Quadrilha é suspeita de apagar multas do Detran-SP e desviar R$ 180 milhões
Uma quadrilha está sendo investigada sob suspeita de ter apagado 580 multas de trânsito no sistema do Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo). A Polícia Civil calcula que R$ 180 milhões foram desviados do cofre do estado, já o Detran não possui uma estimativa exata, segundo a TV Globo.
Ontem, a Polícia Civil fez uma operação de busca e apreensão na casa da suspeita de chefiar o esquema, uma despachante de 35 anos, em Salto, região de Sorocaba. A propriedade tem piscina, cozinha americana e vários cômodos, a polícia acredita que a mansão foi comprada com dinheiro desviado. O imóvel foi bloqueado pela Justiça.
De acordo com a TV Globo, a despachante pagava uma mensalidade para ter uma senha "master", que apenas servidores públicos de cargos importantes possuem. O delegado Fabio Daré explicou que havia duas formas de acesso ao Detran: por funcionário ou por meio de quebra de senhas, que é quando há o envio do e-mail para alguém específico da empresa e, se a pessoa abre a mensagem, a conta dela é hackeada.
A investigação começou há quatro meses quando um funcionário do órgão foi procurado pela quadrilha e uma mulher ofereceu dinheiro para que ele fornecesse a senha de acesso para o sistema de multas. Antes do encontro marcado, o servidor avisou a empresa e a polícia, que prendeu a mulher em flagrante por corrupção.
Segundo a suspeita, que teve o celular analisado pela polícia, ela mostrou que, em apenas um dia, 580 multas haviam sido apagadas do sistema.
A fraude começa quando o motorista infrator procura um despachante do esquema porque que não quer pagar a multa de trânsito. O despachante oferece o serviço chamado de "quebra da multa", em que o valor é retirado do sistema. A taxa cobrada é de 20% do valor da infração, que iria para o estado. Parte do dinheiro fica com o despachante e outra parte vai para a chefe da quadrilha, conforme mostrou a investigação.
Juan Sanchez, diretor de Fiscalização do Detran, afirmou que as multas serão recolocadas no sistema e que os proprietários dos veículos terão "aborrecimentos". "Eles terão grandes aborrecimentos. Com esse bloqueio, o veículo automaticamente perde a condição de ser vendido, ele não pode ser licenciado e não pode circular. Na medida que não pode circular, se ele for flagrado numa fiscalização ele será removido para um pátio", disse ele, à emissora.
Daré também afirmou que uma investigação será realizada para que se descubra se mais funcionários do órgão participaram do esquema.
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