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Maverick x Compass: por que picape da Ford faz mais sentido a fãs de SUVs

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/08/2022 04h00

Lançada em fevereiro, com importação do México, a Ford Maverick criou uma categoria à parte. Maior do que o fenômeno de vendas Fiat Toro e menor do que a Ranger e outras picapes médias, a novidade está mais para um SUV com caçamba do que para um veículo de carga.

Equipada com motor potente e boa de curva, a Maverick é mais baixa do que o Ford Bronco Sport do qual deriva e até parece que foi tunada na própria fábrica. Com capacidade de carga de apenas 617 kg, leva menos peso do que uma Toro flex, mas tem rodar confortável, espaço interno adequado para famílias e uma caçamba que pode ser transformada em porta-malas com quase 950 litros de capacidade.

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Com preço sugerido de R$ 236.890, a nova picape da Ford é consideravalmente mais cara do que a Toro, que chega a R$ 215,5 mil na sua versão de topo.

Por conta de suas características de SUV, colocamos a Maverick para duelar com o utilitário esportivo médio mais vendido do Brasil, em configuração na mesma faixa de preço e também equipada com tração nas quatro rodas: o Jeep Compass Limited TD350 com motor turbodiesel, que custa R$ 239.770 sem a inclusão de opcionais.

Já a picape da Ford é disponibilizada com pacote fechado de equipamentos, embora possa ser personalizada com uma série de acessórios originais. Será que vale a pena como substituta de um SUV bem equipado e potente?

Confira o duelo a seguir e tire suas próprias conclusões.

FICHA TÉCNICA - FORD MAVERICK LARIAT FX4

Ford Maverick Dianteira - Marcos Camargo/UOL - Marcos Camargo/UOL
Imagem: Marcos Camargo/UOL

Preço: R$ 236.890

Motor: 2.0 turbo a gasolina, 4 cilindros

Câmbio: automático de 8 marchas, tração integral

Potência: 253 cv a 5.500 rpm

Torque: 38,7 kgfm a 3.000 rpm

Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,2 segundos

Velocidade máxima: 175 km/h

Dimensões: 5,11 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 3,08 m de distância entre-eixos

Peso: 1.744 kg

Capacidade de carga: 617 kg

Volume da caçamba: 943 litros

Tanque: 67 litros

FICHA TÉCNICA - JEEP COMPASS LIMITED DIESEL

Jeep Compass Limited Diesel - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 239.770

Motor: 2.0 turbodiesel, 4 cilindros

Câmbio: automático de 9 marchas, tração 4x4 com reduzida

Potência: 170 cv a 3.750 rpm

Torque: 37,5 kgfm a 1.750 rpm

Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,7 segundos

Velocidade máxima: 197 km/h

Dimensões: 4,40 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,63 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos

Peso: 1.765 kg

Porta-malas: 476 litros

Tanque: 60 litros

DESIGN

Dianteira Ford Maverick - Marcos Camargo/UOL - Marcos Camargo/UOL
Imagem: Marcos Camargo/UOL

Com dianteira imponente, onde se destacam os faróis quadrados full-LED, a Maverick lembra bastante a picape grande Ford F-150, que não demora a ser lançada no Brasil, e também a nova geração da Ranger.

Por trazer carroceria baixa para uma picape, traz um apelo esportivo, reforçado pelas belas rodas de liga leve com pintura escurecida e o vão livre em relação ao solo menor do que a média das picapes em geral.

Por dentro, também se destaca pela combinação de cores e texturas na cabine e nos bancos de couro.

Já o Compass ganhou mudanças sutis por dentro e por fora na reestilização lançada em abril do ano passado, a primeira da atual geração, lançada no Brasil em 2016.

Na parte externa, grade dianteira, para-choques, faróis e parte interna das lanternas traseiras foram redesenhados. O SUV também ganhou novas rodas de liga leve.

No habitáculo, volante e painel tambem mudaram, enquanto o quadro de instrumentos passou a ser 100% digital em tela de 10,2 polegadas nas configurações mais caras, como a avaliada.

As modificações fizeram bem a um modelo que, na minha opinião, é um dos mais bonitos da categoria e tem no design um dos seus principais trunfos.

EQUIPAMENTOS

Jeep Compass Diesel Interior - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Quase R$ 30 mil mais barata do que o Bronco Sport, a Ford Maverick conta com menos equipamentos do que o SUV médio, mas está muito longe longe de ser espartana.

A picape é bem recheada, trazendo de série itens como freio de estacionamento com função auto hold, que mantém o carro freado até você pisar novamente no acelerador e também está disponível no Jeep.

Também é equipada com banco do motorista ajustável eletricamente, bancos e volante revestidos de couro sintético de boa qualidade, ar-condicionado automático com dois ajustes independentes de temperatura, sensor de chave, partida do motor por botão, vidro traseiro com abertura e fechamento elétricos e central multimídia de oito polegadas - menor do que a do Bronco Sport e cuja conexão com celulares via Android Auto e Apple CarPlay ainda se dá por meio de um cabo.

A picape da Ford também é vendida com tela colorida de alta resolução e 6,5 polegadas na região central do painel de instrumentos.

A lista de itens de série do Compass Limited, por sua vez, é extensa e inclui painel digital de 10,25 polegadas, central multimídia de 10,1 polegadas que traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio, bancos de couro, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, banco do motorista com ajustes elétricos e sensor de chave.

Contudo, a maior parte do pacote de assistências de condução é disponibilizado em um pacote opcional chamado de Pack High Tech, que acrescenta R$ 9.529 ao preço final e agrega controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção de faixa (que não chega a esterçar o volante sozinho, só ajuda a corrigir a rota), farol alto automático, reconhecimento de placas de trânsito.

O mesmo pacote inclui, ainda, ajustes elétricos do banco do passageiro dianteiro, sistema de som Beats com subwoofer, tomada de 127 V para o assento traseiro e abertura e fechamento elétricos do porta-malas, incluindo um sensor sob o para-choque que abre o compartimento de bagagens quando vc passa o pé. Pelo menos o alerta de ponto cego nos retrovisores, que têm rebatimento elétrico, vem de fábrica.

Vale destacar que o alerta de colisão com frenagem automática, bem como o assistente de manutenção de faixa, são oferecidos de série no Jeep Renegade Sport, que custa menos de R$ 130 mil e é a configuração de entrada do SUV mais barato da marca norte-americana.

Por fim, o teto solar panorâmico custa R$ 8.567 adicionais e os bancos de couro marrom saem por R$ 1.636 extras.

VIDA A BORDO

Cabine da Ford Maverick - Marcos Camargo/UOL - Marcos Camargo/UOL
Imagem: Marcos Camargo/UOL

A Ford Maverick tem um acabamento mais simples em relação ao Bronco Sport, dispensando revestimentos macios ao toque, mas essa maior rusticidade combina com a proposta do veículo.

As peças de acabamento interno são bem encaixadas e trazem materiais de qualidade, com destaque para uma faixa cor de cobre que atravessa o painel - a mesma tonalidade pode ser vista nos puxadores das portas.

Quem está no habitáculo tem percebe a qualidade dos revestimentos, além de uma aparência bem jovial que agrada muitos clientes do veículo.

O jeito mais 'bruto" também é notado nos tapetes de borracha, que facilitam a limpeza ao encarar vias enlameadas ou simplesmente não pavimentadas.

Existem muitos porta-objetos espalhados pela cabine, com destaque para o assento traseiro que levanta e revela um compartimento de bagagens com capacidade para 73 litros.

Também gostei do espaço no banco traseiro, cujo encosto tem boa inclinação, diferentemente de outras picapes, nas quais os passageiros viajam excessivamente eretos.

Apesar do túnel central, o espaço para as pernas daqueles que vão atrás é bom, considerando a estatura média dos brasileiros. Senti falta só de saídas de ar-condicionado na segunda fileira de assentos, embora exista uma porta USB para a recarga de celulares.

Mesmo nas versões mais simples, o Jeep Compass traz acabamento interno acima da média na sua categoria, que inclui revestimento macio ao toque nas portas dianteiras e na parte superior do painel.

Isso não é diferente na configuração Limited, que acrescenta um friso cor de bronze no painel, um toque diferente que me agradou.

Já o console central do Jeep exibe revestimento preto brilhante, que ajuda a reforçar a impressão de sofisticação a bordo.

Outro ponto positivo é a saída do ar-condicionado para o banco de trás, que também conta com porta USB A para recarga de smartphones e outros dispositivos móveis - existe, ainda, porta USB do tipo C e uma tomada de 127 V convencional, incluída no pacote High Tech.

Com 2,64 m de distância entre-eixos, o Jeep ofererce bom espaço para as pernas no assento traseiro

Já o porta-malas é apenas razoável, com 476 litros de capacidade - a Maverick leva quase 1.000 litros na caçamba, espaço suficiente para levar até duas bicicletas e pelo menos uma moto.

DESEMPENHO E CONSUMO

Ford Maverick Dinâmica - Marcos Camargo/UOL - Marcos Camargo/UOL
Imagem: Marcos Camargo/UOL

Equipada com motor Ecoboost 2.0 turbo a gasolina, a Maverick impressiona em relação à sua agilidade nas acelerações e nas retomadas, incluindo o ajuste de direção e suspensões que combinam condução precisa com conforto - as rodas de 17 polegadas com pneus de perfil relativamente alto contribuem para o rodar suave.

Com 253 cv de potência e 38,7 kgfm de toque, a picape é capaz de sair da imobilidade e chegar a 100 km/h em pouco mais de 7 segundos - a tração integral contribui bastante para esse tempo tão baixo e impressionante para um veículo com mais de 1.700 kg.

Vale destacar que o Maverick é uma das picapes mais rápidas do mercado brasileiro, acelerando quase no mesmo nível de uma Ram 1500 com motor V8.

O câmbio automático de oito marchas tem funcionamento suave e explora bem a força disponível, embora não ofereça a possibilidade de trocas manuais - algo quue, para mim, não faz falta.

Por sua vez, o sistema de tração nas quatro rodas tem gerenciamento eletrônico por demanda e permite selecionar modos de condução de acordo com o tipo de terreno.

Também agradou bastante o consumo da picape, que durante a avaliação chegou a beirar os 10 km/l na cidade, sem muito trânsito, e 12 km/l na estrada, sem abusar muito do acelerador.

Equipado com propulsor turbodiesel, o Compass, com seus 170 cv, é consideravelmente menos potente, contudo conta com torque de sobra a baixas rotações: 35,7 kgfm a apenas 1.750 rotações por minuto.

A Jeep informa aceleração de zero a 100 km/h em 10,7 segundos, tempo bastante maior do que o obtido pela Maverick, mas ainda assim o Jeep esbanja força em qualquer situação, gerenciado pela competente transmissão automática de nove velocidades - que permite trocas manuais na alavanca ou por meio de aletas no volante.

É verdade que o diesel anda com os preços nas alturas e, para compensar, o Compass TD350 é frugal e proporciona consumo superior a 10 km/l na cidade e pode passar facilmente dos 13 km/l na estrada, medidos pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Esses números foram obtidos sem acionar a tração 4x4, que naturalmente eleva o gasto de diesel.

As belas rodas diamantadas de 19 polegadas do Compass não chegam a comprometer o conforto de rodagem, mesmo com nosso castigado asfalto, mas já limitam bastante a capacidade fora-de-estrada do Compass.

Quem fizer questão de colocá-lo na lama pode levar, praticamente pelo mesmo preço, a versão Trailhawk, que tem rodas de 17 polegadas e pneus de uso misto com perfil mais alto. O ajuste de suspensão e direção também agrada a quem gosta de uma tocada mais esportiva, porém a Maverick sai na frente neste quesito.

SEGURANÇA

Jeep Compass Limited Diesel traseira - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Imagem: Rafaela Borges/UOL

Tanto a Maverick quanto o Compass são bem servidos no que se refere à segurança, trazendo de fábrica freios a disco nas quatro rodas.

Na picape da Ford, são sete airbags, incluindo bolsa para proteger o joelho do motorista, contra seis no Jeep.

A Maverick também se destaca ao oferecer de série o alerta de colisão com frenagem automática de emergência, cuja eficácia pude comprovar durante o teste - vale lembrar que este equipamento de proteção ativa faz parte de um pacote opcional no Compass, ao preço de quase R$ 10 mil.

A picape também conta com farol alto automático de fábrica, outro item que exige desembolsar uma grana extra no Jeep - que, por sua vez, traz alerta de ponto cego nos retrovisores externos sem custo adicional, enquanto o modelo da Ford não tem esse recurso.

Na Maverick, o controle de velocidade de cruzeiro é do tipo convencional e no Compass, também - a menos que, novamente, o comprador adquira o Pack High Tech.

Como não poderia deixar de ser em sua faixa de preço, ambos os veículos têm controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampa - a representante da Ford acrescenta o assistente de descida.

VENCEDOR

Ford Maverick Dianteira 3/4 - Marcos Camargo/UOL - Marcos Camargo/UOL
Imagem: Marcos Camargo/UOL

O veredito depende muito das necessidades do comprador.

A Maverick, sem dúvida, é o veículo mais versátil, oferecendo no mesmo pacote a capacidade de transportar itens de maior volume e peso, sem abrir mão do conforto, do espaço interno e, nunca é demais destacar, da performance esportiva.

Outro ponto forte da picape médio-compacta é o estilo original, que até lembra um veículo modificado e rebaixado.

Um pouco mais caro, o Jeep contra-ataca ao oferecer uma lista de equipamentos mais recheada, ainda que muitos deles sejam cobrados à parte, aliada à robustez do motor turbodiesel - sem contar o sistema de tração 4x4 mais capaz de lidar com vias não pavimentadas, a despeito das rodas aro 19 e dos pneus baixos para condução no asfalto.

Considerando o perfil médio do comprador brasileiro, o Compass Limited é a escolha mais natural e racional, ainda mais que o mesmo conjunto mecânico está disponível em versões mais acessíveis.

Porém, se o principal critério para a escolha for o prazer de dirigir, eu ficaria com a Maverick;

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