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Como o carro mais feio da história foi parar na garagem de Felipão

Acervo do Miau (Museu da Imprensa Automotiva)
Imagem: Acervo do Miau (Museu da Imprensa Automotiva)

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/07/2022 04h00

Vendido no Brasil pela Ford em meados dos anos 90, o Taurus de terceira geração aparece constantemente nas listas de carros mais feios da história.

Beleza é um conceito subjetivo, mas não dá para negar que o sedã de grande porte fabricado nos Estados Unidos foge do convencional, com seu desenho cheio de elementos ovais - que até hoje rende comparações com baratas e bagres. Aqui, o modelo teve vida curta, mas isso não o impediu de frequentar a garagem do técnico de futebol Luiz Felipe Scolari.

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Há alguns dias, surgiu no Facebook a foto do treinador recebendo a chave de um Taurus LX 1997, aparentemente no centro de treinamentos do Palmeiras, na época da sua primeira passagem pelo clube paulista, entre 1997 e 2000.

A imagem integra o acervo do Miau (Museu da Imprensa Automotiva), que gentilmente a cedeu para ilustrar esta reportagem. Quem entregou a chave do Taurus a Luiz Felipe foi Flavio Padovan, que na ocasião era diretor de Serviço ao Cliente da Ford no Brasil.

Terceira geração do Ford Taurus foi lançada em 1996 nos EUA e chegou ao Brasil no ano seguinte - Reprodução - Reprodução
Terceira geração do Ford Taurus foi lançada em 1996 nos EUA e chegou ao Brasil no ano seguinte
Imagem: Reprodução

Em conversa com UOL Carros, Padovan esclarece que a foto foi tirada em 1999, ano marcado pela conquista da Libertadores pelo Palmeiras.

Hoje sócio da consultoria MRD Consulting, o ex-diretor da montadora norte-americana revela que o carro polêmico, na verdade, não pertenceu ao técnico.

"Nunca foi dele. A Ford emprestou o Taurus durante três meses para Felipão experimentar o veículo, com a opção de adquiri-lo. Ele disse que gostou muito do carro, mas o devolveu após o fim do empréstimo", conta.

Como bom palmeirense, Flavio Padovan fez questão de entregar ele mesmo o veículo a Scolari, que posou para a foto após o treinamento daquele dia.

Naquele tempo, Luiz Felipe vivia um "momento muito bom" no Palmeiras, segundo as palavras do então executivo da Ford, e essa notoriedade ajudaria a divulgar o sedã.

Formas ovais são visíveis em várias partes do sedã, reproduzindo o formato do emblema azul da Ford - Reprodução - Reprodução
Formas ovais são visíveis em várias partes do sedã, reproduzindo o formato do emblema azul da Ford
Imagem: Reprodução

Polêmicas à parte, o Taurus era imponente e chamava a atenção nas ruas brasileiras em uma época na qual eram poucas as opções de carros mais luxuosos no País - a abertura do mercado à importação de veículos ainda não tinha completado dez anos.

"Lançada nos EUA em 1996, a terceira geração rompeu com o desenho mais quadrado e convencional da anterior. O visual chocou e rendeu muitos comentários, negativos e também positivos. Teve gente que gostou da aparência arrojada e moderna, comparando-a com naves espaciais de histórias de ficção científica", relata Padovan.

O consultor acrescenta que também dirigia um Taurus, que há 25 anos era o modelo mais sofisticado da Ford no Brasil, e elogia o desempenho e o conforto proporcionados pelo sedã de 5 m de comprimento e 1,85 m de largura.

"Muitos criticavam a aparência, mas quem dirigia, gostava".

Apesar das qualidades, as vendas do Taurus oval não decolaram nos Estados Unidos, onde as gerações anteriores fizeram bastante sucesso, e no Brasil foram ainda menores.

Banco elétrico e motor V6

Cabine do Taurus de 3ª geração também aposta em elementos ovais; carro traz extensa lista de itens de série - Reprodução - Reprodução
Cabine do Taurus de 3ª geração também aposta em elementos ovais; carro traz extensa lista de itens de série
Imagem: Reprodução

Essa geração do Taurus foi comercializada aqui exclusivamente na configuração LX, equipada com motor V6 3.0 de 200 cv e 27,6 kgfm, câmbio automático de quatro marchas e tração dianteira.

Com esse conjunto, o modelo é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em cerca de dez segundos e atingir velocidade máxima de 219 km/h - números que até hoje não fazem feio.

A ficha técnica informa que o porta-malas tem capacidade para razoáveis 447 litros e a distância entre-eixos mede bons 2,76 m.

Em 1997, era vendido por cerca de R$ 50 mil e trazia de série abertura do porta-malas por controle remoto, ar-condicionado automático, airbag para motorista e passageiro, banco do motorista com ajustes elétricos, direção hidráulica, controle de velocidade de cruzeiro, ABS, toca-fitas com disqueteira para CDs, vidros, travas e retrovisores elétricos e volante revestido de couro.

Podia ser equipado opcionalmente com bancos de couro e teto solar elétrico.

Não conseguimos descobrir o paradeiro atual do Taurus que Felipão experimentou - o carro hoje está registrado em Itapetininga (SP) em nome de um empresário.

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