Bandidos inovam em golpe da venda do carro usado; saiba como se proteger

Apesar de ser um crime conhecido, bandidos seguem inovando para conseguir vender carros roubados. Na última semana, a Polícia Civil desmantelou o esquema de uma quadrilha acusada de vender mais de cem veículos de origem criminosa nas plataformas de venda da internet. Para enganar os compradores, os criminosos adulteravam documentos, dando a falsa impressão de legalidade ao negócio.

O 56º DP (Vila Alpina) apreendeu, na última semana, 12 veículos clonados que haviam sido vendidos pela quadrilha com o auxílio de documentação falsa. Os bandidos adulteravam documentos de forma que os números dos chassis e as placas dos carros clonados constassem nos laudos falsificados. "O laudo fabricado por eles dava certinho. Esse é o esquema deles", explicou o delegado Jean Tudy dos Santos

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O esquema foi descoberto quando o comprador de um desses veículos foi reconhecer firma em um cartório. Nesse momento, ele descobriu que o documento entregue na compra era falso e procurou a polícia. O comprador teve que devolver o veículo comprado - produto de crime - e perdeu os R$ 95 mil que pagou por ele.

Como se proteger?

Segundo o delegado Jean Tudy dos Santos - que investiga o caso - a primeira orientação para não cair em um golpe como ele é não aceitar laudos prontos no momento da compra de um veículo. "Obrigue o vendedor a fazer um novo laudo, com a presença do comprador, em uma empresa de supervisão. Se isso não ocorrer, significa que o documento apresentado é frio."

Outra recomendação é para que, no momento do reconhecimento de firma, o vendedor também vá ao cartório, para a verificação de sua assinatura. "Só pague pelo veículo após o reconhecimento das assinaturas", acrescentou Santos. Por fim, o delegado sugere para que jamais sejam feitos depósitos em contas bancárias em nome de terceiros.

Outros cuidados com transações online

UOL Carros conversou com o Procon e a Polícia Civil de São Paulo para identificar o modus operandi dos criminosos na compra e venda de carros pela internet. De acordo com os entrevistados, os vendedores de má-fé utilizam algumas estratégias em comum: oferecem negócios imperdíveis e criam um sentido de urgência, alegando que o consumidor vai perder uma oportunidade única se não fechar logo o negócio.

"Eles instalam na pessoa um sentimento de cobiça e ativam o gatilho da exclusividade, da urgência. Por isso, a dica é sempre desconfiar quando a oferta for muito vantajosa e o vendedor estiver com muita pressa", explica André Junji Ikari, titular da 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos.

Já o diretor executivo do Procon-SP, Guilherme Farid, afirma que a melhor forma de se precaver é não comprar veículos online. Para ele, o mercado brasileiro ainda não atingiu a maturidade necessária para a venda de produtos de valor tão alto no ambiente virtual. "É interessante usar a internet para ter informações sobre o veículo, mas antes de comprar é importante conhecer o carro pessoalmente, ver se ele realmente existe, fazer uma vistoria e conferir os documentos", alerta.

Além de chegar a vender carros roubados, existe também o golpe do anúncio clonado, quando um criminoso utiliza fotos e informações de um carro real, anunciado por uma pessoa ou loja. Por isso, quando o interessado pesquisa a placa, encontra informações adequadas. O golpista normalmente oferece um preço mais interessante e, se o interessado pedir para ver o veículo pessoalmente, inventa uma desculpa.

"Por isso não se pode, jamais, pagar por um carro sem vê-lo anteriormente. Ver se não tem nenhum sinistro, o real estado de conservação do veículo, verificar se revisões estão em ordem? Conferir informações que, normalmente, não são disponibilizadas no momento da venda", diz Guilherme Farid.

Alguns bandidos são menos ambiciosos, a intenção não é nem levar o valor de um carro, mas do sinal. Eles publicam ofertas vantajosas e, quando aparece algum interessado em ver o veículo, pede que ele deposite um sinal, argumentando que há vários negociantes. Após o depósito, somem e o comprador acaba perdendo o dinheiro investido. A dica para evitá-lo é nunca realizar nenhum tipo de pagamento antes de ver o veículo, principalmente na conta de terceiros.

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* Com informações de Folha de São Paulo