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De híbrido plug-in a hidrogênio: os carros da Toyota que não vêm ao Brasil

Toyota investe em várias tecnologias de propulsão, mas aqui só vende híbrido flex - Vitor Matsubara/UOL
Toyota investe em várias tecnologias de propulsão, mas aqui só vende híbrido flex
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Vitor Matsubara

Colaboração para o UOL, de Sorocaba (SP)

17/08/2022 04h00

Resumo da notícia

  • Lexus UX 300e preserva virtudes do crossover e entrega condução agradável
  • Prius híbrido plug-in não tem grandes diferenças frente ao modelo que foi vendido aqui
  • Mirai impressiona pelo conforto e suavidade, mas esbarra na falta de infraestrutura no país

Se eu te pedir para pensar em uma marca referência em eletrificação, pode ser que a Toyota veio à sua cabeça. Afinal, a empresa é uma das líderes em híbridos pelo mundo e trouxe a tecnologia para a indústria nacional com o Corolla híbrido flex nas carrocerias sedã e SUV.

Mas não é só deles que a empresa vive em outros mercados. A fabricante oferece modelos hibridos plug-in, elétricos e até movidos a hidrogênio.

UOL Carros foi convidado para conhecer alguns desses carros em um primeiro contato bastante breve dentro da fábrica da empresa, em Sorocaba (SP). A noticia ruim já entregamos no título: dificilmente algum deles será vendido no Brasil.

Prius Plug-in: te conheço?

Prius PHEV - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Prius plug-in tem estilo bem diferente do modelo que tivemos no Brasil
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

À primeira vista parece um Prius normal. Só que a unidade azul era do modelo hibrido plug-in, conhecido também pela sigla PHEV.

O design também é controverso como o modelo que foi vendido por aqui até 2021, mas traz algumas diferenças importantes. Enquanto a dianteira é completamente diferente, a traseira exibe lanternas mais horizontais e menores. Esse visual, aliás, é exclusivo da versão plug-in.

Um detalhe interessante está na presença de dois bocais de abastecimento - um para gasolina e outro para recarregar as baterias.A cabine é a mesma do Prius hibrido, com exceção da tela vertical da central multimídia.

Assim como o 'irmão' hibrido, o Prius plug-in entrega 122 cv e 16 kgfm de torque maximo. É por isso que ao volante não existe diferença perceptível em relação ao modelo híbrido.

No console central existe um botão para selecionar o modo 100% elétrico, bem ao lado de outro que seleciona o modo híbrido. Quando o modo elétrico está ativado, o sistema pode ligar o motor a combustão em acelerações mais fortes. Entretanto, o oposto não acontece - ou seja, cabe ao motorista ativar o modo elétrico quando o veículo está rodando no modo híbrido.

Lexus UX elétrico: a receita clássica

Lexus UX 300e - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
UX 300e tem condução suave e confortável
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Embora não seja tão afeita aos carros elétricos, a Toyota oferece modelos com este tipo de propulsão em alguns mercados. Um deles é o Lexus UX 300e, baseado no crossover lançado no Brasil em 2018.

Visualmente, porém, não há nenhum detalhe externo que o diferencie das versões com motorizações a combustão. Na cabine é que estão as alterações mais visíveis: o painel de instrumentos é exclusivo e algumas telas na central multimídia indicam carga das baterias e outras funções importantes para a condução.

O UX é movido por um motor elétrico sincrono de imã permanente. São 204 cv e torque instantâneo de 30 kgfm, suficientes para fazer o carro acelerar de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e chegar aos 160 km/h.

Se o rodar no UX a combustão já é silencioso, a versão elétrica é ainda melhor pela óbvia ausência de som do motor. As acelerações, porém, são suaves e progressivas na medida certa, fazendo com que a condução seja muito agradável.

Mirai: tão perto e tão longe

Toyota Mirai - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Estiloso, o design do Mirai lembra um Camry modernizado
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

'Mirai' significa 'futuro' em japonês, e não poderia haver nome mais adequado para o modelo. O carro, que já está à venda em mercados importantes como Estados Unidos e Japão, representa o que há de mais moderno na gama de produtos da empresa.

O sedã usa célula de combustível movida a hidrogênio, que é responsável por alimentar o motor elétrico. O veículo possui três tanques instalados na parte inferior do carro para armazenar o gás hidrogênio, que é pressurizado em um catalisador.

Lá ocorre a separação de íons e elétrons, sendo que os elétrons formam uma corrente elétrica que é enviada ao motor. Este é responsável por movimentar as rodas do carro e alimentar os sistemas eletrônicos. Enquanto isso, as moléculas de oxigênio se juntam aos íons de hidrogênio residuais, resultando na produção de água, que acaba saindo pelo escapamento do Mirai.

O Mirai tem 182 cv e torque de 30,6 kgfm vindos de um motor elétrico síncrono com ímã permanente montado na dianteira. A autonomia é estimada em 600 km, mas pode passar de 800 km, dependendo do estilo de condução do motorista. Tanto é que o Mirai bateu recorde de autonomia no Guinness Book após rodar mais de mil quilômetros sem parar.

Mirai 2 - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Toyota Mirai 3
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

O design impressiona por fora com linhas muito elegantes e até ousado para os padrões da marca. Pense nele como uma mistura de Camry com Audi A7. O conjunto óptico está dividido em duas seções e as lanternas invadem as laterais. Faltou só a Toyota "copiar" da Audi a abertura inteiriça da tampa do porta-malas, já que a abertura para acomodar bagagens atrás é extremamente pequena.

Só que a importação do Mirai esbarra em um grande problema: a falta de infraestrutura. Além da ausência de estações de reabastecimento (algo que ainda ocorre com os elétricos em escala muito menor), o custo para instalar uma estrutura de abastecimento é muito proibitivo. Segundo estimativa da Toyota, a conta giraria em torno de 800 mil euros - ou mais de R$ 4 milhões em conversão direta.

Fora isso, o próprio processo de abastecimento não poderia ser realizado sem um investimento mais parrudo. A Toyota informa que é preciso atingir uma pressão de 700 bar para encher os tanques. Diante de tudo isso, a Toyota recorreu a uma solução mais rápida (e barata) e montou uma estrutura com uma válvula e cilindros de hidrogênio. Só que nessas condições a pressão máxima chega a aproximadamente 105 bar, restringindo a autonomia a meros 70 km - ou menos de um décimo de sua capacidade.

Mirai 3 - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Sedã impressiona pela suavidade ao volante
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Por conta disso, nosso contato com o Mirai foi breve e sem fortes emoções, uma vez que qualquer acelerada mais forte fazia a autonomia cair rapidamente. Mesmo assim, foi possível constatar que aquele clichê batido de que o carro "parece flutuar" parece feito sob medida para o Mirai.

A experiência é semelhante a de guiar qualquer carro da Toyota, mas consegue ser ainda mais agradável: o sedã é extremamente silencioso e confortável. Infelizmente não conseguimos aferir com precisão o comportamento da suspensão na pequena pista de testes da Toyota, mas notamos que a carroceria inclina muito pouco nas curvas.

O Mirai foi a "cereja do bolo" do dia de experiências com os modelos eletrificados da Toyota. Pena que, de todos os modelos avaliados por UOL Carros neste dia, ele é o que está mais longe do Brasil.

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