25 km/l e só uma porta: menor carro do Brasil é alívio para gasolina cara
Com o reajuste de 5,18% no preço da gasolina, anunciado na última sexta-feira (17) pela Petrobras, a conta no posto de combustível ficou ainda mais pesada no bolso dos brasileiros. Dessa forma, carros pequenos e com baixo consumo poucas vezes tiveram tanta relevância quanto hoje.
Imagine, então, um automóvel capaz de percorrer 25 km com apenas um litro de gasolina e mais leve do que Fiat Mobi e Renault Kwid. Esse carro existe e não é uma novidade concebida para combater a atual disparada nos preços do petróleo.
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Na verdade, estamos falando de um veículo lançado na década de 1950, considerado o primeiro carro fabricado no Brasil e que também é tido como o menor automóvel com produção nacional: o simpático Romi-Isetta, lançado no longínquo dia 5 de setembro de 1956 e fabricado em Santa Bárbara d'Oeste, no interior paulista.
Pesando somente 350 kg e com lugar para dois adultos, traz características que combinam muito bem com as necessidades do mundo atual, onde os motoristas sofrem com combustível nas alturas e também com os frequentes congestionamentos - sem falar da escassez de vagas para estacionar.
Antigo e ao mesmo tempo contemporâneo, o Romi-Isetta seria capaz de consumir frugais e impressionantes 33 km/l, segundo anúncio do veículo publicado em 1957. A média oficial de 25 km/l integra a relação de dados técnicos preservados pelo Centro de Documentação Histórica da Fundação Romi, que também guarda alguns exemplares do subcompacto.
De acordo com a fundação, cuja sede fica na mesma cidade onde o Romi-Isetta era fabricado sob licença da italiana Iso, a produção se estendeu até 13 de abril de 1961, após cerca de 3.000 exemplares saírem da fábrica da Máquinas Agrícolas Romi.
Hoje restam poucas unidades do Isetta brasileiro, das quais a grande maioria está em poder de colecionadores. Segundo especialistas consultados por UOL Carros, o modelo raramente aparece à venda e, quando surge algum em bom estado, facilmente o preço passa de R$ 100 mil.
"Há muito tempo não vejo esse veículo sendo anunciado. Lembro que não demorava muito para vender os que apareciam, com preço na faixa de cento e poucos mil reais", conta Silvio Luiz, proprietário da loja Old is Cool Motors, especializada em veículos clássicos.
Joel Picelli, leiloeiro da Picelli Leilões, concorda com o colega.
"Não acho um absurdo cobrarem R$ 150 mil, considerando a escassez e a raridade do Romi-Isetta. Até onde sei, é um modelo raramente anunciado. Os que existem são negociados diretamente entre os colecionadores".
Como é o Romi-Isetta
Uma das características marcantes do pequeno automóvel é a única porta, localizada na dianteira e onde fica o volante - cuja coluna se dobra para permitir a entrada e a saída dos ocupantes.
O fato de trazer apenas uma porta, inclusive, suscita questionamentos se o Isetta seria, de fato, um automóvei - há quem diga que o primeiro carro feito aqui é, na verdade, o DKW Universal, que estreou no mercado em novembro de 1956.
Segundo a Fundação Romi, as medidas são extremamente compactas: apenas 2,28 m de comprimento, 1,38 m de largura, 1,34 m de altura e minúsculo 1,50 m de distância entre-eixos.
A título de comparação, o já pequeno Fiat Mobi é consideravelmente maior, com seus 3,60 m de extensão.
Quanto à parte mecânica, o baixo consumo é proporcionado pelo baixo peso e também pela motorização diminuta.
De 1956 a 1958, o Romi-Isetta era comercializado com motor Iso de 236 cm³ de dois tempos, capaz de render 9,6 cv.
De 1959 à despedida, em 1961, o modelo trazia motor mais potente, com quatro tempos, 298 cm³ e fabricado pela BMW. Com ele, a potência sobe a 13,2 cv.
A Fundação Iso informa que, independentemente do propulsor, a velocidade máxima é de 85 km/h. O câmbio é sempre manual de quatro marchas com tração traseira.
Releitura 100% elétrica
A ideia do Isetta é tão boa e condizente com os tempos atuais que surgiu uma releitura elétrica, cujas reservas acabam de começar na Europa.
Com preços a partir de 12,5 mil euros (cerca de R$ 67,5 mil na conversão direta), o Microlino 2.0 é feito na Itália e traz vários dos conceitos introduzidos pelo Isetta original - incluindo a única porta, posicionada na dianteira.
Fabricada na Itália pela Micro, a novidade traz motor de 17,2 cv e 9,1 kgfm e tem versões com autonomia de 95 a 230 km.
Pesando 535 kg, tem velocidade máxima de 90 km/h, segundo a fabricante.
O Microlino 2.0 mede 2,52 m de comprimento, 1,47 m de largura e 1,50 m de altura. Destaque para o compartimento de bagagens, que totaliza 230 litros.
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