Picapes 'pegando fogo': por que modelos substituirão cada vez mais os SUVs
Três frentes de batalha. Seria um pesadelo para qualquer exército, porém, é isso que tem acontecido com as picapes. É uma guerra contra os SUVs, que, acuados, precisam se proteger. O conflito envolve três forças de ataque: médias pequenas, médias e grandes.
Mas por que as pessoas estão cada vez mais optando pelas picapes? A primeira resposta é que elas são tão práticas quanto os carros de passeio ou SUVs. Não há mais aquela rusticidade pura, dado que as versões para o lazer deixaram de responder por uma pequena parcela de vendas.
Vamos pegar a Strada como exemplo. As versões de lazer correspondem a 50% do total de vendas, de acordo com a Fiat, uma mudança e tanto em relação aos 5% da antiga versão Adventure, a única que era voltada mais para lifestyle.
Voltando ao modelo da Fiat, a picapinha tem tamanho razoável, leva cinco passageiros e tem espaço de sobra, além de ter opção com câmbio automático. E ostenta um senhor "porta-malas" na traseira, o que deixa ela adaptada para a função dupla de automóvel do dia a dia e de utilitário para o lazer.
Mais ou menos o mesmo discurso de liberdade criado pelos departamentos de marketing durante o boom dos SUVs. Vender a possibilidade de levar mais coisas dentro de um pacote compacto ou médio é sempre um bom argumento, mesmo que isso seja algo que não seja feito com frequência.
"A indústria percebeu que uma das coisas que os clientes falavam nos feedbacks era o fato de as picapes ainda serem pensadas para o trabalho. Foi ali que percebemos que o cliente levava a família e usava a picape como veículo de passeio. Elas deixaram de ser exclusivas para o trabalho e viraram uma opção de vida, com liberdade para transportar uma carga, exemplos de uma prancha de surf ou bicicletas. Ou até para oferecer a capacidade de transportar uma carga pesada. Essa sensação de liberdade é muito bem vista pelo consumidor", conta Helder Almeida, coordenador dos cursos de engenharia do Ibmec BH.
Há um ponto em que a estratégia de mercado das picapes é igual a dos SUVs: lucratividade. Carros menores não dão dinheiro, enquanto os utilitários conseguem ser lucrativos até nas classes compactas. Imagine só nas médias e nas grandes.
"Seja média pequena ou grande, o subsegmento é muito mais rentável. Quanto mais sofisticado o veículo, mais ele será lucrativo para o fabricante. Se o preço subir a um patamar razoável, o lucro seguirá o mesmo caminho. Somado a isso, todas as picapes grandes não têm grandes volumes, mas é rentável e tem uma bela margem", resume Cássio Pagliarini, sócio da Bright Consulting.
A menina dos olhos é o segmento das médias pequenas. Dominado pela Toro, o subsegmento deixou de ser de nicho e atraiu várias marcas. A maior novidade é a nova Chevrolet Montana, que promete ter mais espaço que a rival Fiat e sempre virá com motor 1.2 turbo. Oferecer opção a diesel deixou de ser fundamental para picapes acima das compactas.
Da mesma maneira que a tração 4X4. Nem por isso os fabricantes não se esqueceram da performance na terra, a Strada tem bloqueio eletrônico de diferencial, a Toro tem opção 4X4 e as médias já são afeitas aos lamaçais, território que também não mete medo nas grandes.
Há espaço para importadas: a Ford Maverick é o carro chefe da linha de importados da marca e chegou a vender mais que a RAM 2500 em maio.
Lançamentos que estão para chegar
Usar uma picape como carro de passeio parece a pretensão das marcas que não tem sequer tradição no segmento. Tirando a utilitária 504 (além de poucas conversões), a Peugeot é uma das novas aventureiras. A picape média Landtrek promete ser uma nova aposta de respeito.
O segmento das médias receberá outras competidoras. A nova Volkswagen Amarok não virá para o Brasil, o modelo será apenas reestilizado no nosso mercado. Mas a Ranger, que utiliza a mesma base da nova Amarok, será vendida por aqui a partir do ano que vem. A nova Chevrolet S10 também deve seguir o mesmo caminho, embora o seu lançamento não esteja previsto para acontecer antes do final de 2023.
De acordo com o Auto Segredos, a Stellantis planeja uma picape média do tipo monobloco - não usa o chassi comum nas médias. Maior do que a Toro, o utilitário deve ser vendido com a marca RAM.
Falando em RAM, o subsegmento das grandes se tornou um sucesso graças aos modelos da marca. A 2500 já gerou uma nova família, que passou a ter a 1500 e 3500. A primeira é equipada com motor V8 a gasolina, uma revolução que a transforma em uma muscle picape.
"A RAM é vendida acima de R$ 400 mil e tem 10 meses de fila de espera. Esse mercado está aquecido, as montadoras estão cientes e, por isso, estão fazendo apostas. Nunca vimos fila assim para os modelos grandes, várias montadoras trazendo novos veículos", explica Helder.
Foi o que bastou para incentivar a Ford a lançar a F-150, enquanto a Chevrolet também decidiu trazer a Silverado. Serão versões de luxo e performance, embora os motores ainda não tenham sido revelados, já sabemos que o objetivo é servir de alternativa aos SUVs de luxo.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.