.S. Finale. Será que essas versões têm potencial para se tornarem carros de coleção no futuro? Conversamos com três especialistas em automóveis antigos para saber como nasce um clássico colecionável.
Proprietário da loja Old Is Cool, Silvio Luiz explica que as séries de despedida são um verdadeiro chute no escuro das marcas. Algumas caem no gosto dos colecionadores, outras não. No entanto, há algumas características que dão pistas de que determinado carro será desejado no futuro.
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"O primeiro ponto é o que o público achou do carro quando ele estava em série. Era um mito ou não? É o primeiro fator para você ficar de olho. O segundo é o volume de produção. Temos de levar em conta que, hoje em dia, o mercado é muito maior, então alguns modelos em versão esportiva fabricados em grande quantidade podem até estourar no futuro, desde que tenham caído no gosto do público", avalia.
No caso do Uno Ciao, Silvio Luiz faz um paralelo: o Uno Mille Grazie (versão de despedida do Uno em 2013) é um carro que ainda não chamou atenção do mercado colecionador.
"Pode ser que no futuro estoure? Sim! Mas há outros carros da época dele que já subiram de preço, como alguns Gols. Temos de lembrar, por exemplo, que o público que gostava do Volkswagen Gol GTI no passado é a molecada que hoje curte Sandero R.S., Citroën DS3, Mini Cooper S e Mini John Cooper Works. Então, esses são brinquedinhos com grandes chances de se tornarem clássicos colecionáveis no futuro", pontua.
Já o colecionador Alexandre Badolato, dono do maior acervo da marca Dodge no Brasil, avalia que o que faz um carro ser colecionável é a escassez.
"Um carro passa a ter um interesse de coleção à medida que ele vai ficando escasso. Obviamente, os veículos esportivos e de luxo são as opções mais óbvias, pois eram objeto de desejo coletivo na época em que foram lançados. Qualquer carro topo de linha, seja esportivo, cupê ou conversível, sempre terá interesse de colecionadores. Contudo, o importante mesmo é o carro ter marcado época, como o VW Fusca Pé de Boi, que era completamente pelado, sem equipamentos, e hoje é um colecionável."
Outro ponto que faz um colecionador ter interesse em um modelo específico é sua própria história de vida.
Muitas pessoas, quando adquirem um certo poder aquisitivo, vão atrás dos itens que desejavam quando eram mais novos e não podiam comprá-los.
"O Gol GTI, por exemplo, apesar de ter uma capa de carro popular, não era acessível. Ele foi lançado em 1988 como carro mais caro do Brasil. Era um automóvel de luxo para o nosso mercado fechado. Muitas pessoas que compram hoje desejavam tê-lo naquela época. Existem carros do mesmo período, que foram concorrentes do GTI, como o Ford Escort XR3, que custam metade do preço do Volkswagen", pontua Badolato.
Conservação
Se você tem na garagem um veículo que cumpre os requisitos para se tornar um colecionável no futuro, é bom ficar ligado em alguns detalhes.
Robson Cimadon, o Alemão, dono da loja Século 20 Veículos de Coleção, explica que é preciso manter o veículo em excelente estado.
"A diferença entre o antigo e o clássico é o número de peças originais e, é claro, a quilometragem baixa. Quanto menos quilômetros o carro rodar, mais valioso ele será no futuro", informa.
Segundo Silvio Luiz, há dois tipos de mercado para clássicos.
"Existe um carro que vira referência de valor e conservação e o preço de todos os outros passa a ser baseado nele. Esse modelo, restaurado ou bem conservado, é para a pessoa que faz questão de um produto de alto nível para ir a encontros ou ganhar prêmios. Para quem só quer ter o carro e se divertir, sem pagar tão caro, o mercado atende com carros de valor menor, porém menos conservados", exemplifica.
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