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Como VW Kombi virou produto de exportação e já vale uma fortuna

Guilherme Menezes e e Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo

20/10/2022 04h00

Faltam meses para a Volkswagen Kombi completar 10 anos fora das linhas de produção no Brasil. Ainda que, de uns 20 anos para cá, tenha passado a ser considerada cara pelo que o antiquado projeto oferecia, sempre foi tão querida que nunca deixou de ser amplamente procurada.

Por esses e outros motivos, não é de hoje que toda Kombi em bom estado só valoriza. Como muitas foram usadas para o trabalho, as mais conservadas passaram a despertar o interesse dos apaixonados por raridades.

Só que a Kombi conquistou um posto tão prestigiado entre os colecionadores que, hoje em dia, pode valer mais do que carros de luxo, tanto no Brasil, quanto no exterior. Com isso em mente, brasileiros chegam até a exportá-la para outros países.

Especializado em encontrar carros nacionais antigos originais e pouco rodados, o negociante Reginaldo Ricardo Gonçalves - o Reginaldo de Campinas - ajuda a explicar a raridade da Kombi no exterior.

Como a oferta do modelo no Brasil é menos escassa, e a moeda europeia mais valorizada, os estrangeiros recorrem ao mercado brasileiro para garimpar.

"A maior procura é mesmo pela Corujinha. Na Europa, restam poucas unidades em bom estado. Lá neva e eles usam sal para derreter o gelo na estrada. Daí, apodrece tudo. Além disso, importar do Brasil é barato para quem tem moeda forte, mesmo com todas as taxas e impostos", esclarece Reginaldo.

Ainda que o projeto não tenha se modificado tanto ao longo de todos os 56 anos em que foi produzida e vendida no Brasil (entre 1957 e 2013), a van viveu várias eras. Até 1975, era a famosa 'corujinha' que desfilava pelas vias.

Na sequência, recebeu as alterações visuais que, junto de componentes do Gol no interior, a acompanharam até o fim de sua trajetória. A despedida da Kombi foi a Last Edition, equipada com o motor 1.4 flex que era oferecido desde 2006, e com produção de 1.200 unidades.

VW Kombi - Divulgação - Divulgação
VW Kombi
Imagem: Divulgação

Conversamos com Joel Picelli, oficial da Picelli Leilões, que conta ao UOL Carros mais detalhes sobre o mercado das Kombis brasileiras que vão para o exterior. Joel ressalta que é imprescindível que a Kombi esteja em ótimo estado de conservação. Além disso, diferencia o mercado europeu do americano.

"O que é observado é o perfil de mercado na Europa e nos EUA. Enquanto as Kombis que vão para os norte-americanos costumam ser anunciadas, os europeus que as importam já são os clientes finais", afirma o especialista.

"Ultimamente tem ido muitas Last Edition sem uso para Europa, por serem as últimas unidades fabricadas no mundo. Outras muito procuradas são as "clipper", que são os modelos a ar e com teto baixo. O Brasil se destaca pela maior oferta de Kombis e de seus componentes", afirma o especialista.

Além disso, tal como Reginaldo de Campinas, Joel destaca que o dólar - ainda acima dos R$ 5 - é um grande estímulo para os exportadores. De todo o modo, lembra que esse trabalho não é tão simples e costuma ser vantajoso para quem tem um modelo de negócio voltado a esse tipo de comércio.

"Uma Kombi 'Corujinha' pode valer até US$ 60 mil (perto de R$ 320 mil, em conversão direta) nos EUA, quando são as versões seis portas e a Luxo. Mas um fator extremamente importante é o reconhecimento que os estrangeiros dão para quem está levando os carros para os outros países".

"Se algum brasileiro desconhecido chega nos EUA ou na Europa com sua Kombi, terá muito mais trabalho para encontrar e convencer o mercado de que seu veículo é bom. Além disso, essas pessoas têm mais dificuldade de conseguir um valor mais elevado também", conclui.

Com o aumento da exigência do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) desde 1º de janeiro de 2014, não teve como a produção da Kombi continuar. Com a obrigatoriedade dos freios ABS e airbags de série, o tão longevo projeto da van não admitiu os itens de segurança. De todo o modo, é um carro eternizado pelos brasileiros e por vários no mundo.

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