Por que Jeep Renegade não conseguiu retomar a liderança dos SUVs
O Jeep Renegade é um fenômeno. Lançado em 2015, o SUV figura na lista dos mais vendidos do seu segmento e chegou a ser líder, porém não conseguiu retomar essa posição neste ano. E há uma série de fatores que apontam os motivos pelos quais o modelo terá dificuldade de reassumir o pódio.
Um dos principais é o fato de o segmento estar bem mais amplo do que era no lançamento e nos anos subsequentes. De acordo com os números da Fenabrave, o Renegade vendeu 24.880 unidades até o fechamento do mês de junho, ficando atrás de Volkswagen T-Cross, Chevrolet Tracker e Hyundai Creta, levando em consideração apenas o segmento dos compactos. Com 31.029 carros vendidos no mesmo período, o Jeep Compass também está à frente e só fica atrás do modelo da VW.
É um panorama bem diferente do encontrado em 2015. Foi em março daquele ano em que chegaram ao mercado o Renegade e o rival Honda HR-V. Ambos vieram para competir com o Ford EcoSport, o modelo que começou o movimento dos SUVs compactos no Brasil, e também com o Renault Duster.
Desde então, muitos novos concorrentes vieram, a Jeep expandiu a sua gama e o EcoSport foi descontinuado. A liderança do HR-V no segmento durou até 2019, ano em que o Renegade assumiu a posição e foi aumentando em vendas até se tornar o terceiro carro de passeio mais vendido do país em 2021, segundo dados da Fenabrave. Foram nada menos que 73.913 unidades emplacadas neste período.
Há uma série de razões para o fôlego do Jeep não ter-se mantido em 2022 como era em 2021. UOL Carros conversou com a própria marca e com especialistas para entender qual é o panorama atual do modelo.
Em fevereiro, o Renegade substituiu o antigo motor 1.8 E.torQ e o 2.0 turbodiesel pelo 1.3 turbo de nova geração, um propulsor que poderia dar uma acelerada extra nas vendas. No entanto, é uma questão de oferta e demanda.
"Logo após o relançamento do modelo, modernizado e com motor turbo em todas as versões, a demanda aumentou em mais de 70%", explica Everton Kurdejak, diretor de operações comerciais da marca Jeep. "A capacidade produtiva tem sido alvo de constantes melhorias, mas ainda é impactada pela crise mundial de abastecimento, principalmente semicondutores", complementa.
O fato é que a procura pelo Jeep está alta, o que tem gerado impactos no tempo de espera do carro. De acordo com tabela enviada nesta semana aos concessionários, a versão Série S é a que demanda menos paciência. Seu prazo de faturamento é 30 de setembro de 2022.
Os prazos variam de acordo com a configuração, sempre com data para o último dia do mês: Trailhawk (outubro), Série S com teto e Sport (novembro) e Longitude (dezembro). Aqui vale um adendo: esse é o prazo de faturamento, somente a entrega deve acrescentar cerca de 20 dias a mais. Ainda assim, nada que chegue perto do faturamento projetado para o companheiro Compass Trailhawk, previsto para 31 de dezembro de 2023.
"Sim, há fila de espera e um contínuo esforço para conciliar o gigantesco aumento de demanda com as dificuldades de produção. A Jeep atualmente é a marca com uma das melhores gestões de entrega, trabalhando sempre com muita clareza nas informações e um planejamento de entrega revisado diariamente com a rede de concessionários", defende Everton.
Todos os modelos da marca estão com alta demanda e fila. O Commander será entregue somente em meados do ano que vem aos clientes que fecharem negócio agora. A entrada em linha do SUV para sete pessoas já estava prevista nos investimentos da planta de Goiana, principalmente focado no aumento da produção. A questão é também a alta demanda pelo novo modelo.
Usar tão somente os números de vendas para ter a certeza do panorama de um determinado carro no mercado está cada vez mais difícil. "Alguns números estão distorcidos em um sentido, porque aquele carro pode ter deixado de ser produzido por um tempo ou estar com algum problema de produção. O Chevrolet Onix é um bom exemplo, foi de líder para oitavo. Se algum modelo produz mais por um mês, ele se torna líder", afirma Milad Kalume, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil
O mercado de vendas diretas sempre foi vital para o Renegade. E continua sendo, pois foram comercializados 15.589 carros nessa modalidade, contra 24.880 totais. "Além disso, a política de venda direta via pessoa jurídica torna a opção de compra mais competitiva do mercado. Alguns modelos chegam a 11%", afirma um vendedor do Rio de Janeiro.
Embora tenha deixada de ser oferecida em outubro de 2020, a falta da versão para PcD não chegou a atrapalhar o desempenho do SUV no mercado em 2021. Vendido por preços entre R$ 98.316 e R$ 131.041 (valores de São Paulo), o Fiat Pulse passou a fazer o papel do antigo Renegade PcD, custando bem menos do que a faixa entre R$ 134.315 e R$ 174.716 do Jeep. O lançamento da marca italiana se tornou um sucesso rapidamente. Foram 24.035 modelos emplacados no acumulado até junho, apenas 845 carros a menos que o Renegade.
Há uma outra questão que deve impactar o Renegade nos próximos tempos: a vinda de uma nova geração. Embora tenha sido atualizado ao longo dos anos, o Jeep não poderia escapar do ciclo de vida natural de todos os carros. O SUV atual já completou sete anos de mercado.
"A Stellantis é muito boa em fazer ativações do produto, o chamado minor facelift (reestilização leve), o que é menos caro. Embora tenha recebido novo motor, o Renegade deve estar no fim da vida dessa plataforma ou carroceria, que não muda de fato há muito tempo. Todo veículo tem a sua exaustão", analisa Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting.
Com a chegada do novo Honda HR-V, agora será a vez do Jeep se reinventar novamente e recomeçar a mesma briga iniciada em 2015. No entanto, a briga está longe de ser restrita aos dois.
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