Ferrari perdida gera ameaça de família de Saddam e é anunciada por fortuna
Há cerca de dois anos, UOL Carros contou a história da caçada à raríssima Ferrari F40 1990 que pertenceu a Uday, filho mais velho do ditador iraquiano Saddam Hussein. Na época, o esportivo tinha sido encontrado na cidade de Erbil, na região norte do Iraque, e seu alegado proprietário pedia US$ 1,15 milhão (cerca de R$ 5,6 milhões) pelo carro - mas não apareceu um comprador.
Atualmente, o cupê vermelho estaria em outro endereço, na mesma cidade, e recentemente foi anunciado por nada menos do que 1,7 milhão de euros (R$ 8,9 milhões) pela Knight International, empresa britânica especializada em comercializar supercarros.
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Contudo, uma eventual venda estaria sob risco, a depender dos herdeiros de Saddam, executado no fim de 2006 - Uday morreu em abril de 2003, abatido por militares norte-americanos durante a invasão do Iraque pelos Estados Unidos.
Quem reuniu todas essas informações é o youtuber inglês Scott Chivers, dono do canal Ratarossa e especializado em garimpar Ferraris em mau estado para depois restaurá-las na garagem de casa, em Londres. Chivers iniciou as buscas pela F40 perdida em 2020 e um dos seus vídeos a respeito da caçada foi parar em uma publicação no Twitter de Raghad Hussein, filha mais velha de Saddam.
"Vamos processar todos os que se apoderaram dos bens pessoais da família, estes e outros. Alertamos os outros a não se envolverem nesses assuntos por qualquer motivo, pois estarão sujeitos a responsabilidade legal", postou Raghad,no último dia 3 de maio, originalmente em árabe. O tuíte depois foi removido.
Ameaças à parte, Scott Chivers, o "caçador de Ferraris", conta que muitos boatos têm circulado a respeito do antigo carro de Uday Hussein, que teria passado décadas coberto pela areia do deserto após a tomada do Iraque pelos EUA há 19 anos.
Muitos carros da coleção do filho de Saddam foram roubados quando o palácio da família em Bagdá foi bombardeado pelos norte-americanos em março de 2003 - e invadido em seguida pela população.
Não sabemos se a F40 estava no local na ocasião, mas anos mais tarde fotos e vídeos do carro famoso começaram a surgir na internet - algumas das imagens estão nesta reportagem e foram reunidas por Chivers.
"Chega muita informação falsa. Surgiu um boato de que a Ferrari teria sido enviada para restauração na Arábia Saudita, porém era fake news. Depois, confirmei que há alguns anos a Ferrari esteve em uma loja de Istambul [Turquia] para ser restaurada e vendida. Contudo, devido à falta de documentação, acabou retornando a Erbil, no Iraque, onde está atualmente, segundo fui informado".
Chivers buscou sem sucesso mais informações a respeito do anúncio de 1,7 milhão de libras, o qual diz que a F40 pertenceu a Uday, tem apenas 3,7 mil km rodados toda a documentação e apenas um dono. Também estaria em condições de rodar, além de supostamente nunca ter batido.
"Não sei quem estaria realmente vendendo, quem hoje é o verdadeiro dono do carro. Disseram que a Ferrari será desmontada para posterior envio das peças a algum país europeu, onde aconteceria a remontagem".
Ferrari foi recusada por atração do Discovery
Scott relembra que em 2016 a Gas Monkey Garage, oficina norte-americana cujos integrantes aparecem na grade do canal pago Discovery Turbo, enviou emissário ao Iraque na tentativa de adquirir a F40 perdida.
Chivers conta que, após muita negociação, o preço baixou para "poucas centenas" de milhares de dólares e o negócio esteve perto de um acordo, mas acabou não acontecendo.
"Soube por meio deles que tudo estava bem encaminhado, incluindo o transporte da Ferrari para os EUA. Porém, surgiu a exigência de que a venda fosse concretizada pessoalmente e com pagamento em dinheiro vivo. O pessoal achou muito arriscado e desistiu".
Quatro anos depois, o próprio Scott recusou nova oferta por considerar o valor alto demais, levando em conta o mau estado do veículo e problemas para retirá-lo do território iraquiano.
Entre a desistência da Gas Monkey e a recusa de Chivers, um técnico saiu da Bélgica e desembarcou em Erbil para melhorar as condições mecânicas do carrão, que teve apenas 1.315 unidades produzidas entre 1987 e 1992. Um dos exemplares da F40 está no Brasil.
Apesar de a F40 ter sido limpa e passado por reparos, em 2020 ela ainda estava longe de fazer valer a pena o investimento, diz o caçador.
"Se o carro estiver hoje no mesmo estado, vai requer uma desmontagem completa do motor para depois reconstruí-lo. Provavelmente os tanques de combustível também terão de ser trocados.
Um vídeo enviado pelo dono aproximadamente dois anos atrás, após a intervenção do especialista enviado da Bélgica, exibe o carro ligado e o motor 2.9 V8 turbo "engasgando" - quando novo, rendia 478 cv. Se você sabe inglês, confira abaixo o vídeo mais recente de Scott Chivers sobre o carro:
Segundo o britânico, fotos recentes mostram que a unidade ainda está sem os espelhos retrovisores, exibe interior em mau estado, pintura castigada e traz a tampa do motor com a parte transparente amarelada.
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