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Novos SUVs? Por que picapes decolaram em vendas e viraram xodós de marcas

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/02/2022 04h00

O ano de 2021 foi atípico com a falta de semicondutores e parada na produção do Chevrolet Onix, até então carro mais vendido do Brasil. Mas isso não pode tirar o valor da primeira posição da Fiat Strada. Foi a primeira vez que uma picape liderou o acumulado do mercado nacional e ainda foi o único veículo a emplacar mais 100 mil unidades no ano passado.

Além dela, a "irmã" Fiat Toro também teve um bom desempenho e o mercado de picapes, sejam compactas, intermediárias, médias ou grandes, está se mexendo no Brasil para garantir que esta seja a próxima onda, uma vez que os SUVs já se consolidaram e foram responsáveis por quase 42% dos emplacamentos de carros de passeio em 2021, segundo dados da Fenabrave.

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Mas qual é o segredo do sucesso das picapes, que passaram a figurar entre os veículos mais vendidos e têm ganhado espaço no portfólio das montadoras, sendo desenvolvidas e virando novos produtos para chegarem em breve às ruas, como é o caso, por exemplo, da Ford Maverick?

De acordo com o Paulo Roberto Garbossa, é um movimento que vem se estabelecendo já há anos, mas que ganhou mais força quando o mercado viu uma oportunidade de criar um novo nicho com as picapes intermediárias - que no Brasil já contam com Fiat Toro e Renault Oroch, ainda que a segunda não tenha deslanchado tanto.

"Antes as picapes eram exclusivamente um instrumento de trabalho. Aí surgiram os modelos de cabine dupla e que acabaram rivalizando já com o que havia de SUVs na época", ele conta.

Além disso, Garbossa pontua que, apesar de estar acontecendo um movimento semelhante ao dos SUVs e que ainda tem espaço para crescer, o mercado de picapes nunca chegará no mesmo nível de utilitários esportivos.

"Há quem precise ou queira caçamba, mas há mais famílias ou pessoas que preferem ou precisam da comodidade do porta-malas fechado, que é mais seguro do que uma caçamba", complementa.

Em termos de mercado, de acordo com números da Fenabrave, federação que reúne as concessionárias no Brasil, os últimos anos foram marcados pelo crescimento entre as picapes médias - à exceção de 2020, que a maior parte das concessionárias ficou fechada e as fábricas paradas devido à pandemia de covid-19.

Em 2018 foram emplacadas 200.184 picapes, enquanto no ano seguinte o número foi de 211.753. Com a pandemia, houve uma queda em 2020 para 168.618 unidades, mas em 2021 o montante chegou a 220.379 exemplares.

Mercado de picapes vai crescer em opções

Enquanto as marcas parecem ter desistido de brigar com a Fiat Strada na categoria de picapes compactas, já que mesmo copiando as inovações como versão aventureira e até a cabine dupla ninguém chegou perto dela em vendas, a Toro deve ganhar concorrentes de peso em breve no segmento de picapes intermediárias.

Um dos motivos da transição para essa categoria é poder usar plataformas prontas de SUVs, o maior valor agregado e a margem de lucro superior.

A Renault Oroch passará por uma reestilização para ficar igual ao Duster e ganhar o motor 1.3 turboflex - para, quem sabe, conseguir rivalizar com a Toro em vendas.

Da Ford já está confirmada para o Brasil a Maverick, que chega ainda este mês com a base do Bronco Sport. Além disso, a empresa prepara a vinda da nova geração da Ranger, que continuará produzida na Argentina, e a F-150, que virá importada dos Estados Unidos.

A Chevrolet tem trabalhado a mídia ao redor da nova Montana, que usará o nome da antiga picape compacta, mas será baseada no Tracker e deve ser revelada ao fim de 2022. A Silverado também está programada para vir ao Brasil, mas como vários produtos tem sofrido com a falta de componentes.

Há ainda a Hyundai Santa Cruz, que já está à venda lá fora com dimensões parecidas com as da Maverick, ou seja, são maiores que as da Toro. A picape média da Peugeot, a Landtrek, será produzida no Uruguai e chega este ano.

Por fim, há o retorno da Ram para o segmento de picapes médias, com o projeto 291, que deve chamar Ram 1200. Apesar de ser uma picape média, ela será monobloco, ou seja, produzida sobre a mesma plataforma de Renegade, Toro, Compass e Commander.

Da marca norte-americana, há a confirmação também da Ram 3500, que vai complementar a gama hoje composta pela 2500 e a 1500 Rebel. Esta última, devido ao sucesso, deve ganhar uma versão com visual mais básico, cheio de cromados, para complementar a linha.

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