Carro financiado: novo 'golpe do boleto' mira devedor com busca e apreensão
Compradores de veículos financiados estão na mira de um novo golpe. Especialistas alertam que estelionatários estão oferecendo acordos pela metade do valor para pessoas em débito com o financiamento, cujos automóveis estão em processo de busca e apreensão. Fingindo serem representantes das instituições credoras, entram em contato com a vítima e recebem o valor por meio de boletos falsos.
Com dados pessoais circulando cada vez mais em ambientes virtuais, muitas vezes inseguros, novos golpes surgem um após o outro e têm tirado o sossego do brasileiro. É o que alerta Afonso Morais, da Morais Advogados, especialista em golpes financeiros.
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Segundo o advogado, os suspeitos conseguem obter os dados das vítimas por meio de alguém com conhecimento jurídico e certificado digital. Eles entram em processos de busca e apreensão de veículos e, de posse de informações do veículo, além de detalhes como débito e nome do credor, encontram o devedor e se apresentam como representantes de escritórios de advocacia.
"Criam e-mails falsos com o nome desse escritório e fazem um acordo pela metade do valor cobrado na ação de busca e apreensão. O prejuízo dos financiados é a perda das parcelas pagas com os boletos falsos e a manutenção do saldo devedor", explica.
Cinco mil vítimas por mês
Como esses golpes são pouco divulgados por suas vítimas, por vergonha ou desconhecimento, o especialista afirma que cerca de cinco mil pessoas são lesadas a cada mês - ele acrescenta que o valor dos boletos falsos vai de R$ 400 a R$ 700, aproximadamente. Morais aponta cuidados que o cidadão deve tomar para não ser ludibriado.
"As providências básicas são sempre as mesmas para pagamento de qualquer dívida: cautela e calma ao pagar, verificando sempre para onde vai o pagamento, quem é o beneficiário. Use, se possível, leitor de código de barras e exercite a desconfiança para verificar se quem está cobrando é mesmo representante do banco ou da financeira", aconselha o advogado.
Caso a pessoa já tenha caído no golpe, nem tudo está perdido. Dependendo da fraude, o banco ou a financeira pode ser responsável pelo ressarcimento do dinheiro pago para o fraudador. Entretanto, destaca o especialista, quando o pagamento é feito de forma errada, sem a devida cautela, esse ressarcimento fica comprometido.
Como proteger seus dados
Renata Abalém, advogada especialista em direito do consumidor, explica que todos esses novos golpes atrelados à tecnologia e ambientes virtuais podem ser evitados com a proteção de dados. Não colocar informações pessoais em portais suspeitos já é um começo, lembra a jurista.
"A primeira coisa que você deve ter em mente é proteger os dados pessoais como CPF e endereço. No ambiente virtual, os bandidos estão fazendo financiamento, pedindo empréstimos. Tem de restringir ao máximo a disseminação desses dados", destaca.
Abalém acrescenta que a vítima precisa alertar a polícia tão logo perceba o golpe.
"Com o boletim de ocorrência, você se protege. Procure os canais próprios do cartão de crédito ou do banco e informe como ocorreu o golpe", diz.
Renata ressalta que, atualmente, quase 80% das atividades negociais giram em torno do ambiente digital. "Nossas informações ficam à mercê de páginas falsas e de vazamentos de dados em fornecedores cujas páginas não são falsas. A principal orientação realmente é: em qualquer compra que for fazer, é imprescindível proteger seus dados o máximo possível", afirma.
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