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Festa Junina: posso beber quentão e dirigir meu carro? Veja o que diz a lei

Quentão é bebida tradicional das festas juninas - Getty Images
Quentão é bebida tradicional das festas juninas Imagem: Getty Images

Felipe Mendes

Colaboração para o UOL

24/06/2022 04h00

Foram dois anos seguidos sem festas juninas e, por isso, o mês de junho foi bastante movimentado com essa tradição. O Dia de São João é comemorado hoje, com promessa de muitas quermesses pela frente. Sendo assim, vale responder a dúvida de muitas pessoas: posso beber vinho quente ou quentão, bebidas típicas da data, e dirigir?

Você já deve ter ouvido alguém dizer que na hora do preparo das bebidas, o álcool da cachaça ou do vinho evapora, uma vez que foi fervido. Essa seria uma excelente notícia para os motoristas pensando na Lei Seca (e principalmente, claro, na segurança - se beber, não dirija), mas a realidade é que não é bem assim.

Você está certo se pensa que o ponto de ebulição do álcool é menor do que o da água (78ºC) e, portanto, ao ferver o líquido a substância vai evaporar. Contudo, ao misturá-lo com água, frutas, açúcar, gengibre, ele não vai evaporar sozinho.

"Existe um erro em achar que você vai colocar o álcool para evaporar e ele vai evaporar sozinho numa mistura que tem água. Eles formam um composto chamado azeotrópico. Pela polaridade que existe no álcool e a polaridade que tem na água, eles ficam 'unidos', e o vapor que faz quando você está esquentando o vinho quente ou quentão não tem só o álcool, mas tem água também. O ponto de ebulição se mistura", explica Rogério Machado, professor de Química da Escola de Engenharia do Mackenzie.

O professor explica que o quentão acaba sendo mais "perigoso" do que o vinho quente, já que a concentração de álcool na cachaça, produto utilizado na bebida, é bem maior do que no vinho. "A quantidade de álcool diminui durante o preparo? Claro que sim, mas não é uma queda exacerbante. Ou seja, não acabei com o álcool, aquilo continua sendo uma bebida alcoólica", diz o professor.

Já no caso do vinho quente, os ingredientes são os vilões. "A água absorve as substâncias sólidas que estão na mistura, como gengibre, cravo, frutas, deixando a ebulição mais difícil. Evapora muito pouco álcool durante o preparo", explica Rogério Machado.

Ou seja, se a preocupação for evitar ser pego em alguma blitz, sob aspecto algum você deve consumir as bebidas típicas nas festas juninas. "Tomar um vinho quente e fazer um teste do bafômetro, possivelmente vai trazer um resultado ruim ao motorista. Não se aconselha nunca uma bebida alcoólica antes de dirigir, mesmo que colocada para evaporar", finaliza.

O que diz a lei?

A Lei Seca segue gerando muita discussão e dúvidas nos brasileiros. A mais nova decisão foi tomada pelo Superior Tribunal Federal (STF) no dia 18 de maio deste ano, que reconheceu como constitucional as medidas de fiscalização, como a utilização do bafômetro.

O Código de Trânsito Brasileiro prevê tolerância zero ao consumo de álcool, com margem de erro de 0,04 mg/L relativa à aferição do equipamento no teste do bafômetro.

A multa para quem dirigir sob influência de álcool, ou se recusar a fazer o teste do bafômetro é de 10 vezes o valor referente a infração gravíssima, totalizando R$ 2.934,70. O condutor ainda pode ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por 12 meses e cumprir pena de seis meses a três anos de detenção, caso a embriaguez seja constatada.

Em comunicado publicado ainda em 2019, na última festa junina antes do início da pandemia, o Detran-SP alertou os condutores sobre o consumo de bebidas alcoólicas durante as festas juninas.

"Uma dica do Detran-SP para que o condutor curta os festejos sem culpa e sem multa é prestigiar as festas do bairro onde mora. Caminhar até o local. Aproveitar o convívio com a cidade e perceber coisas que, quando se está ao volante, raramente se vê", afirmou a autarquia.

Além disso, o órgão de trânsito lembrou que a pena para os condutores que forem reincidentes na Lei Seca é dobrada. "Pela Lei Seca, todos os motoristas flagrados em fiscalizações têm direito a ampla defesa, até que a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) seja efetivamente suspensa. Se o condutor voltar a cometer a mesma infração dentro de 12 meses, o valor da multa será dobrado", diz o comunicado.

Ou seja, foram dois anos sem festas juninas, a empolgação para matar a saudade dessa festa típica é grande, mas os condutores devem sempre lembrar que bebida alcoólica e volante nunca é uma boa combinação para o bolso e, principalmente, para a segurança.

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