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Como diesel nas alturas impacta a sua vida mesmo com seu carro a gasolina

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Colaboração para o UOL*

03/08/2022 04h00

Para enfrentar a crise dos combustíveis, o Governo Federal lançou mão de medidas tributárias. A redução dos impostos fez a gasolina passar de R$ 7,39 para R$ 5,74, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A população comemorou, mas a estratégia não resolveu um problema ainda maior: o preço médio do diesel S10 caiu somente 1,7%, e o combustível está sendo vendido, na média nacional, por R$ 7,55.

Há mais de um ano o cenário do diesel está preocupante no Brasil. Ainda segundo dados da ANP, enquanto a gasolina subiu 30% entre junho de 2021 e junho de 2022, o combustível utilizado no transporte de cargas teve alta de 68%.

Apesar de boa parte da população se mostrar mais sensível aos aumentos no preço da gasolina, devido aos impactos diretos no dia a dia, o economista Igor Lucena explica que é o custo do diesel que mais influencia a inflação, impactando principalmente os mais pobres.

"O consumo do diesel tem um efeito inflacionário muito grande. Ele impacta desde o valor da tarifa de ônibus até o preço da comida. Isso porque, no Brasil, basicamente tudo o que se consome é transportado por caminhões movidos a diesel. O preço do combustível aumenta o valor do frete, que eleva o preço dos insumos e demais produtos. É uma reação em cadeia", explica o especialista.

Lucena esclarece ainda que o brasileiro só sentirá uma melhora na inflação - que já atinge 11,89% em 12 meses - quando o preço do diesel baixar. "A redução no preço da gasolina deu um alento a quem tem carro, entregadores e motoristas de aplicativo, mas é, de fato, o preço do diesel que influencia a situação econômica do país. É um insumo básico para o brasileiro."

Por que o preço do diesel não baixou?

O preço do diesel segue em alta por dois motivos: primeiro porque o combustível já tinha benefícios fiscais, como impostos federais zerados e ICMS (imposto estadual) abaixo do teto estabelecido, então as medidas do Governo não fizeram diferença; e segundo por um fenômeno mundial. O diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Matella, explicou que as dinâmicas que interferem nos preços da gasolina e do diesel são distintas. Segundo Matella, os dois combustíveis respondem de forma oposta às mudanças sazonais.

"Na estação de verão no Hemisfério Norte, o consumo de gasolina sobe bastante, e os preços ficam mais altos. Agora vamos caminhar para o fim do ano. Os preços têm cedido e, por causa disso, reajustamos, percebendo a tendência estrutural de redução. No caso do diesel, não podemos dizer a mesma coisa. O cenário continua bastante estressado no mercado internacional. Ao contrário da gasolina, cujos estoques estão normalizados, os estoques de diesel estão muito abaixo da média histórica no mundo. E adicionalmente, daqui até o fim do ano, com a proximidade do inverno, a tendência é de fortalecimento dos preços", afirmou.

Segundo Matella, o preço do diesel não deve cair até o fim do ano.

Refinarias defasadas

O economista Igor Lucena explica que o custo de produção do diesel é mais elevado do que o da gasolina, o que exige uma capacidade maior das refinarias.

"As refinarias brasileiras são defasadas, o que aumenta o custo de produção e reduz a capacidade. Além disso, temos dois outros pontos. O preço do barril de petróleo - mesmo com queda recente - está alto, enquanto o Real está desvalorizado. Tudo isso impacta para que o valor do diesel siga em alta", explica.

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* Com informações de Agência Brasil