Último Opala completa 30 anos ignorado por GM e com 'impostor' no currículo
Lançado em 1968 como o primeiro carro de passeio da General Motors feito no Brasil, o Chevrolet Opala completou no último sábado três décadas do fim da respectiva produção. Foi no dia 16 de abril de 1992 que o derradeiro exemplar deixou a linha de montagem em São Caetano do Sul (SP), com direito a cerimônia de despedida com funcionários da montadora - registrada em fotos e vídeo.
Apesar da importância histórica, a última unidade não foi guardada pela GM e acabou no estoque de uma concessionária do Rio Grande do Sul para ser vendida como um Opala qualquer. Contudo, o carro hoje tem lugar de destaque na coleção de veículos do empresário Alexandre Badolato no interior paulista.
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O Diplomata S/E 1992 com carroceria na cor vermelho Ciprius, placas ICB-4410 e chassi NNB108055, foi adquirido por Badolato há cerca de oito anos de outro colecionador. Equipado com transmissão automática e motor de seis cilindros, o carro é da edição de despedida Collectors, que no ano passado teve um exemplar anunciado por nada menos do que R$ 500 mil - não sabemos se a venda foi concretizada por esse valor.
Especialistas em carros antigos, incluindo o próprio Alexandre Badolato, não acreditam hoje ser factível um Collectors atingir preço tão elevado - ainda que seja o exemplar final. Por falar nisso, outra unidade viralizou na internet em 2011 como se fosse a última - mas não era, crava Fernando Pavani, estudioso da história do Opala.
"Imagens da linha de produção, em especial a foto do carro com mensagens de despedida escritas por funcionários, mostram que o último tem pintura vermelho Ciprius, que é um tom de vinho, e interior de tecido. O Diplomata de Badolato é assim, enquanto o Opala 'fake' exibe carroceria preta", afirma Pavani.
Ele acrescenta que o chassi do veículo "verdadeiro" é o mais alto de que se tem notícia para um Opala.
Alexandre Badolato diz que mais de cem exemplares de Opala e Caravan foram fabricados entre o Diplomata preto e o vinho que integra sua coleção.
"Investiguei e, com base em fotos e levantamentos realizados por clubes de proprietários de Opala, foi possível ter certeza que o meu é mesmo o último. Depois dele, a GM fabricou, ainda, seis unidades da Caravan, todas adaptadas para uso como ambulância", diz o colecionador, que também é dono da unidade final da perua, que precisou passar por cuidadosa restauração.
Quanto ao Diplomata anunciado como o exemplar final, Alexandre diz que o sedã foi guardado por um tempo pela General Motors para integrar o acervo do museu da marca, que nunca saiu do papel. Contudo, pontua, a fabricante sabia que não era o último a ser montado em São Caetano do Sul.
"Esse carro, com placas CTH-1992, foi cedido durante um tempo ao Museu da Ulbra, no Rio Grande do Sul, mas nunca chegou a ser exposto lá. Após o fechamento do museu, foi devolvido à General Motors para depois ser leiloado".
O colecionador diz que não sabe a quilometragem e não vai restaurar seu Opala histórico, que exibe algumas marcas e imperfeições por ter sido utilizado como veículo comum antes de parar no seu acervo. A ideia é preservar a originalidade.
Opala derradeiro vale fortuna?
Alexandre Badolato está convicto de que possui uma preciosidade automotiva, mas não acredita que o seu Diplomata possa atingir os R$ 500 mil pedidos pelo Collectors mencionado acima.
"É um carro com pouca liquidez, a grande maioria das pessoas não pagaria muito mais do que desembolsaria por um Diplomata Collectors normal. O meu poderia atingir preço maior se alguém estivesse montando um museu, por exemplo".
Silvio Luiz, proprietário da loja de carros antigos Old is Cool Motors, segue linha de raciocínio semelhante.
"Fica difícil estimar preço porque não tem nenhuma referência. Acredito que esse carro final deve valer no mínimo o que pedem por um Collectors".
Por sua vez, o leiloeiro Joel Picelli, da Picelli Leilões, acredita que o último Opala "não tem preço" por ser um carro único. Ainda assim, ele cita como referência exemplares da edição de despedida que ele já vendeu anteriormente.
"Em novembro do ano passado, comercializei um por R$ 134 mil em Vinhedo [SP] com pouco mais de 40 mil km rodados. Hoje tenho outra unidade da edição final, a ser leiloada no dia 22 de abril e que já recebeu lance de R$ 110 mil".
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