Por que Uno, Sandero RS e até Renegade 1.8 tiveram que dar adeus em 2022
A entrada em vigor da fase L7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) fez uma série de produtos sair de linha no mercado e exigiu alteração (de motor ou componentes) em outros tantos na virada de ano de 2021 para 2022.
O Proconve é o responsável por limitar e estabelecer os parâmetros para emissões de poluentes e ruídos para os veículos comercializados no País. No caso de poluentes, não apenas os provenientes do escapamento, mas também de outras fontes, como o sistema de abastecimento.
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A regra dizia que os carros poderiam ser produzidos até 31 de dezembro de 2021 e precisavam ser comercializados até 31 de março de 2022.
Representando as montadoras, a Anfavea conseguiu junto ao governo a prorrogação desse prazo, já que havia um bom número de veículos não terminados nos estoque devido à falta de componentes que atingiu a indústria durante todo 2021. Portanto, os carros poderão ser concluídos até 31 de março de 2022 e comercializados até junho deste ano.
De acordo com Raquel Mizoe, diretora de emissões de consumo de veículos leves da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), os limites terão reduções significativas de emissões.
"Além de limites mais restritos de ruídos e emissões, há também novos testes e uma questão importante que é o aumento da durabilidade do conjunto dentro das regras. Antes o carro precisava aguentar 100 mil km mantendo os padrões de emissões, agora passa a ser de 160 mil km".
A mudança, de acordo com Mizoe, é porque, como a frota circulante está durando mais nas ruas, é preciso garantir que os carros estejam dentro da lei também por mais tempo.
Outras mudanças que entraram em vigor são relacionadas ao escape de gases do tanque de combustível na hora do abastecimento, que foram reduzidos em 1/3 do limite antigo e com um teste de maior duração.
O catalisador também terá que durar os 160 mil km com uma restrição maior ao NOX, o óxido de nitrogênio, que foi de 1,3 mg/km para 1 mg/km de tolerância, uma redução que pode chegar a 30% nos limites, o que segundo Mizoe é significativo.
Carros que saem de linha
Como as montadoras já sabiam que o prazo se aproximava, alguns carros foram modificados ou saíram de linha na virada do ano por não atenderem as novas regras.
De acordo com Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, além da questão das novas regulações, entra na conta também a questão mercadológica na hora da montadora "fazer a conta" se vale a pena investir em modificações profundas em carros antigos para atender as novas regras ou apostar em novos produtos e ou trem de força.
São pegos nessa linha de corte veículos antigos, que estão há mais tempo em produção, cujo projeto não foi pensado para atender as novas regras que entraram em vigor a partir de 1º de janeiro.
Por isso, apesar de ter feito uma renovação forte, a Stellantis foi quem mais teve carros que saíram de linha. É o caso do Grand Siena, que além de não se enquadrar, já vendia menos que o Cronos.
Outros modelos da Fiat que foram afetados são o Doblò, que estava em linha há quase 20 anos na mesma plataforma, e o Uno, que a Fiat diz que saiu de linha por motivos estratégicos.
Tal qual o Grand Siena, o compacto estava vendendo menos que seus "irmãos" Mobi e Argo. Até novembro, o Mobi havia emplacado mais de 63 mil, o Argo mais de 80 mil e o Uno pouco mais de 19 mil.
Da Renault, quem saiu de linha foi o Sandero RS. O esportivo com motor 2.0 aspirado, anteriormente usado no Duster, não atenderia as novas regras.
E como UOL Carros publicou anteriormente, as exigências da divisão esportiva Renault Sport (RS) para dar a chancela a um novo Sandero RS com o motor 1.3 turboflex eram, mercadologicamente, inviáveis.
Carros afetados, mas que seguem em linha
Se nem todos os carros tiveram que dar adeus, alguns precisaram matar versões ou serem extensamente modificados.
Na primeira leva está o utilitário Fiorino, da Fiat, que manteve o motor 1.4 flex, mas viu os números caírem para até 86 cv e 12,2 mkgf ante os até 88 cv e 12,5 mkgf que entregava antes.
O mesmo ocorreu com Strada e Pulse equipados com o motor 1.3 Firefly, que tiveram seus dados de desempenho reduzidos de até 109 cv e 14,2 mkgf para 107 cv e 13,7 mkgf.
O Jeep Renegade, o modelo mais vendido da marca norte-americana do grupo Stellantis, também teve que se enquadrar. A versão 1.8 morre para dar espaço ao motor 1.3 turboflex de até 185 cv e 27,5 mkgf.
Quem também perdeu versões na virada do ano foram os Fiat Argo, Cronos e Toro. Hatch e sedã compacto viram suas versões de topo com o motor 1.8 serem descontinuadas, enquanto a Toro perdeu a versão de entrada, destinada a vendas diretas, com o mesmo motor.
Na Chevrolet, a marca fez uma série de alterações nos seus carros, que incluem mudanças nos coletores de admissão e exaustão dos motores, no catalisador, no tanque e nas linhas de combustível para atender às novas regras de evaporação.
Além disso, no caso da Spin, único modelo ainda a utilizar o antigo 1.8 flex na gama, houve a adoção do sistema de partida a frio no lugar do popular "tanquinho de combustível".
Para a S10, a marca adotou um filtro de partículas nas versões equipadas com o propulsor 2.8 turbodiesel de 200 cv e 51 mkgf que visa reduzir a fumaça preta que sai pelo cano de escape.
De acordo com a Chevrolet, as mudanças geraram até 43% menos de emissões de gases em alguns dos modelos, mas sem especificar qual deles.
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