Morte de Anne Heche: incêndios em batidas atormentam marcas até no Brasil
A batida de carro que causou a morte de Anne Heche traz à tona uma questão que há décadas desafia as montadoras: como minimizar o risco de incêndio após a colisão de um veículo.
A atriz morreu ontem (12) aos 53 anos em decorrência de graves queimaduras e lesões cerebrais sofridas uma semana antes, quando ela colidiu seu Mini Clubman contra um imóvel em Los Angeles (EUA). O veículo se incendiou em seguida e apenas a perícia irá eventualmente identificar como o fogo começou.
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Dependendo da violência e das circunstâncias de um acidente, a possibilidade do surgimento de chamas em veículos com motor a combustão cresce exponencialmente. Contudo, tragédias como a que vitimou Heche e a fiscalização da própria sociedade têm levado as fabricantes de automóveis a aprender como torná-los mais seguros.
Mesmo com tanta pesquisa e tecnologia aplicadas no desenvolvimento de veículos, eles não têm imunidade contra o surgimento de problemas inesperados no que se refere ao risco de fogo após uma batida.
No Brasil, em maio a General Motors iniciou campanha de recall para cerca de 80 mil unidades do Chevrolet Tracker fabricadas entre outubro de 2019 e abril de 2022 por risco de fogo. Segundo a GM. o acionamento dos pré-tensionadores abdominais dos cintos de segurança dianteiros pode causar fagulhas capazes de incendiar o isolamento acústico do carpete.
A solução indicada é instalar gratuitamente, como determina o Código de Defesa do Consumidor, uma proteção no isolador acústico do carpete e nos pré-tensionadores.
O mesmo problema já tinha motivado outra convocação de proprietários do Tracker cerca de um ano antes. Contudo, o instituto independente de segurança viária Latin NCAP realizou teste de impacto em unidade do SUV já submetida a reparo no primeiro recall e alertou que a falha persistia - a empresa acabou anunciando o segundo chamado, alegando ter recebido a notificação de um "acidente sem vítimas".
Em agosto de 2021, o Latin NCAP fez crash-test do Duster e recomendou a realização de recall após constatar vazamento de combustível - na ocasião, a Renault disse que "cumpre rigorosamente as regulamentações nos países em que [o Duster] é comercializado".
'Combinação de fatores'
UOL Carros conversou com Michel Braghetto, chefe da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, para entender como têm evoluído as práticas de prevenção a incêndios causados por impacto em automóveis.
Ele sustenta que o surgimento de fogo nessa circunstância hoje é bem mais raro, embora possa acontecer em "condições extremas", especialmente quando há vazamento de combustível ou óleo lubrificante, que se incendeiam em contato com superfícies quentes do próprio veículo ou por meio de fagulhas.
"Incêndios como o que matou a atriz geralmente acontecem devido a uma combinação de fatores. O desenvolvimento de um carro já busca evitar ou minimizar o risco de surgir essa situação, reposicionando componentes próximos da linha de combustível e do caminho percorrido por fluidos inflamáveis".
Ele menciona mudanças como o reposicionamento do tanque, que antigamente era instalado na dianteira de muitos modelos e hoje costuma ficar mais afastado das extremidades do automóvel para prevenir perfurações e vazamentos em caso de sinistro.
Braghetto lembra, ainda, que o compartimento de combustível passou a ser feito com material plástico deformável e não mais com metal, justamente para reduzir a possibilidade de perfuração e também de geração de fagulhas.
"Hoje, os carros também trazem uma válvula 'rollover', que bloqueia a saída do combustível do tanque em caso de capotamento".
O especialista acrescenta que há um bom tempo as montadoras realizam testes e simulações na tentativa de prever e afastar o risco de fogo, embora não seja possível reproduzir em laboratório todas as possibilidades e os problemas decorrentes de um acidente no mundo real.
"Quando é constatada uma falha potencialmente perigosa aos ocupantes de um veículo e terceiros, cabe à montadora agir rapidamente para solucioná-la, realizando recall e se assegurando de que não acontecerá novamente naquele e eventualmente em outros modelos", afirma.
Michel Braghetto também destaca que a própria imprensa, bem como entidades não governamentais que realizam testes de impacto e os próprios governos têm o papel de fiscalizar e apontar falhas que possam ameaçar a integridade física e até a vida do motorista e dos passageiros.
Nunca é demais lembrar que as legislações brasileira e de outros países preveem uma série de requisitos de segurança para que determinado automóvel ou utilitário seja homologado para venda e uso pelos consumidores.
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito), por exemplo, publicou neste ano a Resolução 910/2022, que estabelece justamente requisitos de proteção aos ocupantes e de integridade do sistema de combustível decorrente de impacto nos veículos.
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