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Combustível do futuro: hidrogênio em pó surge como alternativa ao petróleo

O Toyota Mirai é uma das revoluções elétricas que utiliza hidrogênio para gerar eletricidade e movimentar o veículo - Divulgação
O Toyota Mirai é uma das revoluções elétricas que utiliza hidrogênio para gerar eletricidade e movimentar o veículo Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

11/09/2022 04h00Atualizada em 11/09/2022 20h45

A guerra entre a Ucrânia e a Rússia foi crucial para o mundo entender algo que cientistas e pesquisadores vêm dizendo há tempos: é preciso reduzir a dependência do petróleo.

O conflito envolvendo o pais russo, um dos maiores produtores do mundo, desestabilizou o mercado de combustíveis em todo o planeta e, cada vez mais, alternativas às formas tradicionais de combustão - como gasolina e diesel - são vistas como uma necessidade.

Nesse cenário, o hidrogênio tem se mostrado uma solução promissora: sua queima não emite poluentes e a autonomia é alta, na faixa de 600 km com um reabastecimento - dependendo do tamanho do tanque.

Por outro lado, há duas grandes desvantagens que impedem a massificação desse modelo de veículo: os custos de transporte e armazenagem. É nesse gargalo que o hidrogênio em pó surge como solução.

Edson Orikassa, diretor da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) e da Associação Brasileira do Hidrogênio, explica que o transporte do gás tem de ser feito em uma condição muito específica, o que encarece a logística.

"Seria de forma liquefeita, como o gás de cozinha, mas ele precisaria ser mantido em uma temperatura muito baixa, a -252ºC. A energia gasta para isso inviabiliza o transporte em grandes volumes",explica.

Já o armazenamento requer tanques de alta pressão - na faixa de 700 bar - o que também é caro e dispendioso.

"O hidrogênio sólido - conhecido como em pó - utiliza a molécula com nitreto de boro para capturar as de hidrogênio, fazendo um aprisionamento. O nitreto se aglutina ao hidrogênio e, assim, é possível transportá-lo na temperatura ambiente", diz Orikassa.

O estudo que encontrou essa solução é do IFM (Instituto de Materiais Avançados da Universidade Deakin), na Austrália. De acordo com Gerhard Ett, da mentoria de Hidrogênio da SAE Brasil e professor da FEI, existem outras formas de armazenar e transportar o gás em forma sólida, mas o nitreto de boro é material mais leve, que permite comprimir até 1.100 m³ de gás em apenas um grama.

"Agora o desafio é a reversibilidade. Ou seja, separar o hidrogênio da outra substância após o transporte. Isso tem de acontecer sem contaminação, caso contrário, não funciona mais. O hidrogênio irá abastecer o carro em estado gasoso, ficará sólido apenas para logística, e é preciso achar uma forma prática de armazenar em um cilindro, por exemplo", esclarece Ett.

Ett explica que já se sabe como fazer isso - aquecendo - o necessário agora é encontrar formas práticas, que se encaixem na logística do dia a dia, já que o combustível é transportado de diversas formas pelo mundo.

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