Nikola: marca acusada de fraude 'provoca' Tesla e foi dispensada por GM
Resumo da notícia
- Marca usa primeiro nome de Tesla para provocar rival famosa
- Empresa atraiu investidores sem sequer ter concluído projeto de caminhão
- Após escândalo, Nikola foi 'dispensada' pela GM, mas vive nova fase nas mãos da Iveco
Se você gosta de física provavelmente sabe quem foi Nikola Tesla.
O sérvio-americano ganhou fama por contribuir com o projeto do sistema de eletricidade de corrente alternada e por várias grandes invenções.
Assim fica fácil entender porque Elon Musk escolheu o sobrenome Tesla para sua marca de veículos elétricos. Quando decidiu montar uma empresa para rivalizar com Musk, Trevor Milton não teve dúvidas na hora de batizar sua empresa: nascia aí a Nikola.
Por trás da provocação está uma empresa que ganhou projeção mundial ao peitar sua concorrente e assinar um acordo com a GM, que foi desfeito pouco tempo depois por conta de acusações de fraude.
No Salão de Veículos Comerciais de Hannover, a Nikola exibe o caminhão elétrico Tre, desenvolvido em parceria com a Iveco e a FPT Industrial.
As partes possuem um acordo de joint venture firmado em 2021.
História controversa
Além da clara referência à concorrente famosa, a Nikola ganhou fama por protagonizar duas polêmicas.
A primeira ocorreu ao processar a Tesla alegando que o caminhão Semi violava suas patentes. O caso, porém, não foi levado adiante.
A segunda explodiu em 2020, quando Milton teria levantado mais de US$ 500 milhões em investimentos para o projeto do Nikola One, um caminhão a hidrogênio que estava bem longe de ser concluído.
Na ocasião, a fabricante não havia finalizado os testes e sequer tinha tecnologia para fazer o caminhão rodar. Apesar disso, a empresa publicou um vídeo mostrando o veículo em uma ladeira, condição na qual ele não necessitaria de motor para se movimentar. Para deixar a mentira mais verossímil, as imagens foram realizadas por vários ângulos para dar a sensação de dinamismo.
A acusação aberta em uma corte distrital em Nova York afirmava que todos os componentes elétricos do caminhão na época não estavam prontos e nem instalados. Até mesmo o sistema de entretenimento a bordo exibido no vídeo foi emulado por um tablet que simulava um painel de controle.
Diante das acusações, Milton deixou o comando da Nikola. Um novo baque surgiu no fim de 2020, quando a GM, que havia anunciado um investimento de US$ 2 bilhões (ou R$ 10,5 bilhões, aproximadamente) para adquirir ações da empresa, desistiu do negócio diante da repercussão negativa das denúncias.
Apesar disso, e de um acordo extrajudicial firmado com os investidores para pagar os US$ 125 milhões (algo em torno de R$ 658,2 milhões) em danos, o processo ainda está tramitando.
Nova fase
Mesmo assim, a história da Nikola sofreu uma reviravolta em 2021, quando a Iveco inaugurou uma fábrica em conjunto com a empresa em Ulm, na Alemanha. Lá serão produzidos dois modelos, incluindo o Tre - ou "três", em italiano, uma forma de ressaltar a nova fase nas mãos da Iveco.
O projeto é baseado na plataforma de caminhões Iveco S-Way e traz um eixo elétrico, desenhado em conjunto com a FPT Industrial. A Nikola afirma que o Tre foi idealizado para transportes regionais, atingindo velocidades médias de 70 km/h e com até 4h de uso contínuo com cargas volumosas. Em tempo: o peso bruto total (ou PBT) do Tre é de 44 toneladas.
Chama bastante atenção pelos números superlativos: Um eixo elétrico desenvolvido pela FPT combina dois motores elétricos que entregam um pico de 1.290 cv e espantosos 459 kgfm de torque instantâneo. Já a entrega de potência contínua garantida é de "apenas" 652 cv.
O conjunto de baterias totaliza 738 kWh e promete autonomia superior a 530 km. A fabricante estima que, em carregadores de 350 kW, a recarga de 80% da carga seria realizada em 90 minutos.
As primeiras unidades serão entregues ainda em 2022 para clientes selecionados nos Estados Unidos.
*Viagem a convite da Anfavea
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