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ANÁLISE

Ferrari Roma: como é guiar o carrão 'barato' feito para usar no dia a dia

Bernard Chinetti

Colaboração para o UOL, em Bologna (Itália)

18/10/2022 04h00

Sentado ao volante da Ferrari Roma, é inevitável pensar que aquele test-drive deveria estar sendo realizado em alguma autobahn alemã, pois aquele modelo não foi feito para pistas ou estrada sinuosas, e sim para percorrer longas distâncias acima dos 200 km/h. Trata-se de um GT, afinal. Um Grand Tourer muito luxuoso, veloz e confortável, não um carro para baixar tempo em algum circuito. No mais, é preciso manter a magia da marca em exibir seus carros em casa - e por isso fomos à Itália experimentar o modelo.

Revelada na capital italiana no final de 2019, a Ferrari Roma é o carro de entrada da marca e empresta o chassi em alumínio da Portofino. Isso significa que sob o capô há o mesmo V8 biturbo de 3,9 litros que alimenta a Portofino (e que equipa também a GTC4 Lusso T), mas com um controle do turbo mais inteligente, que eleva a potência em 20 cv em relação ao conversível. Uma distribuição ligeiramente mais ampla do pico de torque também foi adotada. No fim das contas, a Roma chega a 620 cv e 77,5 kgfm de torque.

A caixa de câmbio de dupla embreagem e oito marchas é derivada do supercarro híbrido plug-in SF90, com uma distribuição mais ampla de relações do que o câmbio de sete marchas da Portofino e instalada em posição mais baixa, na parte traseira do carro. É mais compacta e mais leve do que a unidade de sete marchas da Portofino; o módulo de embreagem é 20% menor, mas pode suportar 35% mais torque.

Segundo a Ferrari, a Roma é 70% nova em relação à Portofino - ambas inclusive têm o mesmo entre-eixos. Contudo, a algumas das mecânicas novas e reposicionadas da linha de transmissão da Roma ajudaram a lhe garantir um centro de gravidade cerca de 20 mm mais baixo que o do conversível com capota rígida. Também é quase 100 kg mais leve. Quanto às demais dimensões, a Roma mede 4,65 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,30 m de altura.

Vale lembrar que a Roma recebe o diferencial eletrônico de vetor de torque como padrão, bem como seus mais recentes sistemas de vetorização de torque eletrônico Side Slip Control 6.0 e Ferrari Dynamic Enhancer. Amortecedores adaptativos são opcionais.

Interior

Ferrari Roma - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Na cabine, a Roma traz painel de instrumentos digital de 16 polegadas - mantendo o conta-giros com fundo amarelo destacado ao centro - e uma tela central de 8,4 polegadas posicionada na vertical, que concentra todos os comandos do carro, como central multimídia e ar-condicionado. E, como em carros como o GTC4Lusso, uma tela de 8,8 polegadas localizada no lado do passageiro do painel está disponível como opcional.

O acabamento é impecável. Por mais que procurem, os ocupantes não encontram um defeito na estrutura ou na distribuição dos materiais.

Os bancos traseiros são apropriados para crianças, apenas. Por outro lado, o porta-malas permite a acomodação da bagagem de um casal que passará o fim de semana na casa de campo.

Tudo empacotado em uma carroceria elegante, com capô longo e traseira curta. Na parte frontal, talvez o mais polêmico seja a grade na cor da carroceria. Mas logo os faróis em LED roubam os olhares. Na traseira, quatro lanternas estreitas de LED entregam certo ineditismo ao típico design mais extravagante da Ferrari. É a primeira Ferrari desde a 348 (1989 a 1995) a não ter lanternas traseiras redondas.

Como anda

Ferrari Roma - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Não há botão de partida na Ferrari Roma - você simplesmente toca no logotipo na saliência do volante como se estivesse abrindo um aplicativo em seu smartphone.

O passeio começa pelas tranquilas ruas de Bologna, e a Roma não reclama de andar devagar. Pelo contrário: troca as marchas suavemente (a 70 km/h você está em oitava), não faz nenhum escândalo sonora e não castiga os ocupantes com uma suspensão dura demais - ela é até bem macia no uso urbano.

Na hora de encarar uma reta, aí a Roma dispara violentamente. As trocas de marchas são de tirar o fôlego e o ronco que sai das ponteiras duplas de escapamento não deixa dúvidas de que aquele V8 quer partir para a selvageria.

Andando rápido nas quase vazias e sinuosas estradas do interior da Itália, sente-se um carro muito estável, naturalmente ágil, com uma direção afiada na medida e que transmite muita confiança numa tocada mais agressiva. E nem por isso é menos divertido: mesmo com todos os controles ligados, as rodas traseiras chegam a patinar nas saídas de curva em que o motorista afunda o pé no acelerador, demandando um contragolpe no volante.

O famoso Manettino, um interruptor instalado no volante, permite cinco modos de condução. No Track, o controle do esportivo é totalmente por sua conta - e indicado apenas para uso em pista.

A Roma talvez não seja o atual carro dos sonhos da Ferrari, mas é muito mais do que uma versão fechada da Portofino. É uma grata combinação de elegância, desempenho, conforto e praticidade pouco habitual no portfólio da marca.

Talvez o mais importante a se dizer é que a Roma pode invadir o território das versões mais caras de Porsche, Aston Martin, Mercedes AMG, Audi RS e BMW M e roubar desses modelos clientes para a Ferrari.

No Brasil, a Roma chegou há cerca de um ano, partindo de R$ 3,3 milhões.

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