Golpe do falso acidente de trânsito: como se proteger contra ameaça
Imagens de dois crimes semelhantes, cometidos nas últimas semanas - um no estado de São Paulo e outro em Mato Grosso -, chamam atenção para o golpe da falsa batida.
Trata-se de uma emboscada, na qual bandidos colidem, propositalmente, com o carro da vítima para fazê-la descer do veículo em um lugar deserto. A partir de então, fazem de tudo para extorquir a maior quantia de dinheiro vivo ou transferências bancárias - também há relatos de roubo do veículo e até de sequestro.
Em julho, na Zona Sul de São Paulo, bandidos bateram na traseira do automóvel de uma mulher que estava parada no sinal vermelho.
Quando ela desceu para verificar o que havia acontecido, eles a colocaram dentro do carro e iniciaram um sequestro, tentando obrigá-la a fazer transferências via pix. Por sorte, outras pessoas perceberam uma movimentação estranha e chamaram a polícia, que perseguiu o carro e libertou a vítima.
No mês passado, a trama se repetiu no Mato Grosso, na cidade de Várzea Grande. Novamente, um grupo de criminosos bateu na traseira do veículo de uma mulher, que desceu do carro em seguida. Um dos bandidos agarrou a vítima e tentou sequestrá-la, mas depois de um minuto de resistência, desistiu e levou apenas o automóvel - um Land Rover.
De acordo com Raphael Pereira, professor de direito penal e processos e especialista em segurança pública, esse golpe vem sendo aplicado com mais frequência pelos bandidos.
"Alguns pedem informação, outros batem no retrovisor, é sempre uma tática para reduzir a vigilância da vítima, já que nesses crimes contra o patrimônio, o criminoso busca facilidade", alerta o especialista.
Pereira explica que os crimes mais recorrentes não se limitam às batidas na traseira, mas a movimentos corriqueiros em geral.
"Pode ser um casal apoiado no seu carro quando você estaciona, alguém disfarçado de trabalhador. Não existe mais o estereótipo do bandido, hoje qualquer pessoa pode ser um assaltante."
Reduza os riscos
Como não há formas 100% eficazes de evitar esse tipo de crime, a melhor solução é minimizar as chances.
"A dica é evitar estacionar em locais desertos e não ceder às investidas de estranhos. Bateram de leve no seu carro? Tente ir até um posto para conversar. Evite abrir a janela, vivemos em um país onde a violência existe. Outra coisa muito importante é registrar os crimes e as tentativas, pois esses dados vão fortalecer políticas públicas e até definir ações de policiamento", informa Pereira.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que não tem dados recentes sobre esse tipo de crime, mas no manual de autoproteção da Polícia Militar do Estado há recomendações de como agir.
Uma das dicas é mapear pontos de apoio nos trajetos habituais.
"Procure identificar em seus deslocamentos postos policiais, pontos de estacionamento de viaturas e postos de abastecimento 24 horas, além de outros estabelecimentos comerciais que, em situação de emergência, podem servir como ponto de apoio", recomenda a Polícia.
Além disso, a instituição instrui que o cidadão se habitue a dirigir com os vidros fechados e as portas travadas, principalmente durante as paradas, e que evite o uso de joias e relógios quando estiver dirigindo.
"Não pare para auxiliar outros motoristas em locais isolados, mal iluminados e ou em horas avançadas da noite. No caso de lhe parecer algum acidente ou alguém em dificuldades, avise à Polícia imediatamente", alerta.
A própria Polícia também orienta que se desconfie de pequenas batidas, especialmente caso exista suspeita que tenham sido provocadas.
"Nestes casos, não pare, especialmente à noite, em locais isolados, mal iluminados e de pequena circulação de pessoas e veículos. Sinalize para que as demais pessoas envolvidas possam lhe seguir até o posto policial mais próximo", finaliza.
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