Fusca de meio milhão? Exemplar raro atinge valor recorde e gera polêmica
O anúncio da venda de um Volkswagen Fusca por R$ 460 mil, durante a edição deste ano do Encontro de Autos Antigos de Águas de Lindoia (SP), viralizou nas redes sociais e dividiu opiniões.
Durante os últimos dias, grupos e publicações dedicados a veículos clássicos foram inundados por comentários a respeito do negócio. Muitos questionaram se o raro exemplar verde Split Window de 1952 custou mesmo tanto dinheiro ou se o vendedor divulgou um preço muito maior do que o efetivamente cobrado para atrair atenção - e inflacionar o mercado de automóveis colecionáveis.
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Outros simplesmente ficaram impressionados com o valor, que seria o mais alto para um Fusca no Brasil, considerando leilões e vendas cujos preços foram divulgados.
O montante de R$ 460 mil aparece em uma foto do carro ainda exposto no evento, escrito em um cartaz afixado na traseira do Volkswagen - outra foto mostra o veículo de frente, com a inscrição "vendido".
Essas imagens circulam em diversas plataformas e foram originalmente publicadas nos stories do perfil da GG World Classic Cars no Instagram - empresa especializada em carros antigos que participou do encontro com estande próprio e é responsável pelo negócio polêmico.
UOL Carros conversou com Alex Fabiano, conhecido como GG e proprietário da GG World Classic Cars. Ele se diz incomodado com as críticas e afirma que a venda, na verdade, foi fechada na última sexta (22) por R$ 450 mil, divididos em nove vezes de R$ 50 mil. O comprador, diz, é um "grande colecionador" e advogado residente na capital paulista.
"Tem gente me julgando e dizendo que eu menti o preço. São pessoas que não têm conhecimento sobre esse carro nem do mercado. Ele tem até assoalho e parafusos originais", pontua Fabiano, segundo o qual esse Fusca poderia ser vendido no exterior por US$ 100 mil (cerca de R$ 500 mil na conversão direta).
O empresário alega ter pago cerca de R$ 350 mil pelo Split Window há cerca de dois anos, após o VW passar por uma cuidadosa e cara restauração no Brasil, bancada pelo proprietário anterior, utilizando peças originais da época da fabricação do veículo.
"O Fusca foi vistoriado pelo novo dono, todos os números de série batem. Ainda tem manual e chave reserva, bem como as 'bananinhas', que eram os piscas da época. Se hoje alguém me oferecer um carro no mesmo nível por R$ 400 mil, eu compro e pago à vista".
Fusca pode valer meio milhão?
Conversamos com colecionadores e especialistas no mercado de veículos antigos para saber se é possível um VW Fusca valer tanto dinheiro no Brasil.
Dono de um Split Window de 1949, apontado como o Fusca documentado mais antigo do País, o empresário e antigomobilista Jorge Cirne diz que sim.
"Eu vi pessoalmente o veículo vendido por GG e pagaria R$ 450 mil por ele. Não conheço outro Fusca do mesmo nível, é melhor até do que o meu de 1949", diz Cirne.
Ele destaca que os Fuscas mais antigos subiram muito de preço e se tornaram um investimento rentável.
"Tenho um Split de 1953 que adquiri há uns oito anos por R$ 12 mil. Mesmo sem o motor original e com a suspensão rebaixada, eu venderia esse carro hoje por cerca de R$ 180 mil".
José Paulo Parra, proprietário da Circuito de Leilões, concorda que o mercado de Fuscas está em alta, caso o exemplar seja dos primeiros anos de fabricação ou então dos últimos - o modelo da Volkswagen foi lançado no Brasil em 1950, montado inicialmente com peças importadas, e só foi nacionalizado em 1959. Saiu definitivamente de linha em 1996 no País.
"Os primeiros e os últimos Fuscas estão muito valorizados, enquanto as demais unidades têm preços estabilizados com tendência de baixa".
Parra, que também trabalhou na edição deste ano do Encontro de Águas de Lindoia, conta que leiloou durante o evento, em parceria com a Picelli Leilões, um Fusca 1200 de 1966 por R$ 45 mil.
Por sua vez, Silvio Luiz, dono da loja Old is Cool Motors, está vendendo um exemplar de 1957 com janela traseira oval por R$ 250 mil.
"O preço de R$ 450 mil por um Split Window 1952 não está errado, se a gente observar os balizadores de mercado ao redor do mundo. Lá fora, Fuscas dessa época atualmente são vendidos de US$ 20 mil [cerca de R$ 100 mil] até mais de US$ 100 mil [aproximadamente R$ 500 mil]".
Silvio salienta que não pode se manifestar sobre o carro vendido por GG por não conhecê-lo. Ao mesmo tempo, diz que só se surpreende com o fato de um Fusca custar meio milhão de reais quem não está por dentro do mercado.
"Essas unidades com a janela traseira dividida há muitos anos são vendidas entre colecionadores por preços acima de R$ 200 mil e até maiores do que R$ 300 mil, só que os valores não são divulgados. Com a disparada na cotação do dólar durante a pandemia, o custo desses carros também subiu bastante, pois existe um mercado para eles no exterior".
Dono da loja Século 20, Robson Cimadon, o Alemão, faz coro ao colega.
"O pessoal que critica está confundindo um Split Window de 1952 com um Fusca normal de 1966 para cima. Esse eu acredito ser o mais novo do Brasil. Dificilmente existe outro no mercado, portanto é extremamente raro. Talvez, se pedissem R$ 1 milhão, teria gente disposta a pagar".
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