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ANÁLISE

Por que o novo Mustang negou a eletricidade e continuou com motor invocado

Divulgação
Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

28/09/2022 08h00

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Com o lançamento da nova geração do Mustang, a Ford confirmou os rumores que já haviam sido publicados anteriormente: o esportivo não tem versão híbrida, tampouco elétrica. Há várias explicações para isso. Como a nova encarnação é derivada da plataforma anterior, não havia um plano original de adaptá-la ao mundo dos eletrificados - pelo menos sem exigir investimentos maciços.

O peso também seria aumentado, o que atrapalha um carro que já chega perto das duas toneladas em algumas versões. Afinal, cada quilo pode atrapalhar o lado dinâmico, algo que seria péssimo em um muscle car conhecido pelo comportamento dinâmico e pela habilidade de ser usado tanto nas pistas quanto nas ruas.

Mas as explicações vão além da questão técnica. UOL Carros conversou com um especialista para entendermos melhor essa decisão. Segundo Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, as regras de eficiência energética são definidas não apenas de acordo com o modelo em questão, mas toda a linha do fabricante.

"As mensurações de eficiência levam em consideração todo o portfólio da empresa. Você consegue ter crédito de energia para gastar mais em um modelo convencional, pois há outros eletrificados ou elétricos que compensam o cálculo"
Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting

A Ford já tem o Mach-E na gama do Mustang - o modelo vai chegar em 2023 ao Brasil -, então seria ele que permite essa manobra? Não exatamente, uma vez que também entram na conta outros veículos da marca, exemplo da F-150 Lightning. O Mustang crossover e a picape grande elétrica têm procura tão alta que o fabricante chegou a interromper a comercialização de ambos durante um período. Foi a única maneira de equilibrar a demanda e oferta. Os dois já voltaram a ser vendidos normalmente.

Além disso, o fato de ser um clássico faz do Mustang um ícone imutável - por ora. "O Mustang é representativo ao ponto de não fazer sentido para os clientes optarem ou preferirem uma motorização elétrica ou híbrida. Eles querem algo diferente do Mach-E: um cupê ou conversível back to basic (de volta ao básico)", lembra Cassio. Ou seja, não mexam no V8 dos tops de linha.

O especialista também ressalta que as emissões do novo V8 não devem ser tão altas quanto foram as dos antecessores - pelo menos proporcionalmente ao tipo de propulsor. Os 265-275 g/km de emissões se aproximam dos números de carros V6. Claro que não há milagre, o consumo médio é de 8,5 km/l. Versões com consumo e emissões mais contidas ajudarão a tornar o Mustang um carro mais eficaz.

Embora seja um carro de pequena escala no resto do mundo, não é exatamente um sucesso arrebatador nos EUA. Nos últimos dois anos, as vendas mensais chegaram a ultrapassar cinco mil unidades em alguns meses, contudo atingiram números bem menores que em outros - a chegada de uma nova geração intensificou a tendência de baixa em 2022. Está longe de ser um fiasco, dado que isso é esperado para um esportivo de nicho. Talvez a escala de produção não compense esse movimento de eletrificação no momento atual.

Quando o assunto são os rivais, os movimentos são bem diferentes. A Chrysler deve adotar um novo V6 biturbo para as novas gerações do Challenger e Charger, dois muscle cars que são igualmente icônicos. Nada impedirá que ambos sejam híbridos em um futuro próximo. Por sua vez, a Chevrolet pode deixar de fabricar o Camaro. Quem sabe ele não volte em sua versão elétrica? Não seria nada estranho para a General Motors, grupo automotivo que promete se tornar totalmente elétrico a partir de 2035.

Tudo isso pode apontar para um Mustang puro até o final dos tempos, entretanto a história vai ser diferente em um futuro não tão próximo. Há uma boa chance da nova geração do Mustang vir inteiramente elétrica, mas isso não vai ocorrer antes de 2027 e 2028. Nem mesmo o cavalinho conseguirá vencer esse páreo por muito tempo.

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