Gasolina nas alturas faz GNV virar boa opção? Veja custos e se vale a pena
Combustível ficando mais barato? É uma realidade que vale para apenas um: o gás natural veicular, o famoso GNV. A opção tornou-se mais viável e, segundo o levantamento da Ticket Log, tem ficado mais em conta.
De acordo com os números divulgados pela empresa, no levantamento do primeiro semestre, o metro cúbico de GNV teve preço médio de R$ 4,92, sendo que no dia 30 de junho, atingiu R$ 4,72. Uma tendência de baixa que ainda tem que ser confirmada ao longo de julho.
Bem abaixo da média de R$ 7,29 do litro da gasolina e dos R$ 5,79 do etanol, ambos com tendência de alta, mas que pode mudar um pouco com a nova política de combustíveis. Algo que ainda está para se confirmar.
"Quando comparamos com a gasolina, vemos que o preço dela tem uma volatilidade, um aumento muito mais rápido. Tanto a gasolina como o diesel têm suas pressões internacionais, situações que acabam interferindo no preço, que sobe muito mais rápido. O etanol é menos sensível", analisa Fernanda Mansano, economista e professora de Análise de Cenários Econômicos no Ibmec-SP.
Os preços têm ajudado no aumento no uso de GNV. Segundo a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), a tendência de alta para o uso veicular foi de 19,2% no primeiro trimestre - os dados do semestre ainda não foram compilados -, o maior aumento entre todos os segmentos calculados pela instituição, ultrapassando os setores industrial, comercial, residência e de cogeração.
A única baixa no uso foi da geração elétrica, que recuou 42,2%, uma diminuição causada pela queda de uso industrial do combustível, algo motivado pela melhoria na situação hídrica do país, indica a Abegás.
O preço médio de instalação do kit GNV de quinta geração fica entre R$ 4.500 e R$ 5 mil, mas pode ser maior para veículos equipados com injeção direta - a maioria é vendida por R$ 6 mil ou pouco mais. O tamanho do cilindro (ou cilindros) varia de acordo com o seu espaço disponível, o que pode aumentar um pouco a conta.
Como recordar é viver, a Fiat foi a última marca a oferecer GNV de fábrica, mas o Grand Siena Tetrafuel, entretanto, saiu de linha em 2016. O fabricante ainda apostou em vender o equipamento como opcional - custava R$ 5 mil -, contudo, isso foi em 2021.
Será necessário rodar bem para pagar por ele. Muito usado por motoristas de aplicativos e taxistas, o gás costuma valer a pena por volta de 25 mil a 30 mil km. De acordo com levantamento da empresa KBB (Kelley Blue Book), a quilometragem média rodada pelos motoristas brasileiros é de 12.900 km.
Quanto tempo leva para se pagar?
Motoristas particulares também veem vantagens no uso de GNV. "Para mim, ainda está valendo a pena, eu rodo por dia cerca de 20 km, e o meu cilindro de GNV é de 16 metros cúbicos, o que dá para chegar a 200 km ou um pouco mais. O máximo que rodei na cidade foram 220 km. A diferença de custo é visível, para eu rodar com gasolina, mesmo o gás tendo subido, eu pagaria mais do que pago hoje. Eu encho o cilindro por volta de R$ 80, mas era por R$ 45 nos tempos antigos, mas, mesmo assim, para rodar 200 km, eu iria pagar muito mais com gasolina", afirma Alessandro Rocha Vieira, motorista.
Uma outra vantagem é o desconto no IPVA, algo aplicado em muitos estados. No Rio de Janeiro, o corte é grande. Enquanto carros movidos a gasolina/etanol pagam 4%, os que usam GNV têm alíquota de 1,5%.
Para você ter uma ideia, o Hyundai HB20 - o carro de passeio mais vendido do Brasil até maio, segundo a Fenabrave - custa R$ 74.590. A alíquota de IPVA no Rio de Janeiro é de 4%, uma conta com preço de R$ 2.983. Com o GNV, o valor cai para R$ 1.118, o que ajuda a acelerar a vantagem de se usar o gás natural veicular.
Quais são as desvantagens
Há outros pontos a serem levados em consideração. Um deles é a rede de abastecimento de GNV disponível em sua região. Não é tão simples instalar um gasoduto para fornecer o gás.
"Pode desvalorizar o carro também, especialmente para pessoas físicas, às vezes pode perder o valor de mercado na hora da revenda. Quem vai comprar nem sempre daria mais valor, até pelas mudanças mecânicas. Se der uma mudança no motor ou estrutura. A pessoa física talvez não coloque tanto valor nisso", relembra Fernanda Mansano.
Outro é a questão da fiscalização/vistoria, algo indispensável. É importante lembrar que o abastecimento é mais demorado do que com gasolina e etanol, pit stops mais longos serão inevitáveis.
Itens de desgaste natural também devem ser contabilizados, pois freios, suspensão e outros componentes vão durar menos tempo. Dependendo dos custos de manutenção do seu veículo, talvez isso encareça demais a conta - imagine só aquele Audi ou BMW tendo que parar mais na oficina.
A vistoria anual pode ser um empecilho para alguns. "Só para constar, não sou contra ter a vistoria do GNV, tendo em vista o perigo que é ter um vazamento, mas os itens que são revisados e o fato de ser anual é complicado. Eu acho que a vistoria é do GNV, deveriam verificar os itens ligados ao sistema de gás, não uma vistoria do tipo Detran", afirma Daniel Martins, profissional de TI.
Ele parou de usar o gás por conta destes e outros problemas, incluindo aí o uso de equipamentos que não funcionavam tão bem quanto os de nova geração e também o fato de o seu carro ser mais antigo e não pagar o IPVA, o que diminuía as vantagens de custo.
O espaço exigido para a instalação do equipamento também deve ser levado em consideração. O porta-malas de um sedã compacto pode ter metade do seu volume ocupado. Nem é necessário falar que a questão piora caso você tenha um hatch compacto.
Ainda é necessário salientar outro ponto: o desempenho será afetado. Caso o seu carro tenha pouca potência e torque, pode esperar por uma lentidão bem maior. É possível estimar uma perda superior a 20%. E sempre escolha um fornecedor de kit com a certificação do Inmetro. Caso não, a economia sairá bem cara.
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