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Frenagem automática de emergência pode aumentar risco de acidentes?

Sistema de frenagem automática de emergência e detecção de pedestres é capaz de frear o carro automaticamente para evitar acidentes  - Divulgação
Sistema de frenagem automática de emergência e detecção de pedestres é capaz de frear o carro automaticamente para evitar acidentes Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

16/10/2022 04h00

O assistente de frenagem de emergência é um dos itens de condução semiautônoma com maior potencial de reduzir acidentes. Por meio de uma câmera ou radar, o equipamento monitora a presença de obstáculo à frente e pode até mesmo parar o veículo completamente na iminência de uma colisão frontal. No entanto, é comum encontrar pessoas que se sentiram assustadas quando o sistema entrou em ação sem motivo razoável, com receio até de causar um acidente.

Na última semana estava dirigindo um carro equipado com o equipamento. Na ocasião, um outro veículo entrou na minha frente em velocidade um pouco mais baixa, a alteração do cenário foi o suficiente para o sensor entrar em ação: segundos depois de um sinal sonoro, o veículo começou a frear bruscamente.

Felizmente, atenta à situação, retomei o controle do carro e voltei a acelerar. No entanto, confesso que temi que o carro de trás se sentisse prejudicado com a redução de velocidade repentina.

Conversando com colegas jornalistas e amigos cujo carro é equipado com o sistema, percebi que esse "susto" que tomei não é incomum. Alguns chegaram a desabilitar a função com medo de acidentes causados pelo susto, ou até mesmo por uma redução drástica de velocidade, que poderia causar uma colisão traseira, como Danielle Soares.

"Estava cruzando a ponte Rio-Niterói quando o sensor do meu carro entendeu que havia a possibilidade de uma colisão frontal. O carro começou a desacelerar e, por alguns segundos, fiquei com medo de não estar vendo algo à frente. Quando percebi que não havia perigo, voltei a acelerar e tudo ficou bem. A única explicação que encontrei é que cheguei muito perto do carro da frente para fazer uma ultrapassagem. Depois disso, desliguei a função, fiquei um pouco receosa", conta a dona de casa.

Michel Braghetto, da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, explica que é preciso levar em consideração um fator cultural.

"Nós, brasileiros, andamos muito mais próximos ao carro da frente do que o europeu ou o americano. Isso faz com que, em uma frenagem de emergência, o carro de trás se aproxime ainda mais. Gerando essa sensação de insegurança", observa.

Para o assistente funcionar, é preciso de situações ocorrendo juntas: primeiro, uma câmera, radar ou união dos dois equipamentos deve monitorar o cenário, depois, é preciso que o sistema entenda se é preciso de uma frenagem de emergência ou não.

Quando o obstáculo é detectado, o software faz um cálculo da distância até o veículo, da velocidade e dos movimentos do motorista para evitar o acidente, se necessário, o controle de estabilidade entra em ação para parar o carro.

"Antes que haja uma frenagem, o veículo emite uma vibração no volante ou sinal sonoro para chamar atenção do condutor. Se ele continuar no trajeto, o carro freia. No entanto, em uma iminência muito próxima de um acidente, o sinal e a redução de velocidade podem acontecer praticamente juntos", explica o engenheiro da SAE.

De acordo com o engenheiro, fica a critério da montadora o quão chamativo o alerta será. Algumas optam por um bipe mais baixo, outras, por algo mais forte.

Ajustes disponíveis

Leimar Mafort, gerente de engenharia Bosch, explica que o sistema é desenvolvido com base em um tempo médio de reação dos condutores. Isso significa que ele é ajustado para atender desde um motorista recém habilitado a um condutor com anos de experiência, ou até mesmo uma senhora que mal sai com o carro da garagem.

"Às vezes o motorista se assusta porque acredita que daria conta de desviar do obstáculo à frente, pois o carro está considerando um tempo de reação maior do que é necessário para aquele condutor especificamente. Para resolver essa situação, a maior parte dos equipamentos tem um ajuste que permite adiar ou antecipar o alerta de frenagem de emergência, é uma tentativa de sair dessa média de tempo de resposta do motorista", informa.

Outro detalhe importante, segundo Mafort, é que o sistema é projetado para que em qualquer momento o condutor possa abortar a frenagem, voltando a acelerar e retomando o controle do carro. "São feitos milhares de testes para garantir que o carro freie quando precisa, e não freie quando não precisa. Para garantir que não aconteça um falso positivo", afirma.

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