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Câmbio automático não é suficiente: por que seu carro ainda só terá 1 pedal

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Paula Gama

Colaboração para o UOL

02/09/2022 04h00

Há cinco anos, 57% dos carros novos vendidos no Brasil possuíam três pedais: embreagem, freio e acelerador. O cenário mudou e, atualmente, 62% dos zero km saem de fábrica com apenas dois pedais e câmbio automático, segundo informações da Bright Consulting. A novidade é que uma parte deles pode ser guiada apenas com o acelerador. E a tendência é que essa fatia cresça cada vez mais.

O engenheiro Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, explica que essa é uma característica dos veículos híbridos e elétricos, que usam a frenagem como forma de regeneração da bateria, aproveitando as sobras de energia.

"Nessa modalidade, chamada one pedal [um pedal, em inglês], ao tirar o pé do acelerador, o veículo reduz bruscamente a velocidade até parar totalmente. Não é necessário usar o pedal do freio, que fica ali só para uma emergência, principalmente em trânsito urbano", esclarece o engenheiro.

A atuação do freio regenerativo, que impacta na intensidade da redução de velocidade, é definida de acordo com o modo de condução escolhido.

"No modo ECO, é bem mais acentuado. Toda energia que seria perdida na lona do freio será recuperada na geração de energia elétrica. No entanto, em modo esportivo, que não privilegia o consumo, o condutor tem mais autonomia sobre o carro, ele fica mais solto, não há tanta redução de velocidade ao soltar o pedal do acelerador", informa Takahira.

Além da economia de combustível e o comodismo de ignorar mais um pedal na hora de dirigir, o 'one pedal' traz outra vantagem: reduz o desgaste das pastilhas e lonas de freio, principalmente em veículos maiores, como caminhões.

"Quanto maior a massa do veículo, mais energia se recupera com o freio regenerativo". Para Takahira, assim como o freio de estacionamento foi reduzido a um botão em veículos mais modernos, pode ser que o pedal do freio também seja acionado de outra forma no futuro. Restando apenas um pedal aos pés do condutor.

Redução do primeiro pedal

Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, explica que algumas questões ajudaram a mudar a trajetória dos carros automáticos do país, e a maior delas foi a vontade do consumidor de ter mais comodidade ao dirigir.

"Além disso, o preço do câmbio automático caiu, no início dos anos 2000, custava R$ 15 mil a mais, hoje está mais palatável, entre R$ 6 mil e R$ 7 mil. Também houve um aumento da confiabilidade: a transmissão automática não pifa mais", comenta o consultor.

Segundo Pagliarini, nos próximos cinco anos, a oferta desses carros deve crescer ainda mais, chegando aos modelos 1.0 aspirado de entrada. "Teremos soluções tecnológicas com preço acessível, que podem ser os câmbios de dupla embreagem ou CVT", afirma.

Para o especialista, um caminho semelhante devem trilhar os veículos elétricos, com os chamados 'one pedal'. "Em 2030, estima-se que 15% das vendas de automóveis seja de carros eletrificados, ou seja, híbridos ou elétricos. O mercado vai se expandir, não no ritmo da Europa, mas vai evoluir", garante.

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