C3 x Onix: qual é a melhor opção entre renovado francês e campeão em vendas
Resumo da notícia
- Versões intermediárias dos hatches estão próximas até na tabela de preços
- Citroën C3 traz design de SUV, espaço generoso e motor 1.0 de Fiat
- Chevrolet Onix se destaca por consumo de combustível e segurança
Até pouco tempo atrás era um pouco estranho pensar nesse duelo. Afinal de contas, a antiga geração do Citroën C3 era posicionada acima do primeiro Chevrolet Onix, que foi o carro mais vendido do país de 2015 a 2020.
Só que os tempos mudaram: o Onix perdeu a liderança para o Hyundai HB20 e ainda luta para voltar ao topo. E mais do que isso: o C3 mudou radicalmente para marcar a nova fase da Citroën no país. Desenvolvido para os mercados da América Latina, o modelo ficou maior e mais popular para buscar as primeiras posições do ranking de vendas. A própria Citroën, inclusive, aponta o hatch da Chevrolet como um dos principais rivais.
É por isso que UOL Carros alinhou as versões intermediárias com motores 1.0 de Onix e C3 para descobrir qual deles entrega mais por menos.
DESIGN
Aqui os dois carros estão um pouco distantes. Enquanto o Chevrolet Onix não tem mais o ar de novidade (já que foi lançado em 2019), o Citroën C3 acaba de chegar ao mercado.
O frescor do projeto faz com que o hatch adote algumas tendências de estilo presentes na indústria, como o conjunto óptico dividido em duas seções e principalmente a cara de SUV, a qual a Citroën chama de "atitude SUV".
Entenda por isso um visual mais parrudo, realçado pelas linhas do capô, molduras nos para-lamas e a suspensão mais alta. Segundo a fabricante, o C3 tem 18 centímetros de altura livre em relação ao solo - mais do que um Chevrolet Tracker, por exemplo.
Na versão Feel, o carro traz grade cromada, barras longitudinais no teto e ainda oferece a opção de pintura em dois tons, sendo que o teto pode ser pintado de preto ou branco. Talvez você nem goste do resultado final, mas vai admitir que o carro destoa (positivamente) da mesmice da categoria.
O novo C3 tem 3,98 metros de comprimento, 2,54 metros de distância entre eixos, 1,60 metro de altura e 1,73 metro de largura. Olhando o carro pessoalmente, seu porte impressiona até perto de veículos maiores, como um Hyundai Creta que alinhou ao lado do C3. Pelo menos na altura, a diferença é muito pequena.
Já o Onix não tem o mesmo poder de atração de antes, mas isso não significa que ele esteja defasado. Seu design ainda é bastante agradável e atual, embora uma atualização de estilo não cairia mal neste momento. A dianteira traz a identidade visual da Chevrolet marcada pela grade dividida por uma barra horizontal, que na versão LT possui detalhes cromados. Atrás, as lanternas têm um estilo mais conservador, mas são bonitas.
Nas dimensões, o representante da GM perde feio na altura em relação ao seu concorrente, uma vez que o Onix tem 1,47 metro. Apesar de ser bem mais comprido (4,16 metros) do que o C3, o modelo tem praticamente a mesma distância entre eixos (2,55 metros) e o mesmo 1,73 metro de largura.
Embora gosto não se discuta, por trazer soluções mais atuais e um estilo mais diferente do comum, o C3 leva a melhor nesse quesito.
EQUIPAMENTOS
Mesmo sendo versões intermediárias, Onix e C3 oferecem uma boa lista de equipamentos - apesar de alguns deslizes.
O novato C3 agrada ao vir com central multimídia com tela de 10 polegadas (uma das maiores entre todos os carros vendidos no Brasil) e suporte a Android Auto e Apple CarPlay sem uso de fios, banco do motorista com regulagem de altura, rodas de liga leve de 15 polegadas, luzes de condução diurna, indicador de trocas de marcha, vidros elétricos nas quatro portas, três entradas USB, coluna de direção com regulagem de altura e sensor de pressão dos pneus.
Opcionalmente, o carro pode ganhar pintura metálica (R$ 1.300), teto bitom (R$ 1.300) e os pacotes Comfort Pack (sensores de estacionamento traseiros e câmera de ré por R$ 1.400) e Protection Pack (frisos laterais e protetor de cárter por R$ 900).
Entretanto, o C3 deixa a desejar em alguns pontos. Um deles é na quantidade de airbags, já que só vem com os dois frontais obrigatórios por lei. Se serve de consolo, o hatch traz outros equipamentos importantes, como falaremos mais adiante.
A economia fez com que a marca adotasse um painel de instrumentos digital, porém bastante simples e de visual pobre. E falando em poupar dinheiro, a abertura do tanque de combustível precisa ser realizada com a chave.
O Onix, por sua vez, sai de fábrica com seis airbags e os mesmos itens de segurança do rival. Ainda traz central multimídia MyLink (com uma tela menor, de oito polegadas) com suporte a Android Auto e Apple CarPlay e espelhos retrovisores com regulagens elétricas. Em contrapartida, o compacto vem com calotas ao invés de rodas de liga leve e não oferece regulagem de altura nem profundidade na coluna de direção.
Como opcionais, o hatch da Chevrolet pode ganhar acendimento automático dos faróis, câmera de ré, chave presencial, partida do motor por botão e rodas de liga leve de 15 polegadas.
Colocando os prós e contras na balança, quem se sai melhor aqui é o Chevrolet Onix.
DESEMPENHO E CONSUMO
O novo C3 traz um "coração" já conhecido. É o 1.0 Firefly de três cilindros em linha originalmente fabricado pela Fiat, e que hoje também equipa o Peugeot 208. São 75 cv / 71 cv e 10,7 kgfm / 10 kgfm de torque máximo, associado ao câmbio manual de cinco marchas também compartilhado com a marca italiana.
Segundo dados fornecidos pela Citroën, o C3 precisa de 14,1 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e não passa dos 160 km/h. Mesmo assim, o compacto demonstrou mais agilidade do que Fiat Argo e Peugeot 208 equipados com o mesmo motor. Em determinadas situações, o carro nem parecia ser um 1.0, especialmente nas arrancadas.
A dirigibilidade é bastante suave e silenciosa, uma vez que a Citroën executou um trabalho muito competente no refinamento da condução e no isolamento acústico na cabine.
Quem dirige o Onix também não passa aperto. O motor 1.0 aspirado de três cilindros em linha rende 82 cv / 78 cv e torque máximo de 10,6 kgfm / 9,6 kgfm. Importante lembrar que o hatch vem com uma transmissão manual de seis velocidades, sendo um dos poucos modelos nacionais equipados com uma caixa assim.
Mesmo com números nitidamente superiores aos do C3, o Onix não traduz toda essa diferença na prática. Apesar de não fazer ninguém passar aperto, algumas reduções de marcha são necessárias para que o carro vença ladeiras mais íngremes ou realize ultrapassagens com mais segurança, situações estas mais raras no C3.
A diferença surge, sim, no consumo de combustível. Mesmo com três pessoas mais porta-malas cheio e ar-condicionado ligado, o Onix LT fez uma média de ótimos 18 km/l na estrada com gasolina durante a noite e quase 17 km/l debaixo de sol a pino. Com apenas o motorista e ar-condicionado desligado, o resultado foi ainda melhor: nada menos do que 23 km/l. Na cidade, em uma condição com motorista a bordo e ar-condicionado desligado, consegui pouco mais de 13 km/l.
Embora não seja tão econômico, o C3 também não fez feio. Viajando com duas pessoas a bordo e ar-condicionado ligado em um dia igualmente quente, o hatch passou de 17,5 km/l na estrada, também abastecido com gasolina. Na cidade, a média com uma pessoa e ar-condicionado desligado chegou perto de 13 km/l.
Neste critério, considerando que o desempenho dos dois carros é parelho e o consumo como fator de desempate, o vencedor é o Chevrolet Onix.
VIDA A BORDO
Não espere acabamento de qualidade primorosa em nenhum deles. Mesmo assim, o C3 salta mais aos olhos. Além de uma cabine mais moderna, nota-se uma preocupação com detalhes que nem sempre são lembrados. Do desenho bem incomum das saídas de ar-condicionado laterais aos apliques em duas cores com texturas que disfarçam a qualidade do plástico, fica claro que a equipe de designers da Citroën executou um bom trabalho. A qualidade de montagem também é boa, sem peças mal encaixadas ou vãos.
O motorista viaja em posição bastante elevada: a Citroën diz que a diferença pode chegar a 10 centímetros em relação aos seus rivais. Se isso causa estranhamento à primeira vista, depois a sensação muda. Além de contar com melhor visão, a posição favorece a ergonomia, sobretudo em viagens mais longas. Depois de dirigir por 3h cheguei ao destino sem nenhuma dor no corpo. Os bancos apoiam bem o corpo na maioria das situações e a espuma tem densidade adequada.
No banco de trás parece que os passageiros estão sentados em posição ainda mais alta. Mesmo assim, sobra bastante espaço para a cabeça dos ocupantes mais altos, e os joelhos não vão apertados desde que o motorista não tenha mais de 1,80 metro. O porta-malas é bastante generoso e acomoda 315 litros, sendo o maior de sua categoria.
A cabine do Onix ainda é bonita, mas já merecia atualizações como no lado de fora. Embora tenha plásticos de melhor qualidade, o painel apela para um estilo mais sóbrio, já que não aproveita os recursos estéticos do rival, como variedade de cores e texturas.
A ergonomia é um ponto positivo ao trazer todos os comandos ao alcance do motorista, que se senta em uma posição muito mais baixa do que no C3. Os bancos dianteiros são inteiriços e há quem goste e aqueles que não curtem essa solução, mas eu achei bastante confortável, inclusive em deslocamentos maiores.
Já o espaço interno é mais acanhado no banco de trás, apesar de os dois carros praticamente empatarem na distância entre eixos. Se você tiver mais de 1,75 metro provavelmente se sentirá mais apertado do que no C3. O porta-malas também perde para o concorrente: são 275 litros.
Aqui, portanto, a vitória ficou com o Citroën C3.
SEGURANÇA
Os projetos de Onix e C3 foram concebidos com foco no baixo custo: enquanto o modelo da GM foi desenvolvido na China com ajuda de engenheiros brasileiros, o C3 nasceu na Índia e recebeu algumas modificações de olho no consumidor da América do Sul.
Só que a lista de itens de segurança faz com que eles se distanciem. O C3 vem com os importantes controles de estabilidade e de tração e assistente de partida em rampas, mas vacila ao trazer apenas o airbag duplo frontal e os freios ABS obrigatórios por lei desde 2014.
O Onix, por sua vez, oferece os mesmos equipamentos citados acima, mas se destaca por vir com seis airbags. São quatro bolsas infláveis a mais do que no rival, sendo duas laterais e as outras duas do tipo cortina.
Por conta disso é que a vitória nessa categoria é do Chevrolet Onix.
VENCEDOR
Poucos duelos realizados por UOL Carros tiveram um resultado tão apertado como esse. Apesar de ter sido difícil apontar o vencedor, o Chevrolet Onix levou a melhor.
Isso aconteceu pela maior oferta de equipamentos de segurança, sobretudo na quantidade de airbags (seis) desde a versão de entrada. O hatch da Chevrolet também marcou pontos importantes por causa das ótimas médias de consumo de combustível e pelo bom desempenho, embora ande bem próximo ao C3.
Ao oferecer mais segurança e exigir menos abastecimentos, o Onix também cobra pouco a mais por isso. Na data da publicação desta matéria, o Onix LT 1.0 custa R$ 80.090, uma diferença de apenas R$ 1.100 comparando com o C3.
E falando nele, o hatch da Citroën demonstrou muitas virtudes ao encarar o ex-líder de mercado e um dos modelos mais consagrados da categoria. Apostando em design descolado, bom espaço interno e uma motorização competente, o C3 pode atrair muita gente e não deve ter dificuldades para atingir seu objetivo de conquistar um lugar entre os carros mais vendidos do mercado brasileiro.
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