De Onix a Compass: por que carros zero km estão consumindo mais combustível
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) divulgou recentemente a tabela atualizada do PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem) veicular, trazendo o consumo médio de automóveis e comerciais leves zero-quilômetro vendidos no Brasil.
A lista já inclui as adequações necessárias para atender os limites mais rígidos de emissões que passaram a valer no início deste ano, quando entrou em vigor a fase L7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Além de poluir menos, boa parte dos carros listados também apresentou redução no gasto de combustível.
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Contudo, quando comparamos as médias informadas pelo Inmetro no ano passado com os números recém-divulgados em 2022, determinados modelos elevaram o respectivo consumo. Chevrolet Onix, Jeep Compass, Toyota Yaris Hatch e Citroën C4 Cactus são alguns exemplos.
Na configuração básica, equipada com motor 1.0 flex aspirado e câmbio manual de seis marchas, o consumo médio do Onix subiu de 1,40 MJ/km (mega joule por quilômetro) em 2021 para 1,42 MJ/km em 2022 - quanto maior o número, menos eficiente o carro fica. A piora foi pequena: na medição do ano passado, o hatch fazia 13,9 km/l de gasolina na cidade, contra 13,8 km/l neste ano.
O gasto do Onix Plus com o mesmo conjunto mecânico também aumentou, passando de 1,34 MJ/km para 1,38 MJ/km.
Quanto ao Jeep Compass, o SUV médio mais vendido consumia 1,93 MJ/km na configuração Sport, dotada de motor 1.3 turbo flex e câmbio automático de seis marchas, ante 1,96 MJ/km em 2022.
Por sua vez, o C4 Cactus Live 1.6 automático viu o consumo aumentar de 1,80 MJ/km para 1,84 MJ/km, enquanto no Toyota Yaris Hatch XS 1.5 CVT subiu de 1,62 MJ/km para 1,65 MJ/km.
De fato, as variações são quase irrisórias, contudo fica a pergunta: por que o consumo desses e de outros automóveis piorou, ainda que marginalmente, enquanto outros ficaram mais eficientes? O VW T-Cross Sense, por exemplo, passou de 1,81 MJ/km a 1,66 MJ/km.
Segundo especialista consultado por UOL Carros, a piora em muitos casos pode ser explicada pela tolerância entre a medição feita seguindo parâmetros anteriores ao Proconve L7 e a atual - trata-se de uma espécie de "margem de erro" prevista pela legislação.
"Como o Inmetro tem essa tolerância, alguns veículos apresentaram alta no gasto de combustível mesmo sem receber qualquer modificação relacionada a consumo. Em 2022, todas as montadoras tiveram de alcançar redução média no consumo superior a 12%, considerando a respectiva frota e não carros individualmente. Algumas decidiram otimizar apenas modelos com maior volume de vendas e, mesmo assim, cumpriram a exigência legal", explica Erwin Franieck, diretor-presidente do Instituto SAE4Mobility - vinculado à SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade).
Franieck acrescenta que marcas também anteciparam a adequação de alguns automóveis já em 2021 e, portanto, seu consumo não mudou neste ano - ou variou dentro da referida tolerância.
Montadoras justificam variação no consumo
Questionada, a Toyota apresentou justificativa semelhante à do engenheiro da SAE Brasil em relação ao Yaris Hatch, destacando que a variação no consumo entre a fase 6 do Proconve e a sétima etapa é inferior a 2%.
"Para 2022, devido à fase 7 do Proconve, o Yaris teve de ser certificado novamente, passando por todo o processo de testes outra vez. Como todo processo, o teste de consumo permite variação, dentro das tolerâncias autorizadas pelos órgãos de controle. Este modelo continua atendendo as legislações de controle de emissões vigentes",
A Jeep, por outro lado, afirma que a elevação no gasto de gasolina ou etanol no Compass Sport se deve a um pequeno aumento no peso do utilitário esportivo.
"A linha 22/22 do Compass Sport com motor 1.3 turbo flex ganhou alguns equipamentos, como rodas de 18 polegadas e teto solar opcional, que contribuem com o peso do carro e afetam minimamente o seu consumo. Para efeito de homologação, todos os opcionais do modelo são considerados no momento da avaliação", diz a montadora.
Ja a General Motors destaca que as mudanças de calibração e outras alterações nos seus veículos, motivadas pelo Proconve L7, proporcionaram uma redução de até 43% nas respectivas emissões.
A marca também salienta que buscou um equilíbrio entre emissões, dirigibilidade e consumo.
"No fim do ano passado, promovemos uma série de aperfeiçoamentos tecnológicos nos nossos veículos, com mudanças importantes em sistemas como o de exaustão e de armazenamento e distribuição de combustível. Outra alteração está na inteligência dos softwares que gerenciam motor e câmbio. Essa nova calibração teve o objetivo principal de atender as normas vigentes sem perda de potência".
A GM diz, ainda, que está "adotando tecnologias que serão requeridas apenas em fases futuras do programa, como o sistema que controla e reduz a emissão de vapores tóxicos do tanque durante o processo de abastecimento".
Procurada, a Citroën não se manifestou até agora.
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