Falsos leilões: golpe se multiplica na web com promessa de carros baratos
Uma das consequências da pandemia foi o aumento das compras e transações financeiras pela internet. O estilo de negócio tem muitas vantagens, mas também pode deixar alguns consumidores mais suscetíveis a golpes, como é o caso das pessoas que arrematam carros em leilões. Nos últimos três anos, mais de 2 mil sites falsos foram identificados, causando prejuízos milionários a milhares de vítimas.
A Associação de Leiloeiros Oficiais do Estado de São Paulo (Aleoesp) identificou, desde 2019, 2.099 sites de leilões falsos. Em 2021, foram relatados 1.063 endereços eletrônicos de leilões fraudulentos, mais do que o dobro do que havia sido descoberto em 2020: 510. De 2016 a 2019, 420 endereços virtuais foram localizados. Essas páginas utilizam os nomes de Detrans, bancos, juntas comerciais e leiloeiros oficiais para enganar os compradores.
Leslie Caram Petrus, delegada de polícia da 4ª Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas, explica que o aumento desse tipo de crime não tem relação direta com a pandemia, mas com o comportamento do consumidor de fazer mais compras pela internet. Ela explica que as quadrilhas agem, cada vez mais, de forma profissional, com endereço comercial e até equipes de call center.
"As quadrilhas maiores alugam salas, montam uma central de atendimento com departamentos bem específicos, com computadores, linhas telefônicas, páginas na internet e, é claro, endereço falso", conta a delegada.
A responsável pelas investigações explica que as quadrilhas expõem fotos de carros com valores abaixo do mercado, quando as pessoas se mostram interessadas, começa uma teia para forjar legalidade. "A vítima passa por vários trâmites: há ligações para fazer cadastro, informar aprovação, coletar um lance. Tudo isso feito por funcionários de setores diferentes dentro da 'empresa'. Por fim, é pedido um depósito".
Via de regra, após o depósito, o leiloeiro golpista informa o endereço para entrega do carro, mas quando chega lá, é falso. Em São José dos Campos (SP), uma mulher perdeu R$ 30 mil ao arrematar uma moto em leilão. Segundo a vítima, uma pessoa da empresa falsa entrou em contato por telefone para ajudá-la com os trâmites. No Paraná, um professor perdeu R$ 41 mil na compra de um carro, e só percebeu a fraude ao chegar para buscar o carro em um endereço falso.
Difícil identificação
A delegada Leslie Caram Petrus explica que, apesar de a polícia já ter identificado e autuado diversas quadrilhas, existe uma dificuldade: os depósitos são feitos em contas de terceiros, laranjas que são utilizados, muitas vezes, apenas para uma transação. O que dificulta a identificação.
"Temos feito um trabalho bem grande identificando e percebendo contas usadas só para isso. Quando é recorrente a entrada de uma alta quantia de dinheiro que é repassada em quase sua totalidade rapidamente. Nesses casos, pedimos bloqueio. Mas é mais difícil do que lidar com crimes violentos, porque nesse tipo de prática, o criminoso responde em liberdade e continua realizando crimes", explica.
Por isso, ela explica que é importante um trabalho de conscientização à população para que não caiam em golpes. Para ela, a maior precaução é ir conhecer o veículo pessoalmente antes de dar um lance. "Também é importante checar a placa para saber se não é fruto de roubo", alerta.
Como se precaver?
Devido ao enorme número de sites de leilões falsos, desde dezembro, a Receita Federal vem alertando os cidadãos para a identificação de páginas fraudulentas na internet que tentam simular o Sistema de Leilão Eletrônico (SLE) oficial da Instituição. "Os falsos endereços usam inclusive o logotipo da Receita Federal indevidamente para dar credibilidade ao serviço. Essas páginas, embora visualmente semelhantes à original, são falsas e, portanto, não são fonte confiável de informação".
A Receita Federal esclarece que os leilões de mercadorias apreendidas pela Instituição não são realizados em sites privados. O único canal disponível é o Sistema de Leilão Eletrônico, acessado via site oficial da Receita Federal. O sistema está disponível no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) para realização de propostas e lances.
Para participar de leilões eletrônicos da Receita Federal é necessário possuir certificado digital. Também há outro detalhe muito importante: o pagamento pelas mercadorias arrematadas em leilão é feito por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), semelhante a um boleto, e nunca mediante depósitos ou transferências para contas de terceiros.
A instituição também afirma que, ao identificar sites fraudulentos, solicita a retirada do ar o mais breve possível, mas às vezes o processo é dificultado porque muitos deles estão hospedados em servidores fora do Brasil.
Leiloeiros oficiais
Quando se trata de pregões realizados por leiloeiros oficiais, autorizados pela Junta Comercial para a função, um cuidado a mais pode ser tomado. A Aleoesp disponibiliza uma lista com nomes, telefones e sites desses profissionais no endereço https://www.aleoesp.org.br/home/LeiloeirosBR. E alerta para que o cidadão nunca faça depósitos em contas que não estejam ligadas ao CPF de um leiloeiro oficial, presente na lista acima.
Identifique o golpe
O leilão está hospedado em um site brasileiro?
Muitos golpistas hospedam o site em domínios estrangeiros para impedir que ele seja retirado do ar pela Receita Federal. Por isso, se o site não tem o ".br", pode indicar uma furada.
Conheça o carro pessoalmente
Um dos cuidados mais eficazes é ir até o veículo antes de arrematá-lo. É recomendado levar um especialista que possa avaliar as condições do carro e verificar a placa, para saber se não é fruto de roubo e furto.
Cuidado ao fazer depósito
Os leilões de órgãos públicos, via de regra, são pagos por Darf, semelhante a um boleto. No caso de pregões de leiloeiros oficiais, é importante verificar se a conta pertence a um profissional autorizado pela Junta Comercial.
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