"Tesla do Nordeste" atrasa a entrega de motos elétricas em mais de um ano
Conhecida como a "Tesla de Pernambuco", a startup Voltz Motors, que fabrica motos elétricas, está com milhares de pedidos atrasados há mais de um ano. Somando os relatos das redes sociais e no site "Reclame Aqui", são quase mil reclamações de consumidores sobre atraso na entrega das motos quitadas meses atrás.
Um desses clientes é Felipe Chaves. O empresário conta que começou a acompanhar a marca ainda em 2019, pois gostou do conceito de mobilidade elétrica. Em outubro de 2021, deu uma entrada de R$ 1 mil para a compra de uma EVS - uma moto capaz de alcançar 120 km/h, com autonomia de até 180 km com uma recarga.
"O prazo que me deram foi de 20 semanas, ou seja, março de 2022. Na data, me chamaram para quitar a moto, que, na época, custava R$ 20.490 (atualmente, a versão custa R$ 26.9990) e me disseram que a entrega seria em mais 10 semanas, no mês de junho. Paguei e fiquei aguardando", lembra.
Quando a segunda data marcada chegou, mais um adiamento, a entrega foi remarcada para julho de 2022. "O mês passou e nada? Marcaram novamente para agosto, depois setembro e, agora, novembro - treze meses após a compra. A situação começa a se complicar, porque vendi o meu carro para comprar a moto. Na época da compra, estavam com uma promoção que dava vouchers mensais de Uber até a entrega, mas já faz mais de um mês que não recebo mais. Estou pagando o transporte para o trabalho do meu bolso", informa o empresário.
Rodrigo Moreira também passa por uma situação semelhante. "Fiz meu pedido em julho de 2021, com uma previsão de entrega de onze semanas, que daria em uma data no meio de setembro. Ainda assim, quitei a moto no dia 08/09/2021. Foi quando veio a primeira surpresa: a previsão de entrega havia mudado para 29/11/2021."
Até hoje, Rodrigo ainda não recebeu a moto, com sucessivas mudanças na data de entrega, e explica que o que incomoda é a falta de comunicação com a marca. "A empresa não tem transparência nenhuma com o cliente, que sabe das coisas por outros meios e não diretamente por ela, o que causaria menos danos à sua imagem", reclama.
Em um grupo no aplicativo Telegram, com mais de 1,5 mil participantes, relatos praticamente idênticos se multiplicam. Há pessoas que fizeram seus pedidos em abril de 2021 e até hoje não receberam a moto.
"Culpa" da pandemia
Entramos em contato com a Voltz para entender a razão do atraso nas entregas. A marca afirmou que há 10 mil motos na fila de espera, e que o gargalo foi criado por conta das paralisações impostas pela pandemia, mas deve ser resolvido até junho de 2023.
"Com o atraso do início de operação da nossa fábrica em Manaus, atrasamos as entregas e revisamos os planos de 2021 para 2022 e para 2023. A Voltz, assim como qualquer outra empresa, foi afetada na cadeia de suprimento - perante problemas de lockdown na China e pela greve da Receita Federal no porto", disse por meio de nota.
A Voltz afirmou ainda que mudou seu modelo de venda. Agora, o cliente faz uma reserva para entrar na fila, e não o pagamento total. "A capacidade de produção da nossa fábrica, localizada na Zona Franca [de Manaus], é de 200 mil motos por ano. Podemos afirmar que conseguimos cumprir mais do que a demanda mensal para encerrar a fila de espera (10 mil motos) ainda no primeiro semestre de 2023", garantiram.
Como é a moto?
A EVS é a opção da Voltz com porte de moto, no estilo street, como Honda CG 160 e a Yamaha Fazer 150. Com estilo mais futurista, tem um motor elétrico de 3.000 Watts, alimentado por baterias de íons de lítio, instalado na roda traseira.
No lugar que ficaria o tanque e o motor de uma moto tradicional, há uma tampa que dá acesso ao compartimento que transporta até duas baterias e também abriga o carregador duplo da moto. A EVS pode acelerar até 120 km/h e tem duas versões: com uma bateria e autonomia de 120 km (R$ 21.490) ou com duas baterias e autonomia de 180 km, por R$ 26.990.
Com porte de moto, a Voltz EVS segue o estilo street (urbano), o mesmo da maioria dos modelos vendidos no Brasil, como a Honda CG 160 e a Yamaha Fazer 150. A EVS, entretanto, tem linhas futuristas que evidenciam se tratar de uma moto "diferente". O farol, lanterna e piscas são de LED, conferindo mais modernidade ao design. Outra diferença, óbvia, é que ao invés de um monocilíndrico de combustão interna, há um motor elétrico de 3.000 Watts, alimentado por baterias de íons de lítio, instalado na roda traseira.
Scooters estão sendo entregues
Além da EVS, a Voltz produz a EV1, uma scooter elétrica com velocidade máxima de 75 km/h e autonomia de até 180 km. Segundo a marca, das 3.333 unidades comercializadas, 3.021 foram entregues ou estão a caminho dos seus donos.
A marca afirma, ainda, que já entregou 4.397 motos em 2022 e que, desde a inauguração da fábrica em Manaus, já foram produzidas mais de 1.600 unidades.
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