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Venezuela repete Cuba com frota de carros estacionada no passado

Veículos são reparados na rua na Venezuela - AP Photo/Matias Delacroix
Veículos são reparados na rua na Venezuela Imagem: AP Photo/Matias Delacroix

Do UOL, em São Paulo (SP)

30/05/2022 13h44

Com sanções internacionais, Cuba viveu isolada por muitos anos e lutando para manter seus carros nas ruas. Agora, uma situação parecida está ocorrendo na Venezuela - país que vive uma grave crise financeira e também é alvo de sanções.

A situação foi levantada recentemente em uma reportagem da Associated Press, que esteve na capital do país, Caracas. Lá, a reportagem conversou com proprietários de carros e mecânicos para entender suas dificuldades. O país não consegue produzir mais veículos, terminando 2021 fazendo oito caminhões e nenhum carro. Para se ter uma ideia, o país em 2007 produziu 172 mil e vendeu mais de 237 mil, de acordo com dados revelados.

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O desaquecimento se deve à falta de dinheiro da população, que tem como média de salário mensal pouco mais de R$ 250. Assim, os carros locais estão envelhecendo e sendo abandonados, porque muitas vezes as pessoas não têm condições de repará-los.

Assim, o país convive com ruas e estradas com vários veículos pouco confiáveis, com reparos sendo feitos longe da maneira ideal, ao lado das vias.

Pessoas que precisam usar os veículos para trabalhar, acabam precisando desembolsar o pouco dinheiro que têm para reparar os carros. É o caso de Argenis Ron com sua picape Chevrolet C-10 1983.

"Quando os mecânicos pedem peças - quando a picape pede - você tem que comprar", disse Ron, cuja quilometragem aumentou em proporção após a crise do coronavírus. "Não se pode recusar porque o veículo é um recurso para ganhar dinheiro."

"Pelo menos não é como os carros atuais que têm um computador e muitas coisas no sistema. As picapes antigas são confiáveis porque não usam nada além de gasolina e água."

Já o dono de um Nissan Sentra 1999, Eduardo Ayala recentemente levou o veículo para um serviço extra por um problema mecânico. "Não fui eu que escolhi o carro, era o que eu tinha dinheiro para ter. Eu gostaria de comprar um Suzuki Grand Vitara, pelo menos um 2005, mas você também tem que se ajustar à sua economia o máximo que puder."

Especialista em freios, Emerson Ramirez acrescentou que muitas vezes vê motoristas adiando a manutenção até o ponto de falha. "Eles adiam os freios na frente porque seu orçamento não é suficiente. E, bem, negociamos com eles. Negociamos os custos trabalhistas, porque se não for feito, não ganhamos nada."

A situação não é culpa da pandemia, já que há relatos de que ocorre desde 2017. Assim, a idade média dos carros no país é a mais velha da história. E com salários baixos e toda a crise, cada vez mais o país vai se afundando com este problema.

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