Lata Velha: reforma comportada abre nova fase após processos e reclamações
Após cinco meses sem apresentar a conclusão de novos projetos de veículos, o quadro "Lata Velha" retornou ontem (6) à TV Globo, no programa "Domingão com Huck", mantendo a tônica adotada nas temporadas recentes: nada de customizações polêmicas e de gosto duvidoso. Devido a uma série de críticas e reclamações de participantes de edições anteriores, que incluíram ação judicial e moto que só funcionou por 15 dias, a atração busca focar apenas a reforma do automóvel, mantendo ao máximo suas características de fábrica.
Foi o que aconteceu com a Chevrolet Caravan 1978 do senhor Antônio, o "Toninho Verdureiro": ele recebeu ontem do apresentador Luciano Huck a perua toda renovada, 23 anos após ela ser furtada. Com ajuda da polícia, a produção do "Domingão" conseguiu localizá-la, e a respectiva aparência estava bastante diferente daquela que exibia quando sumiu.
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A Caravan foi encontrada com pintura prata e faixas pretas no capô e, durante a restauração, retomou a cor bege e as calotas cromadas nas rodas -a ideia foi mesmo reviver a aparência que ela tinha lá na década de 1970.
Algumas concessões foram feitas à originalidade, contudo sem abrir mão do visual "vintage", como volante esportivo, painel de instrumentos digital e localizador via aplicativo no celular. Seu Toninho se disse satisfeito com o que viu e, como manda a tradição, teve de cumprir um desafio para levar sua Caravan de volta para casa: cantar a música "É o Amor" no auditório do "Domingão", com a ajuda de Zezé Di Camargo em pessoa.
Em 17 anos de existência, o Lata Velha, já coleciona 119 restaurações.
Darlan Rodrigues, proprietário do Galpão 34, oficina responsável pelas reformas ao lado da Rusty Barn, de Bigo Berg, explica a principal característica da fase atual do "Lata Velha".
"Somos uma oficina de restauração. A gente preza pelo carro mais próximo do original possível", afirma
O penúltimo projeto do quadro foi apresentado em outubro de 2021 - uma Kombi personalizada com o tema "Vidas Secas", livro de Graciliano Ramos. Darlan afirma que essa não foi uma exceção.
"A Kombi do sertão já veio com aquela proposta, já tinha adesivos e era um carro temático, reformamos e mudamos a cor. Mas, em geral, percebemos os participantes muito satisfeitos com essa nossa linha", diz.
'Fábrica' de memes
Resgatando as histórias e transformações mais polêmicas, fica claro que a maioria delas aconteceu nos primeiros anos do quadro. Foi nesse período que surgiram "clássicos" como o Fiat 147 de seis rodas e o "Pedreiromóvel" - um Volkswagen Logus completamente estampado de tijolos.
Nessa primeira fase do programa, em 2005, aconteceu um dos casos mais polêmicos: a reforma de um Chevrolet Opala que foi transformado em picape.
O proprietário do veículo chegou a processar a emissora por ter entregado um Chevrolet Caravan fraudado no lugar de seu Opala SS 1979. A reforma, na época, foi feita pela oficina Nittro Hot Rods, que fechou as portas após o imbróglio.
Logo após a saída da Nittro Hot Rods, quem assumiu o quadro foi a oficina Dimension Customs, que promoveu algumas mudanças no quadro. Para evitar novos problemas, a regra de captação de automóveis mudou.
"Além de ter uma boa história, nós buscávamos carros mais fáceis de atender, que tinham peças no mercado. Porque, independente do modelo, o orçamento e o prazo para a reforma eram os mesmos. Nós queríamos fazer o melhor com que tínhamos", lembram Emerson Calvo, Daniel Barbosa e Juliano Barbosa, sócios da oficina.
Ainda assim, o trio explica que a produção do programa cobrava por "show-cars". "Nós éramos muito pressionados para fazer um carro com glamour para televisão, eles não se importavam se o carro andava ou freava. Sempre deixamos claro que, para a oficina, o quadro não é bom. Por isso nenhuma fica por muito tempo", diz Daniel Barbosa.
Estilo 'alegórico' ficou no passado, diz Tarso Marques
Quando o ex-piloto de Fórmula 1 Tarso Marques assumiu o quadro, com sua oficina TMC Concept, o quadro terminou de ser reformulado. Ficou no passado o estilo "alegórico" e passou a ser seguido o caminho do tunning, ou seja, da personalização.
"Já tinha sido convidado para o quadro outras duas vezes, mas não aceitei porque era uma linha totalmente diferente da que eu trabalho. Eu faço carro com cara de carro, não carro alegórico. E essa foi a condição para que eu participasse", conta Marques.
Com a saída da TMC, quem assumiu as reformas foi a Rusty Burn em parceria com a oficina Galpão 34. O caminho da discrição permaneceu.
"Entendemos que os donos dos carros realmente usam esses veículos, não é algo para exposição ou museu. O carro não está arrumado porque eles não têm condição, mas é isso que gostariam", concluiu Darlan.
A reportagem procurou a TV Globo para falar sobre as mudanças sofridas pelo Lata Velha ao longo dos anos, mas não recebeu resposta até a publicação da reportagem.
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