Fusca mais antigo do Brasil quase virou sucata e hoje tem valor inestimável
Janeiro de 1949. Essa é a data de fabricação do Fusca mais antigo que se tem notícia no Brasil. A raridade faz parte do acervo de Jorge Cirne, colecionador capixaba que vive na Bahia. A história de como o veículo chegou à sua mão é cheia de reviravoltas e motivo de orgulho para o dono da coleção.
Tudo começou há, mais ou menos, 14 anos, com o anúncio de um motor Volkswagen de 1.100 cilindradas no Mercado Livre. A peça chamou atenção de Cirne pela sua raridade. Ele havia iniciado uma coleção de Fuscas (um de cada década) quatro anos antes. "Quando vi o motor, sabia que se tratava de uma peça anterior a 1950, pois a partir desse ano a Volkswagen começou a usar motor 1.200. Na época, o Mercado Livre tinha opção de leilão, eu arrematei o motor e liguei para o dono para combinar a entrega."
Na ligação, a surpresa: "quando eu perguntei de onde havia vindo o motor ele disse que tinha um Fusca 1949. Eu não consegui entender. Questionei porque ele estava vendendo só o motor, ele explicou que precisava de dinheiro. Na hora, tentei comprar o carro, mas ele não queria vender", lembra Cirne. A situação se arrastou por meses, com inúmeras ligações do colecionador para o então dono do carro, que permanecia irredutível.
"Um dia, procurando Fuscas no Mercado Livre, vi que o carro estava anunciado. Na hora, liguei para ele e disse que iria comprar, mas ele queria fazer um leilão."
O evento online estava marcado para um dia em que a família Cirne estava em São Paulo, com voo marcado para Salvador e, para dar mais emoção, o horário do voo coincidiu com o do leilão. A solução foi buscar uma lan house no aeroporto.
"Eu disse que perderia o voo, mas não sairia dali sem o Fusca. E assim aconteceu. Eu e meu filho trabalhamos em conjunto no leilão: eu digitava o valor e ele apertava 'enter'. Depois de uma disputa acirrada, perdi o voo, mas arrematei o carro".
Fusca quase ficou encostado no fundo da garagem
"Depois de um tempo de trabalho, a carroceria ficou em perfeito estado. Aí me animei a procurar as peças e continuar a restauração. O problema é que 12 anos atrás era muito mais difícil achar peças, ainda mais porque elas não existiam no Brasil. Tive sorte de um amigo residente da Alemanha ter conhecido um senhor que havia acabado de fechar sua loja especializada em peças de Fusca."
Jorge Cirne foi à Alemanha garimpar os componentes para o VW 1949. Depois disso, foram necessários dois anos e meio até terminar a restauração. O veículo foi certificado pela fábrica da Volkswagen na Alemanha e possui motor, chassi e carroceria originais.
Valor inestimável
O Fusca de Cirne não está à venda, mas também não seria simples precificá-lo. O colecionador explica que não há como estimar uma quantia para representá-lo, pois não há um exemplar equivalente no mundo. Ele explica que, por ser um veículo do pós-guerra, era pouco equipado. Mas há detalhes interessantíssimos, como a seta "bananinha" - artifício que substituía o sinal de luz na época- e manivela para dar partida no motor.
Também não é possível saber quantos quilômetros o veículo rodou, pois o odômetro estava destruído quando chegou às mãos de Cirne.
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