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Caminhoneira youtuber: "Me perguntam se gosto de mulher por ser motorista"

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Carolina Barros Lopes

Do UOL em São Paulo (SP)

15/07/2022 04h00

Nascida e criada em São Bernardo do Campo (SP), Marcia Alves de Oliveira, apelidada carinhosamente de Marcinha pelos seus fãs em suas redes sociais, ganha a vida pelas estradas do país realizando seu maior sonho: dirigir um caminhão. A mulher faz sucesso no mundo virtual e acumula mais de 220 mil seguidores no Instagram, TikTok e Youtube.

Com vídeos frequentes, a paulista de 42 anos conta sua trajetória até alcançar seus objetivos, incentivando mulheres a tirarem a habilitação para conduzir caminhões e carretas, além de tratar sobre questões relevantes como machismo, maternidade e sexualidade pelos caminhos da profissão. Hoje, Marcia trabalha em uma empresa terceirizada de transporte de peças da Scania, mas nem sempre foi assim.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Crescer, 94% das mulheres sentem dificuldade em conciliar trabalho com a maternidade. Com Marcia não foi diferente. Antes de atingir uma de suas maiores metas de vida, a mulher, que se considera feminista, enfrentou muitas barreiras impostas pela sociedade.

"Eu já tinha a habilitação em mãos, mas ela ficou guardada na gaveta por mais de 11 anos. Resolvi adiar meus planos de ser caminhoneira por conta dos meus filhos. Tive medo de deixar as crianças aos cuidados de outras pessoas sem a presença do pai (também caminhoneiro) e da mãe no dia a dia."

Além da forma de criação dos filhos, outro ponto que as pessoas questionavam era sua sexualidade. "Às vezes me perguntam sem jeito se gosto de mulher por ser caminhoneira. Sempre respondo indagando se um homem que é chefe de cozinha necessariamente tem que ser gay. E completo dizendo que não há problema nas formas do amor."

A paixão pelo volante está presente em sua vida desde cedo. Seu pai era mecânico de veículos pesados e Marcia sempre o acompanhava no trabalho. Por isso o pai tinha diversos colegas que eram motoristas de ônibus que levavam a menina para passear de um terminal a outro durante a infância.

O gosto pela profissão foi tão grande que Marcia foi motorista de ônibus no município de Diadema, mas relembra que o machismo sempre esteve presente independente do local de trabalho.

"Uma mulher que costumava embarcar na linha que eu era responsável questionou com um colega se havia diferença salarial entre nós dois, argumentando que o correto seria ele receber mais por ser homem. Ele rebateu dizendo que dirigia tão bem quanto ele."

Hoje o salário não é um grande problema, mas as dificuldades financeiras já fizeram parte da história de Marcia. Após a saída da empresa de ônibus, ela decidiu comprar seu próprio caminhão e seguir como autônoma, mas poucos meses após a sua aquisição o motor da carreta quebrou e Márcia ficou desempregada.

Uma vaquinha online foi criada e contou com apoio de grandes nomes do meio como Sheilla Bellaver. "Eu acompanhava a Sheila pelas redes sociais, chegamos a fazer um trabalho juntas, mas não éramos próximas. Com o tempo viramos amigas, e ter esse relacionamento com ela é especial, já que a admiro muito."

Márcia ainda completa, "meus objetivos foram alcançados, mas ainda tenho muitas metas. Pretendo ter a minha própria frota, incentivar mais mulheres a seguirem seus sonhos e poder trabalhar ao lado dos meus filhos no ramo, já que eles também são apaixonados e sonham em ser caminhoneiros."

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