Câmbio automático: saiba usá-lo do jeito certo e não pague mico
Antes raro de se ver, o câmbio automático já equipa cerca de 50% dos automóveis zero-quilômetro comercializados no Brasil. Há alguns anos, o item é oferecido inclusive nas versões intermediárias e topo de linha de carros compactos.
A tecnologia, que dispensa o pedal de embreagem e troca as marchas por você, de fato está mais acessível.
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Sobretudo marcas japonesas hoje investem na transmissão CVT (continuamente variável), que também dispensa a troca de marchas por não ter marcha: as relações são infinitas, utilizando um sistema de polias - muitas marcas oferecem a opção de trocas virtuais para quem faz questão de ter maior controle do veículo. Essa caixa prioriza a economia de combustível.
Hoje, muita gente está comprando seu carro automático pela primeira vez. Portanto, é natural surgirem dúvidas quanto à sua operação. Sabendo disso, consultamos especialistas para apontar o que você deve e o que não é aconselhável fazer ao dirigir um automóvel automático.
É natural surgirem dúvidas quanto à verdadeira "sopa de letrinhas" que esse tipo de câmbio traz: por padrão, conta com as opções "D" (drive, termo inglês para dirigir), "P" (park, estacionar), "R" (reverse, ré) e "N" (neutral, neutro). Sem contar os modos "L" (low, marcha reduzida), "S" (modo esportivo) e outras opções.
Confira as dicas:
Para que serve a função 'P'?
Quando a função "P" deve ser acionada?
Essa opção deve ser utilizada ao deixar o veículo em uma vaga. Porém, não se esqueça de que ela deve ser combinada sempre com o freio de estacionamento. Acione-o e depois selecione "P".
"Ao desligar o motor, cessa a pressão do sistema hidráulico, o câmbio é desacoplado e uma espécie de pino trava as rodas motrizes", explica Edson Orikassa,diretor da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
O freio de estacionamento protege essa trava de possíveis danos causados por uma eventual "encostada" ou até batida de outro veículo no seu carro enquanto ele está parado na vaga.
É diferente de quando você deixa um carro manual engatado com o motor desligado. Nesse caso, é o próprio câmbio que trava as rodas e não usar o freio de estacionamento pode resultar prejuízo com eventuais reparos.
Quando devo colocar o câmbio em 'N'?
Em carros equipados com câmbio manual, o indicado é colocá-lo em ponto-morto ao parar em um semáforo, por exemplo, para evitar o desgaste prematuro da embreagem, que deve ser acionada somente em arrancadas e na troca de marchas.
Porém, com os veículos automáticos, o procedimento deve ser diferente. De acordo com Camilo Adas, presidente do Conselho Executivo da SAE Brasil, a função "N", correspondente ao "ponto-morto", foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas que tracionam o veículo.
"Não coloque o câmbio automático em neutro enquanto você aguarda o sinal abrir. Mantenha-o na posição "D" com o pé no freio, pois isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e permite arrancar com mais rapidez", ensina o especialista.
Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível. Nesse caso, o projeto prevê o recurso e a segurança não é prejudicada.
Rodar na 'banguela', nem pensar
Um hábito errado e perigoso é andar na "banguela" em descidas com a expectativa de poupar combustível. A prática não faz o carro beber menos e ainda compromete a segurança, bem como traz risco de danos à transmissão.
"Colocar o câmbio em neutro, na verdade, faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com a transmissão em "D". Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando. Isso não acontece com a transmissão em 'N'", explica Orikassa.
Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em neutro ainda traz risco de acidentes.
"Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência", esclarece o especialista.
Adas complementa: "Deixar o carro rodar em neutro e voltar para a posição "D" com o veículo ainda em movimento pode até danificar uma ou mais engrenagens do câmbio", alerta o engenheiro.
Para que servem as funções 'N', '2', e '3'?
Em declives, como já dissemos, o correto é manter a transmissão na função "D". Além disso, em veículos que permitem fazer trocas manuais, é possível reduzir a marcha. Também há carros com as opções "2" ou "3" no seletor. Adas ensina que esses números correspondem, respectivamente, à segunda e à terceira marchas.
"Ao deixar o câmbio na posição '2' ou '3', ele não passa dessas marchas, mantendo o motor 'cheio' e reforçando o efeito do freio-motor e ajudando a controlar o veículo na descida".
Alguns automóveis trazem, ainda, a função "L".
"A marcha reduzida também é útil para manter marchas mais curtas e os giros mais altos. É uma função importante para atravessar um lamaçal, para rebocar outro veículo e até para transpor uma área alagada, na qual é necessário rodar em baixa velocidade e com rotações elevadas para não deixar o motor 'morrer'", recomenda Orikassa.
Alguns modelos também trazem a função "S" para deixar o comportamento do carro mais esportivo. Nessa posição, as trocas de marchas acontecem um pouco mais tarde, com os giros mais altos. Isso melhora a aceleração, porém gasta mais combustível.
Transmissão requer troca de óleo?
Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção regular e essa crença pode gerar prejuízos pesados se a transmissão quebrar. Especialmente na configuração dotada de conversor de torque e engrenagens, o câmbio, da mesma forma que outros componentes mecânicos, requer lubrificação.
As especificações e os prazos para troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. A troca do óleo, inclusive, pode ser antecipada dependendo das condições de uso do automóvel.
"O lubrificante tem a função de reduzir o atrito e o calor gerado nas engrenagens e outros componentes internos. Com o uso e o passar do tempo, o óleo vai perdendo as propriedades originais e deve ser trocado", diz Adas.
De acordo com o engenheiro, nos carros atuais os prazos para substituição do fluido são bastante longos, mas não dá para descuidar.
"Dependendo do caso, você pode rodar três, quatro anos sem perceber que o câmbio está com falta de lubrificação. Com isso, há desgaste de engrenagens. Qualquer resíduo metálico resultante desse desgaste prematuro, mesmo que de ordem microscópica, traz características abrasivas capazes de afetar borrachas de vedação e retentores, causando vazamento e agravando o problema".
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