Ghosn chama Mitsubishi de 'morto-vivo' e ataca Nissan: "tomada por ladrões"
Cerca de dois anos depois da sua fuga espetacular do Japão e viver como fugitivo, de acordo com o país asiático, Carlos Ghosn, ex-CEO da aliança Renault-Nissan deu uma longa entrevista a publicação The Drive no seu exílio no Líbano depois de fugir dentro de um case de instrumento musical.
O ex-executivo foi taxativo ao dizer que é inocente e que foi vítima de uma revolta criada por pessoas dentro da Nissan, que temiam uma fusão completa entre a marca japonesa e a francesa Renault, que até então eram e continuam a ser parceiras, mas não do mesmo grupo.
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De acordo com Ghosn, o problema começou por uma lei francesa que permite a acionistas que mantenham suas ações por mais de dois anos dobrar os direitos de votos. No caso, isso permitia o governo francês, que é acionista da Renault, dobrar o poder sobre a aliança sem precisar dobrar sua porcentagem na companhia.
Na análise dele, a Nissan e os japoneses viram uma perda de confiança no outro lado da aliança com isso porque o governo francês forçaria um controle que a Nissan não poderia ter na aliança.
Vale lembrar que, nos anos 1990 quando a aliança foi formada, a Renault estava em melhor situação que a Nissan no mercado e foi quem "salvou" a marca japonesa. Na época, o acordo deu a marca francesa direito de voto na japonesa, mas não o contrário, apesar de ter porcentagens semelhantes uma nas ações das outras.
Ele diz que se tornou vítima do caso porque foi impelido para um segundo mandato pelo governo francês a frente da aliança porque eles queriam a fusão das marcas, apesar de ser contra a fusão.
"Me derrubaram porque sabiam que eu que eu era a única pessoa capaz de fazer isso porque tinha a confiança na Mitsubishi, na Nissan e na Renault", diz Ghosn.
"Eu nunca quis fazer uma fusão. Do ponto de vista gerencial seria um erro porque faria os japoneses parecerem cidadãos de segundo escalão e é algo que eu sei que seria base para pedidos de demissão e de falta de motivação [das equipes]."
Ele diz que a parceria entre a Daimler (dona da Mercedes-Benz) e a Mitsubishi no início dos anos 2000 deu uma demonstração disso. "A Mitsubishi decaiu e colapsou porque eles não se sentiam motivados mais. Todas as decisões eram tomadas na Alemanha e no final das contas, se fizessem lucro isso iria para a Alemanha".
"Mitsubishi é um morto-vivo"
Sem boas coisas a dizer sobre a Mitsubishi, o executivo chamou a empresa de morta-viva. "é a típica empresa japonesa zumbi: viva por fora, mas morta por dentro".
Ele diz que a empresa voltou a viver depois que eles injetaram oxigênio nela. "A Mitsubishi conseguiu se recuperar notavelmente, teve crescimento e o lucro voltou em 2017 e 2018", pontuou.
Por fim, ele disse que a Mitsubishi não consegue deslanchar novamente porque a empresa tende a olhar para trás e não adiante, para o que pode ser o futuro.
Ele ainda dirige um Nissan
Apesar das palavras duras que disse na entrevista, Ghosn diz que ainda usa os carros da Nissan que tinha e tem, incluindo um SUV Patriot, e que não guarda ressentimentos dos produtos.
"Sim, eu ainda ando com carros da Nissan que eu 'fiz'. Eu gastei muito tempo supervisionando o desenvolvimento do Patrol, que foi um carro que eu revivi e que praticamente impus a produção porque era importante para alguns mercados, como o Oriente Médio. E eu tenho um Patrol, entre os carros que tenho e gosto dele", pontua.
O Patrol é um SUV de alta capacidade off-road com motores V6 e V8 e que rivaliza em mercados como o Oriente Médio com o Toyota Land Cruiser, que recentemente a marca anunciou que há uma espera de até quatro anos por uma unidade.
"Eu tenho muita coisa contra as pessoas que formam a companhia, no conselho e executivos, mas não contra a Nissan em si. Essas pessoas são ladrões, não há outro modo de qualificá-los, e seus funcionários pagarão um preço alto por causa dos líderes".
Ghosn disse que a Nissan tem se tornado uma empresa entediante e medíocre. E que os carros que ainda vendem bem são os que vieram da sua gestão. Ele também pontuou que era uma empresa em crescimento e agora não vê qual o futuro ou objetivo da marca japonesa.
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