Tetraplégico, youtuber supera trauma para acelerar na pista e caçar carrões
Aos 30 anos, Rodrigo Martins, conhecido como Dub Brasil, se diz o "tetraplégico mais rápido do Brasil", além de ostentar mais de 279 mil seguidores em seu canal no Youtube. Atual piloto de arrancada e track day - eventos realizados em pista privada -, Dub perdeu os movimentos dos membros após levar dois tiros em um assalto. Porém, graças a condições favoráveis e dedicação extrema, ele conseguiu retomar alguns movimentos e hoje consegue dirigir no dia a dia e até pilotar em autódromos.
Apaixonado por carros desde a infância, há nove anos, Dub era um jovem que dirigia carros comuns, como o Chevrolet Celta que tinha na garagem. Mas um assalto mudou seu destino por completo: ele levou dois tiros, um no quadril e outro no ombro, que também atingiu a medula. O diagnóstico foi duro: tetraplegia.
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"Na época, o médico estipulou uma hora de fisioterapia por dia, mas confesso que quebrei as regras e fiz seis horas diárias, em clínicas diferentes. Eu tinha que me ocupar. Isso, e outras condições favoráveis, fizeram com que eu recuperasse alguns movimentos do braço, embora tecnicamente eu continue tetraplégico", conta Dub.
Canal do Youtube
Com a rotina completamente transformada, ele resolveu investir seu tempo no canal do Youtube que havia criado um mês antes do assalto, mas que estava abandonado desde então. O nome escolhido foi o apelido de quando "era moleque", como ele diz, que representa o estilo de carro que mais gostava.
"A ideia do canal era gravar carros preparados e postar, mas depois de um tempo comecei a achar sem graça. Eu via em canais gringos a tendência de gravar esses veículos saindo de eventos, em movimento, e resolvei entrar nessa. Comecei a frequentar a Avenida Europa, em São Paulo, onde há mais de 30 anos o pessoal leva seus carros esportivos, e gravar vídeos. Eles estouraram."
Como diria o tio do Homem-Aranha, "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". As aventuras publicadas por Dub em seu canal começaram a chamar atenção da polícia, que entrou em contato com o youtuber.
"Eles me chamaram para conversar, explicaram que eu poderia estar incentivando coisas erradas, porque as pessoas gostavam de acelerar mais para aparecer nos vídeos. Então comecei a mudar o conteúdo, mudei o lugar de gravação para uma área com radar e passei a alertar as pessoas sobre o que é errado, como passar da velocidade permitida em via pública. Agora, o foco é mostrar os detalhes raros dos carros", esclarece.
Do Celta ao Jetta preparado
Antes dos tiros e do canal no Youtube, Dub não tinha condições financeiras para dirigir um carro preparado. O sonho começou a se realizar com o primeiro patrocinador.
"Depois do assalto, eu juntei dinheiro por um tempo e comprei um carro melhor. Na época, um Honda Civic. Mas veio uma surpresa: recebi uma mensagem do dono de uma empresa que gostou da minha história, e do fato de eu não reclamar da vida. Poucos dias depois ele se tornou o meu primeiro patrocinador, depois vieram mais dois, o que me possibilitou comprar o Volkswagen Jetta TSI, que atende melhor a um cadeirante, além de adaptá-lo e prepará-lo".
Atualmente, o Jetta está completamente preparado para campeonatos de arrancada e track day, competições que acontecem em pistas privadas, para avaliar o melhor tempo de volta no circuito de cada participante. Segundo ele, foram alterados a suspensão, o motor, o câmbio e os faróis, dentre outros componentes. Além de, é claro, ter sido adequado para a sua condição de cadeirante, com adaptações no freio e no acelerador e um suporte para girar o volante. Atualmente, já conquistou a marca de 180 km/h em arrancadas, mas, espera, chegar a 220 km/h com as últimas "mexidas" no veículo.
Dub conta que o carro é o lugar onde se sente melhor no mundo, pois, ao volante, torna-se um motorista como qualquer outro. "Hoje eu consigo uma independência muito grande quando dirijo o meu carro. Eu vou onde todo mundo vai, eu faço o que todo mundo faz. Hoje eu faço de tudo, já surfei, já fiz drift, já desci o S do Senna [no Autódromo de Interlagos] na cadeira de rodas. Eu vou pra cima", comemora.
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