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Batida a 110 km/h? Perito analisa vídeo de acidente com Rodrigo Mussi

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/04/2022 04h00

Divulgado na última segunda-feira (4) pela TV Globo, o vídeo que mostra o momento da batida do carro onde estava Rodrigo Mussi é peça importante nas investigações sobre o acidente. Nas imagens, chama a atenção a velocidade do Renault Logan que levava o ex-participante do "Big Brother Brasil 22", bastante superior à do caminhão contra o qual o carro de aplicativo colidiu há uma semana, na capital paulista.

UOL Carros mostrou o vídeo ao perito criminal Issac Silva, do IGP-RS (Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul), que realizou uma estimativa extra-oficial. Por meio de um software de fotometria forense, o especialista afirma que o Kaique Faustino Reis, o motorista do Logan, estava rodando entre 90 km/h e 110 km/h quando acertou a traseira do caminhão.

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Carro de aplicativo onde estava Rodrigo Mussi ficou seriamente danificado na batida; ele estava sem cinto - Reprodução/CET - Reprodução/CET
Carro de aplicativo onde estava Rodrigo Mussi ficou seriamente danificado na batida; ele estava sem cinto
Imagem: Reprodução/CET

Silva aponta que o sedã estaria a 100 km/h no instante da colisão, mas destaca que, devido à qualidade das imagens e à "alta velocidade" do Renault, a projeção considera margem de erro de 10 km/h para baixo ou para cima.

"De fato, o vídeo tem pouca iluminação e nitidez, mas foi possível fazer o cálculo, com essa incerteza de 10 km/h, com base nas dimensões do veículo e na quantidade de quadros por segundo da gravação, que estimo ser de cerca de 30", avalia o perito.

A batida aconteceu na madrugada do dia 31 de março na Marginal Pinheiros, próximo à ponte Eusebio Matoso, na altura do bairro Butantã - na Zona Oeste da cidade de São Paulo. O limite padrão de velocidade na via expressa é de 90 km/h, contudo em alguns trechos ele é reduzido - nossa reportagem ainda busca saber a máxima permitida no local exato do acidente.

Mussi, que estava sem o cinto de segurança no banco traseiro, sofreu fraturas múltiplas e traumatismo craniano, que demandaram cirurgias na perna direita e também na cabeça. O ex-BBB continua internado na UTI do Hospital das Clínicas, na capital, em estado grave. Contudo, ele tem apresentado melhora.

Motorista pode ser indiciado por lesão corporal

Kaíque Reis, motorista que levava Rodrigo, alega que cochilou e fez teste negativo para consumo de álcool - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Kaíque Reis, motorista que levava Rodrigo, alega que cochilou e fez teste negativo para consumo de álcool
Imagem: Reprodução/TV Globo

O caso foi registrado pela polícia como "lesão corporal culposa na direção de veículo automotor" - ou seja, não intencional.

O crime de trânsito requer a apresentação de representação criminal pela própria vítima ou qualquer cidadão para ser caracterizado e prevê pena de detenção pelo período de seis meses a dois anos, além de suspensão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

A detenção pode subir para três anos, no caso de o motorista estar no exercício da respectiva profissão no momento do acidente.

Se a vítima morrer, o acusado poderá responder pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, com pena de detenção de dois a quatro anos, bem como suspensão da CNH - nesse caso, há chance de o período máximo de reclusão ser dobrado para oito anos, por se tratar de motorista profissional.

Anteontem, o condutor do Logan prestou depoimento no 51º Distrito Policial (Rio Pequeno) e reafirmou ter cochilado antes de acertar o caminhão à sua frente. Kaique Reis também voltou a dizer que estava utilizando cinto de segurança, mas seu passageiro dispensou o uso do equipamento.

Segundo eliminado do 'BBB 22', Rodrigo continua internado em estado grave, mas tem apresentado melhora - Reprodução - Reprodução
Segundo eliminado do 'BBB 22', Rodrigo continua internado em estado grave, mas tem apresentado melhora
Imagem: Reprodução

Ele e o condutor do caminhão se submeteram ao teste do bafômetro logo depois do acidente, e o resultado deu negativo para ambos.

Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada no ano passado, quase a metade dos brasileiros ouvidos diz que não tem o hábito de usar o cinto quando viajam no banco de trás.

Kaique não se machucou com gravidade e saiu caminhando do veículo, graças ao cinto. A corrida com Rodrigo foi realizada por meio da plataforma 99, parceira do "BBB" na edição de 2022. Mussi ganhou corridas gratuitas da companhia durante sua participação no programa da Globo.

Sem cinto, impacto no corpo pode passar de 1 tonelada

Cinto de segurança é equipamento obrigatório para todos os ocupantes de veículos no Brasil desde 1998 - Reprodução - Reprodução
Cinto de segurança é equipamento obrigatório para todos os ocupantes de veículos no Brasil desde 1998
Imagem: Reprodução

Obrigatório para todos os ocupantes de veículos na totalidade das vias públicas brasileiras desde 1998, o cinto de segurança é crucial para salvar vidas e evitar ferimentos graves em caso de acidente.

Segundo a Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), ao ser usado da forma correta, o cinto é capaz de evitar até 100% das lesões do quadril, 60% da coluna vertebral, 56% da cabeça, 45% do tórax, e 40% do abdômen.

Antonio Meira Júnior, presidente da associação, destaca que o uso do cinto no banco de trás pode parecer menos importante do que nos assentos dianteiros, mas essa presunção é equivocada.

"Em uma colisão, o passageiro que está sentado no banco traseiro sem o cinto de segurança fica completamente solto e, portanto, seu corpo pode ir para o teto do carro, para os lados e, inclusive, para frente, podendo atingir o ocupante do banco dianteiro", afirma o médico de tráfego.

Meira Júnior destaca que, quanto maior for a velocidade, mais graves podem ser os ferimentos.

"Se uma pessoa de 50 kg está em um carro a 60 km/h no banco de trás, equivale ao peso de um rinoceronte. Então, se houver uma colisão, uma redução de velocidade brusca, será esse peso de uma tonelada, caso o passageiro não use o cinto".

Quanto ao Renault Logan, o carro foi submetido em dezembro de 2019 a teste de impacto conduzido pelo instituto independente de segurança viária Latin NCAP, já trazendo quatro airbags (dois frontais e dois laterais), a exemplo do carro utilizado por Mussi no acidente.

Na ocasião, o sedã recebeu três de cinco estrelas na proteção para adultos e quatro em relação à segurança de crianças. De lá para cá, os critérios adotados pelo Latin NCAP ficaram mais rígidos, porém o modelo da marca francesa ainda não passou por novo teste, já sob o novo protocolo.

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