Do desprezo ao sucesso: 4 carros rejeitados que hoje vendem como pão quente
Dizem que o mundo dá voltas, e a expressão vale para os automóveis.
Em diferentes épocas, o Brasil teve categorias e até marcas de carros que simplesmente não caíram no gosto dos consumidores e hoje vendem como pão quente.
Os motivos para essa "virada de mesa" são variados: existem produtos que no passado deixavam a desejar em termos de custo e confiabilidade, mas evoluíram com o passar do tempo.
Também nunca é demais lembrar que o perfil médio dos clientes muda com o passar dos anos, fazendo com que algo antes rejeitado se torne desejado.
UOL Carros selecionou quatro exemplos de veículos ou características de veículos que em determinado momento fracassaram no mercado brasileiro e atualmente fazem bastante sucesso no país. Confira.
1 - Carros com 4 portas
Com a exceção de alguns carros esportivos, hoje a maioria dos automóveis vendidos no Brasil e no mundo tem quatro portas.
A preferência por essa configuração é tamanha que, há algum tempo, as montadoras inventaram os cupês com portas traseiras, combinando visual esportivo com praticidade e mais conforto aos ocupantes do banco de trás.
O último carro com duas portas fabricado no país foi o Volkswagen up!, que passou a ser oferecido apenas com carroceria de quatro portas em 2017, quando a linha 2018 do compacto chegou às concessionárias.
Contudo, nem sempre foi assim: até o começo da década de 1990, quando foi liberada a importação de veículos zero-quilômetro, os brasileiros preferiam as duas portas e carros equipados com quatro eram uma raridade, inclusive entre taxistas.
Prova disso é que até peruas, carros familiares por vocação, eram disponibilizadas apenas com as portas dianteiras: vide os exemplos da Volkswagen Parati, que ganhou quatro apenas na linha 1998, já na geração "Bolinha"; e da Royale, a versão da Volkswagen Quantum lançada pela Ford, que inicialmente também dispensava as portas traseiras.
Parte dessa aversão dos brasileiros às quatro portas é explicada por razões econômicas, pois carros do tipo eram mais caros, e também estéticas: muitos consideravam que portas exclusivas para acessar o banco traseiro deixavam o veículo mais feio.
2 - Motor 1.0 turbo
Atualmente, motor 1.0 sobrealimentado por turbina é sinônimo de boa performance associada à economia de combustível.
Essa motorização está cada vez mais presente nos automóveis, equipando campeões de vendas como Volkswagen T-Cross, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix.
Os consumidores deixaram o preconceito de lado e hoje a maioria entende que, graças ao downsizing, um motor com apenas um litro de cilindrada é capaz de andar mais do que propulsores 2.0 aspirados de um passado não muito distante.
Contudo, motores 1.0 turbinados não foram tão bem recebidos pelos brasileiros quando surgiram no país.
No ano 2000, a VW foi pioneira ao equipar Gol e Parati com propulsor 1.0 16V turbo a gasolina, que rende 112 cv de potência e 15,8 kgfm de torque a apenas 2.000 rpm - números capazes de tirar o hatch da imobilidade para atingir 100 km/h em 10,65 segundos, com velocidade máxima de 190 km/h.
Para se ter uma ideia, a versão aspirada do mesmo motor entregava 69 cv - com a adoção da turbina, a VW conseguia vender seus compactos com IPI mais baixo, entregando desempenho de propulsor maior.
O ganho nas acelerações e nas retomadas, porém, vinha acompanhado de manutenção mais cara e alguns problemas mecânicos, que acabaram afastando os consumidores. Assim, a versão turbinada de Gol e Parati teve vida curta e foi aposentada em 2004.
O Brasil só voltaria a fabricar carro 1.0 turbo em 2015, quando chegou o VW up! TSI, que acrescentou injeção direta e sistema flex à receita.
Há cerca de 20 anos, a Ford também lançou Fiesta e EcoSport com motor 1.0 sobrealimentado, só que com compressor mecânico (supercharger). A dupla também não foi bem recebida e durou pouco tempo.
3 - Automóveis sul-coreanos
Consolidada no Brasil, onde produz veículos há dez anos, a Hyundai é uma marca desejada no país.
A montadora originária da Coreia do Sul atualmente fabrica em Piracicaba (SP) o carro de passeio mais vendido do nosso mercado, o HB20, que acaba de passar por uma importante atualização.
A fabricante também monta no interior paulista o SUV compacto Creta, que está entre os mais emplacados de sua categoria.
Quando a Hyundai estreou em nosso mercado, representada por distribuidor local, a situação era bastante diferente.
Na década de 1990, os brasileiros tinham à disposição apenas carros da marca importados, como Accent e o pequenino Atos, enquanto a Hyundai nunca chegou perto dos líderes de mercado: na época, faltava uma rede consolidada de pós-venda, fundamental para fidelizar e conquistar a confiança dos clientes.
O jogo começou a virar somente em 1999, quando a Caoa assumiu as operações da Hyundai em solo brasileiro e lançou os pilares que fariam da marca uma das mais admiradas no país - hoje, a Caoa monta em Anápolis (GO) os modelos ix35, Tucson e HD78, juntamente com veículos da sino-brasileira Caoa Chery.
O sucesso foi tamanho que a matriz na Coreia do Sul decidiu também produzir carros no Brasil e inaugurou sua fábrica de Piracicaba em 2012.
Vale destacar que a Kia, outra marca sul-coreana e pertencente à Hyundai, também comercializa veículos aqui, exclusivamente mediante importação, via Grupo Gandini.
Se não tem grande volume de vendas, a Kia hoje também é uma marca respeitada pelos brasileiros.
4 - Carro automático
Cerca de 50% dos carros zero-quilômetro vendidos no Brasil hoje são equipados com transmissão automática.
O item, que dispensa o pedal de embreagem e traz conforto ao motorista no trânsito das cidades, está disponível inclusive nas versões intermediárias e topo de linha de hatches e sedãs compactos.
Subindo um pouco de categoria, o câmbio que troca as marchas sozinho está presente quase na totalidade dos modelos comercializados no país: entre os SUVs compactos, segmento que mais cresce em volume de vendas, quase não existem mais opções manuais.
Há pouco mais de dez anos, a grande maioria dos carros novos era manual - as versões mais caras de muitos modelos pequenos tinham caixa de marchas automatizada, alternativa mais barata, contudo menos confortável - foi rejeitada e acabou sumindo, justamente quando o câmbio automático se tornou mais acessível.
Voltando ainda mais no tempo, as opções sem pedal no lado esquerdo eram extremamente escassas e aquelas disponíveis deviam bastante em tecnologia na comparação com as atuais, devido à quantidade reduzida de marchas, ao consumo consideravelmente maior e ao menor desempenho na comparação com versões manuais de um mesmo veículo.
Dessa forma, muitos daqueles que tinham dinheiro para comprar carro automático preferiam a opção manual.
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